Esta dissertação interpreta o clássico do pensamento social brasileiro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, publicado em 1936. Para isso, analisa-se o ensaio a partir de seu contexto de origem, onde apresentamos o ambiente em que o livro veio à tona. Prosseguindo, seguimos as principais linhas temáticas que servem de base para nosso autor. São elas, o personalismo, a falta de organização social horizontal e de ética do trabalho, a formação sob os domínios rurais de ambiente patriarcal, as quais respondem por uma confusão entre público e privado, e certo patrimonialismo, até chegar ao conceito-síntese do homem cordial como entrave para a modernização brasileira. Ainda, procura-se identificar nos argumentos principais desenvolvidos uma leitura específica da éticaprotestante, a qual serve para afirmar certa distinção entre o nosso processo de formação sócio-político, cultural e religioso comparado ao do contexto protestante nórdico. Argumentamos pelo olhar da ambigüidade das escolhas culturais que o homem cordial, ao apresentar uma ética emocional em confronto a uma ética racionalizante protestante, é o contraponto implícito ao protestante ascético de matriz weberiana. Do mesmo modo, defendemos a existência de uma tensão em Raízes do Brasil que afirma a ética cordial como tradicional e entrave para a modernização, mas igualmente como contribuição brasileira para a civilização.(AU)