RESUMO
A espasticidade é um distúrbio freqüente nas lesões congênitas ou adquiridas do sitema nervoso central e afeta milhões de pessoas. O objetivo deste estudo foi demonstrar a importância da atuação do Cirurgião-dentista na promoção de tratamento adequado a um paciente com seqüela de lesão encefálica adquirida, com a confecção de um impedidor labial. Relatamos um caso de paciente em coma profundo há 130 dias, pós-parada cardiorrespiratória. Apresentava traumatismo recorrente em mucosa interna de lábio inferior, resultado do automatismo oral de natureza reflexa com mordida tônica e interposição do lábio inferior entre as superfícies incisais. Foi indicado um impedidor labial para atuar de forma a distanciar e proteger o lábio inferior dos arcos dentais, evitando a sua interposição entre as superfícies incisais. Foi realizada moldagem com silicona pesada, de condensação, em paciente semi-sentada, apresentando abertura bucal de 5 mm, e mantida com auxílio de garrote de borracha entre molares superiores e inferiores esquerdos. Foi feita a confecção de uma placa de acrílico interoclusal para estabilização da face vestibular do impedidor labial, em acetato. Instalado, respeitaram-se as inserções dos freios e bridas, com indicação de uso contínuo. Sete dias após a instalação do mesmo, notou-se evolução favorável no tocante à cicatrização do local anteriormente traumatizado. É de fundamental impotância a participação do Cirurgião-dentista na equipe transdiciplinar que atua em pacientes sequelados neurológicos, pois apenas este profissional pode entender e modificar a ação deletéria do dano neurológico em cavidade bucal.