Destaca-se no artigo como Oliveira Vianna apresenta como tema central de sua obra a inadequação de ideias e instituições estrangeiras ao Brasil. Procura-se, a partir daí, seguir o argumento do autor, indicando especialmente como a preocupação com o desencontro entre ideias, especialmente liberais, e a sociedade torna possível aproximar suas observações de diversas formulações aparecidas no pensamentopolítico-social brasileiro. No entanto, chama-se a atenção como, em sentido contrário a uma perspectiva de interpretação, presente em autores tão diferentes como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Roberto Schwarz, que vê as ideias como refletindo o quadro social mais amplo, o jurista fluminense interessa-se sobretudo pelos efeitos que elas têm sobre a sociedade. Nessa referência, a análise de Oliveira Vianna se aproxima especialmente de uma certa maneira de interpretar o pensamentopolítico-social brasileiro, que vai do visconde do Uruguai até pelo menos Wanderley Guilherme dos Santos. Na verdade, o autor tem papel decisivo em estabelecer a consciência da existência dessa tradição no pensamentopolítico-social brasileiro, especialmente por meio da oposição que afirma existir entre o que chama de idealismo orgânico e idealismo utópico ou constitucional.Na crítica a seus adversários, a maior parte deles liberais, essa tradição se aproxima do conservadorismo volta-se contra posturas abstratas, defende a precedência do costume diante da lei, além de estar atenta ao lugar ocupado pelos intelectuais na sociedade. Mesmo assim, a relação desses escritores brasileiros com ideias estrangeiras (conservadoras) revela-se, mais uma vez, problemática. Até porque é difícil recorrer a um passado (colonial) que a nação em vias de se constituir tem necessidade de negar, conforme percebe Oliveira Vianna. Nesse sentido, a crítica da cópia vai além do autor e chega até a ele.(AU)