Apego e adolescência institucionalizada: estudo de caso / Attachment and institutionalized adolescence: a case study

RESUMO

O desenvolvimento do apego em adolescentes em acolhimento institucional pode ser influenciado pelas rupturas de vínculo e vivência de diversos tipos de violência na infância. Apesar do reconhecido impacto que tais experiências trazem para as relações interpessoais, poucos estudos sobre apego na adolescência têm sido conduzidos. A maior parte das pesquisas possui o enfoque na infância, mesmo havendo muitos adolescentes em situação de acolhimento. Tendo como base a Teoria do Apego e a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, o objetivo desse estudo foi compreender o processo de desenvolvimento do apego de uma adolescente em acolhimento institucional. A pesquisa possui caráter qualitativo, cujo delineamento foi o estudo de caso único, tendo como participante uma adolescente de 14 anos que viveu numerosas rupturas de vínculo na infância. Os dados foram obtidos através da triangulação das informações coletadas em entrevistas semiestruturadas realizadas com a adolescente, com uma familiar desta adolescente e com a psicóloga da instituição de acolhimento, como também da inserção ecológica. Evidências de que a adolescente possui o padrão de apego inseguro resistente desde a infância foram encontradas, corroborando a tendência de que há uma estabilidade no padrão de apego desenvolvido na infância. Contudo, os dados também apontaram que mudanças estão ocorrendo na adolescente a partir dos investimentos que o microssistema institucional vem operando, promovendo processos proximais e a possibilidade de alteração do padrão de apego no desenvolvimento na infância. Torna-se importante qualificar ainda mais o ambiente institucional, capacitando os educadores no que diz respeito a seu papel fundamental na relação com os adolescentes acolhidos.(AU)

ABSTRACT

The development of attachment in adolescents in institutional foster care may be influenced by the disruption of bonding and experiencing different forms of violence in childhood. Despite the recognized impact that such experiences bring to interpersonal relationships, few studies on attachment in adolescence have been conducted. Most of the researches focus on the child, even though there are many adolescents in foster care. Based on the Attachment Theory and the Bioecological Theory of Human Development, the aim of this study was to understand the development process of attachment of a teenager in institutional care. The research has a qualitative approach, whose design was a single case study, and as a participant a 14 year old girl who lived numerous disruptions of attachment in childhood. Data were obtained by triangulating the information collected in semi-structured interviews with the adolescent, with a family member of this teenager and with the psychologist of the institution, as well as ecological engagement. Evidence that the adolescent has the insecure resistant attachment standard since childhood were found, corroborating the trend that there is stability in attachment pattern developed in childhood. However, the data also indicated that changes are occurring in the adolescent from the investments that the institutional microsystem has been operating, promoting proximal processes and the possibility of change in the pattern of attachment in childhood development. It becomes important to qualify the institutional environment even further, capacitating educators regarding their crucial role in the relations with the hosted adolescents.(AU)