A pessoa com
câncer avançado pode necessitar de
hospitalização e em muitas situações, influenciadas pelas incertezas no momento de sua entrada nos serviços é indicada à
terapia intensiva . Nestes
casos , o
planejamento da assistência pode ser conflitante e desafiador e resultar em
investimentos obstinados terapeuticamente para oferecer ao
paciente uma condição de
sobrevivência não mais que vegetativa. Assim, objetivou-se analisar o
entendimento dos
profissionais da
equipe de saúde multidisciplinar acerca da
assistência ao paciente sem possibilidades terapêuticas para a
cura no contexto da
unidade de terapia intensiva (
UTI ) oncológica e discutir os
objetivos que os
profissionais da
equipe de saúde buscam alcançar ao planejar esta assistência, na perspectiva dos
cuidados paliativos . Estudo descritivo, qualitativo, realizado com
profissionais da
equipe de saúde multidisciplinar, a saber
enfermeiros ,
médicos ,
fisioterapeutas e
nutricionistas , que atuam na
UTI adulto do
Hospital do Câncer I, Instituto Nacional de
Câncer , localizado no município do Rio de Janeiro,
Brasil . Os dados foram coletados no período entre dezembro de 2015 e maio de 2016. A
técnica de
coleta de dados utilizada foi a
entrevista semiestruturada e os dados foram analisados seguindo referencial metodológico da
análise temática, resultando em seis principais núcleos temáticos. Os
profissionais descreveram o perfil da clientela adulta em
cuidados intensivos na
oncologia como peculiar, com predomínio de
pacientes para
cuidados de fim de vida . Apesar disso, evidenciou-se
ausência de um
planejamento assistencial estratégico para os
pacientes em situação de terminalidade da
vida na
UTI oncológica, bem como o reconhecimento dos desafios, principalmente éticos, dos processos relacionados com a sua complexidade. No entanto, sinaliza-se uma
consciência por parte desses
profissionais da importância de se garantir aos
pacientes em
cuidados intensivos condições terapêuticas menos danosas e sofridas, com vistas a respeitar a
dignidade humana no processo de morrer. Contudo, dificuldades foram apontadas na
adoção de
melhores práticas assistenciais, dentre elas a falta de
conhecimento específico,
comunicação ineficaz, deficiências relacionadas ao processo de
formação profissional sobre
cuidados paliativos , necessidade de
conscientização de todas as
pessoas envolvidas no processo, déficit de
recursos humanos , acúmulo de funções, falta de
protocolos que norteiem tal assistência e a complexidade no processo de
gestão (
triagem e alocação) da clientela diante da atual estrutura hospitalar. Desponta como principal
estratégia para viabilizar uma prática assistencial humanizada na perspectiva dos
cuidados paliativos a necessidade de
capacitação da equipe com
investimento maciço na
educação dos
profissionais acerca dos preceitos paliativos, assim como a implementação de
estratégias que minimizem o déficit de
comunicação entre as equipes, visando favorecer a qualidade da assistência prestada na
UTI oncológica. Para integração entre os
cuidados curativos e paliativos na
UTI oncológica sugere-se o modelo interconsultivo, uma vez que a
instituição possui capital
humano detentor deste
conhecimento específico.(AU)