RESUMO
A dor crônica pode acometer indivíduos de qualquer idade e está atribuída a maior morbidade, declínio cognitivo e imobilidade. Nos pacientes com dor crônica, ocorrem alterações importantes na neurotransmissão, além de alterações endócrinas relacionadas ao estresse. Além do mais, a má qualidade do sono leva a alterações cognitivas, irritabilidade e fadiga durante o dia e está, comumente, presente em pacientes com dor crônica. Assim, o presente estudo avaliou, por meio da aplicação de questionários a indivíduos adultos com diagnóstico de dor crônica, atendidos em ambulatório de reumatologia da microrregião de Alfenas-MG, a qualidade de vida, o padrão da dor e a qualidade do sono, além da análise da dosagem sérica de serotonina e cortisol. Dos 57 pacientes que fizeram parte da amostra, a maioria era composta por mulheres (91,2%), com idade maior de 40 anos (87,7%). Os principais diagnósticos envolvidos foram fibromialgia (35%), osteoartrite (21%) e artrite reumatoide (14%). Os resultados obtidos apontaram moderada intensidade da dor e interferência das atividades diárias, regular estado de saúde geral e má qualidade do sono nestes indivíduos. De acordo com os dados, não houve correlação estatisticamente relevante entre a severidade da dor e a qualidade de sono, tampouco entre a severidade da dor e o estado de saúde geral. Por outro lado, houve correlação positiva moderada entre a severidade da dor e a interferência nas atividades diárias, e correlação negativa moderada entre a severidade da dor e a saúde mental do indivíduo. Também ficou claro que a interferência da dor nas atividades diárias impacta negativamente na saúde mental. Não foi possível constatar uma relação entre a má qualidade do sono e maior intensidade da dor, mas sim entre qualidade de sono e saúde mental, impactando significativamente também no estado geral de saúde. A qualidade do sono impacta ainda na relação das atividades do cotidiano e influencia negativamente a saúde mental. Por fim, no presente estudo não foi evidenciada correlação significativa entre o diagnóstico de dor crônica e alterações de níveis séricos de serotonina e cortisol. Em conclusão, os achados demonstram a complexidade do tratamento de pacientes com dor crônica. Considerando que a dor crônica desencadeia um amplo espectro de alterações orgânicas e cognitivas, torna-se essencial compreender como essas alterações se associam, para que sejam desenvolvidas abordagens preventivas e terapêuticas mais efetivas.
Chronic pain can affect individuals of any age and is associated with increased morbidity, cognitive decline, and immobility. In patients with chronic pain, there are important changes in neurotransmission, in addition to stress-related endocrine changes. Moreover, poor sleep quality leads to cognitive changes, irritability, and fatigue during the day and is commonly present in patients with chronic pain. Thus, the present study evaluated, by means of applying questionnaires to adult individuals diagnosed with chronic pain, seen at a rheumatology outpatient clinic in the Alfenas-MG microregion, the quality of life, the pattern of pain and the quality of sleep, in addition to the analysis of serum serotonin and cortisol levels. Of the 57 patients who were part of the sample, most were women (91.2%), aged over 40 years (87.7%). The main diagnoses involved were fibromyalgia (35%), osteoarthritis (21%), and rheumatoid arthritis (14%). The results obtained indicated moderate pain intensity and interference with daily activities, regular general health status, and poor sleep quality in these individuals. According to the data, there was no statistically relevant correlation between pain severity and sleep quality, nor between pain severity and general health status. On the other hand, there was a moderate positive correlation between pain severity and interference with daily activities, and a moderate negative correlation between pain severity and the individual's mental health. It was also clear that pain interference with daily activities negatively impacts mental health. A relationship between poor sleep quality and greater pain intensity could not be found, but rather between sleep quality and mental health, impacting significantly on overall health status as well. Sleep quality also impacts the relationship of activities of daily living and negatively influences mental health. Finally, in the present study no significant correlation was evidenced between the diagnosis of chronic pain and changes in serum levels of serotonin and cortisol. In conclusion, the findings demonstrate the complexity of treating patients with chronic pain. Considering that chronic pain triggers a broad spectrum of organic and cognitive changes, it becomes essential to understand how these changes associate so that more effective preventive and therapeutic approaches can be developed.
