Dosagem de citocinas e titulação de imunoglobulina IgG anti-Trypanosoma cruzi entre extrativistas da piaçava no médio Rio NegroAmazônia

Mediadoras da resposta imune, as citocinas apresentam diferentes padrões de expressão conforme os estágios de infecção e quadros clínicos da doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi e transmitida ao humano pelo triatomíneo. Diante disso, este estudo buscou quantificar os níveis plasmáticos das citocinas IFN\F067\F02C\F020IL-10, IL-6 e TNF-\F061\F020e da quimiocina IL-8 em um grupo de extrativistas da piaçava, cuja palmeira é ecótopo de triatomíneos, visto que essa é uma das principais fontes de economia na Região do Rio Negro, Amazônia. Para isso, foi tomada uma amostragem de 513 habitantes do município de Barcelos, dos quais 448 são extrativistas e 65 não são extrativistas, para fins comparativos. A pesquisa de IgG para Trypanosoma cruzi, realizada por técnicas de Imunofluorescência Indireta e Ensaio Imunoenzimático, apresentou 8% (45) de positividade. Análises estatísticas mostraram aumento significativo (p=0,021) dos níveis de IL-10 em relação ao tempo de exposição, com média de 53,15 pg/ml entre os participantes expostos por até 10 anos. Indivíduos IgG positivos apresentaram níveis significativamente mais baixos de IFN-\F067\F020\F028p=0,021, média=27,74 pg/ml) e aumento de IL-8 (p=0,032, média=95,93 pg/ml) comparados aos negativos Por outro lado, IL-6 esteve em maiores concentrações entre os participantes com alteração eletrocardiográfica (p=0,019, média=34,48) em comparação aos não alterados. Na amostragem, 115 participantes apresentaram alterações eletrocardiográficas, envolvendo alterações do ritmo cardíaco (30%), alterações na repolarização ventricular (45%), bloqueios intraventriculares (24%) e sobrecarga das câmaras cardíacas (13%). A avaliação médica diagnosticou dois participantes soropositivos do grupo extrativista com cardiomegalia. Eles receberam cuidados médicos, mas foram a óbito posteriormente. Não há relatos de estudos de citocinas na Região do Rio Negro, e nossos resultados diferem dos estudos realizados por outros pesquisadores em outras localidades, inclusive brasileiras. Dessa forma, aponta-se a necessidade da ampliação do estudo comparativo do perfil de expressão de citocinas plasmáticas entre indivíduos expostos e não expostos à infecção, comparando os resultados sorológicos, eletrocardiográficos e manifestações clínicas no Rio Negro, Amazonas.

O conhecimento e a conduta dos Agentes de Combate às Endemias em relação a Doença de Chagas, em dois Municípios do Estado do Pará, Brasil

A Doença de Chagas Humana (DCh) é endêmica em cerca de 21 países da América Latina, sendo também relatada no Canadá e EUA, além de países fora do Continente Americano, como Espanha, Japão e Austrália. No Brasil, a Região Amazônica tem notificado, com frequência, casos agudos da doença (DChA), exigindo atenção quanto ao controle e estratégia de vigilância das formas regionais de transmissão. Diante da presença de triatomíneos vetores no Estado do Pará, onde tem sido notificado casos de DChA, o Agente de Combate às Endemias (ACE) possui papel fundamental no controle da transmissão vetorial direta e oral. Estudo piloto realizado no município de Abaetetuba-PA (2013) sobre o conhecimento em DCh e suas formas de transmissão, revelou que 20% dos ACE realizam busca por triatomíneos e 80% não conseguiriam reconhecer o vetor da DCh. Os dados desta avaliação preliminar sugeriram a necessidade de um estudo, de tamanho amostral maior de ACE, sobre o conhecimento em DCh, uma vez que o resultado inicial obtido mostrou deficiência nos conceitos básicos. Desta forma, este estudo contou com 59 ACE do município de Abaetetuba, que apresenta um dos maiores percentuais de casos da DCh nos últimos 10 anos, e 22 ACE de Tailândia-PA, que não tem apresentado notificação no mesmo período. A pergunta central é se os ACE que atuam em áreas endêmicas de um determinado agravo estariam melhor instruídos e preparados do que aqueles que exercem suas funções em municípios onde não há notificação do mesmo agravo Ambos municípios pertencem ao 6°CRS/SESPA. A apuração do conhecimento e da conduta foi realizada através de aplicação de questionário semiestruturado, buscando analisar o quanto sabem sobre DCh, suas formas de transmissão e controle e os procedimentos executados frente aos casos notificados; realizar levantamento de casos de DChA notificados na Amazônia Brasileira (1968-2015), destacando os municípios de ocorrência no Estado do Pará; elaborar material simplificado com conceitos básicos sobre DCh e Triatomíneos, a fim de sugerir aspectos que precisarem ser melhor explorados pelo serviço de controle. Os resultados confirmam que a DCh é endêmica no município de Abaetetuba e que o conhecimento dos ACE não se mostrou maior em relação aos ACE de Tailândia, que não confirmou notificação de casos de DChA, sugerindo a necessidade da implantação de ações mais efetivas e continuadas, como programas de capacitação na formação dos ACE e material didático informativo, focando na busca ativa e continua de triatomíneos, a partir dos casos notificados.