Doenças, dolências e perfis da população infanto-juvenil da Casa de Correção de Porto Alegre / Diseases, mourning and profiles of the child and adolescent population of the Porto Alegre Correctional House

RESUMO

No século XIX, as trajetórias e experiências de vida de crianças e jovens traçavam-se em boa medida condicionadas ao seio socioeconômico em que nasciam e viviam seus primeiros anos. Para meninos e meninas das classes empobrecidas, a infância não se vivia desintegrada do mundo do trabalho, do rural ao urbano, e vice-versa, mas sim participando de jornadas extenuantes e compartilhadas com outros indivíduos adultos. Esses meninos e meninas, embora os primeiros apareçam sempre em maioria nos registros documentais - em boa medida por conta de um maior controle sobre o corpo e o deslocamento feminino -, uma vez enquadrados como desviantes das normas e costumes, não tardavam em ser encaminhados a instituições que tinham como parte de sua missão emendá-los moral-condutualmente, ainda que para isso se tivesse que lançar mão de castigos físicos. Cárceres, escolas, asilos de mendicidade, aprendizes marinheiros, arsenais, manicômios, etc. constituem no século XIX, juntamente com outras instituições de caráter privado e estatal diversos, uma autêntica rede de estabelecimentos de cunho correcional, que servia aos interesses e valores da sociedade burguesa oitocentista. (AU)