dolor crónico puede afectar a individuos de cualquier edad y se asocia a una mayor morbilidad, deterioro cognitivo e inmovilidad. En los pacientes con dolor crónico se producen importantes alteraciones en la neurotransmisión, además de cambios endocrinos relacionados con el estrés. Además, un sueño de mala calidad conduce a alteraciones cognitivas, irritabilidad y fatiga durante el día, y está comúnmente presente en pacientes con dolor crónico. Así, el presente estudio evaluó, mediante la aplicación de cuestionarios a individuos adultos diagnosticados de dolor crónico, atendidos en una consulta externa de reumatología de la microrregión de Alfenas-MG, la calidad de vida, el patrón de dolor y la calidad del sueño, además del análisis del dosaje sérico de serotonina y cortisol. De los 57 pacientes que formaron parte de la muestra, la mayoría eran mujeres (91,2%), mayores de 40 años (87,7%). Los principales diagnósticos fueron fibromialgia (35%), artrosis (21%) y artritis reumatoide (14%). Los resultados obtenidos señalaron una intensidad moderada del dolor y una interferencia de las actividades cotidianas, un estado de salud general regular y una mala calidad del sueño en estas personas. Según los datos, no existía una correlación estadísticamente relevante entre la intensidad del dolor y la calidad del sueño, ni entre la intensidad del dolor y el estado general de salud. Por otro lado, existía una correlación positiva moderada entre la intensidad del dolor y la interferencia en las actividades cotidianas, y una correlación negativa moderada entre la intensidad del dolor y la salud mental del individuo. También quedó claro que la interferencia del dolor en las actividades cotidianas repercute negativamente en la salud mental. No fue posible encontrar una relación entre una mala calidad del sueño y una mayor intensidad del dolor, sino más bien entre la calidad del sueño y la salud mental, lo que también repercute significativamente en el estado general de salud. La calidad del sueño también repercute en la relación de las actividades diarias e influye negativamente en la salud mental. Por último, en el presente estudio no se evidenció una correlación significativa entre el diagnóstico de dolor crónico y las alteraciones en los niveles séricos de serotonina y cortisol. En conclusión, los hallazgos demuestran la complejidad del tratamiento de los pacientes con dolor crónico. Teniendo en cuenta que el dolor crónico desencadena un amplio espectro de alteraciones orgánicas y cognitivas, se hace imprescindible comprender cómo se asocian estas alteraciones, para poder desarrollar abordajes preventivos y terapéuticos más eficaces.
RESUMO
Introduction: Lesbians, gays, bisexuals, transvestites, transsexuals, transgenders, queers, intersexes, asexuals, pansexuals, and other sexual and gender minorities constitute a population that has been little studied regarding the use and care of health services. Objective: From this perspective, the general objective of this study was to evaluate the quality of Primary Health Care according to members of sexual and gender minorities. Methods: This is evaluative research, with a cross-sectional and descriptive-analytical design and a quantitative approach, performed by a web survey in Brazil. The script for data collection addressed sociodemographic characteristics, sexual orientation, gender identity, self-reported health conditions, and the 23 items of the Primary Care Assessment Tool, a reduced version for adult users. Results: The results represent 314 LGBTQIAP+ people, predominantly young, white, cisgender, homosexual, and bisexual, from the five Brazilian regions, highlighting the states of Minas Gerais and São Paulo. The use of alcoholic beverages and other substances, weight change, and the presence of mental diseases were the most frequent self-reported health conditions. Primary health care was mainly evaluated with low overall scores, thus indicating low quality. The attributes "community guidance" and "coordination" (care integration) were marked by unfavorable evaluations, indicating small extensions. People belonging to sexual and gender minorities who worked had kidney problems, had been hospitalized recently, and that had their gender identity and sexual orientation known by health professionals were more likely to evaluate the Primary Health Care as good. Conclusion: This work points out weaknesses in the care of the LGBTQIAP+ population the following attributes: family guidance, accessibility, longitudinality, and available services, which can be prioritized to improve the quality of Primary Health Care in the Brazilian Unified Health System. (AU)
Introdução: Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, queer, intersexos, assexuais, pansexuais e outras minorias sexuais e de gênero constituem uma população pouco estudada no que se refere ao uso e atendimento em serviços de saúde. Objetivo: Nessa perspectiva, o objetivo geral deste estudo foi avaliar a qualidade da Atenção Primária à Saúde segundo integrantes de minorias sexuais e de gênero. Método: Trata-se de uma pesquisa avaliativa, com delineamento transversal, descritivo-analítico, de abordagem quantitativa, por meio de web survey no Brasil. O roteiro de coleta abordou características sociodemográficas, de orientação sexual, identidade de gênero, condições de saúde autorreferidas e os 23 itens do instrumento Primary Care Assessment Tool, versão reduzida para usuários adultos. Resultados: Os resultados representam 314 pessoas LGBTQIAP+, predominantemente jovens, brancos, cisgêneros, homossexuais e bissexuais, provenientes das cinco regiões brasileiras, com destaque para os estados de Minas Gerais e São Paulo. O uso de bebidas alcoólicas e outras substâncias, a alteração ponderal e a presença de doenças mentais foram as condições de saúde autorreferidas que mais se destacaram. A atenção primária à saúde foi majoritariamente avaliada com baixa pontuação geral, indicando baixa qualidade. Assinalam-se os atributos orientação comunitária e coordenação (integração de cuidados) pelas avaliações negativas, indicando pequena extensão. As pessoas de minorias sexuais e de gênero que trabalhavam, possuíam problema renal, haviam sido internadas recentemente e sua identidade de gênero e orientação sexual eram conhecidas pelos profissionais de saúde apresentaram mais chance de avaliar bem a Atenção Primária à Saúde. Conclusão: Este trabalho aponta como fragilidades no cuidado da população LGBTQIAP+ os atributos de orientação familiar, acessibilidade, longitudinalidade e serviços disponíveis que podem ser priorizadas para a melhoria da qualidade da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde brasileiro. (AU)