Nada sobre nós, sem nós

Freud assumia uma perspectiva progressista em relação à psicanálise e seu desenvolvimento. Atualmente, a psicanálise se vê ora convocada a contribuir ora confrontada por uma ausência de participação no campo social. Será ainda assim? Como chegamos até os dias de hoje? E o que a Associação Internacional de Psicanálise, órgão fundado para congregar os psicanalistas e cuidar da psicanálise tem feito e desenvolvido nessa interface com a cultura, com a comunidade e com o mundo ao seu redor? Neste texto, encontraremos uma breve descrição de apenas uma das muitas ações realizadas nesse campo, que é a constituição da ipa como uma ong com status consultivo especial da onu

Freud assumed a progressive perspective in relation to psychoanalysis and its development. Nowadays, Psychoanalysis is sometimes called upon to contribute and sometimes confronted by an absence of participation in the social field. Is this still the case? How have we come to these days? And what has the International Psychoanalytical Association, an organ founded to bring together psychoanalysts and to care for psychoanalysis, done and developed in this interface with culture, with the community and with the world around it? We will find here a brief description of just one, among many, of its actions in this field which is the constitution of the ipa as an ngo with special consultative status at the un

Racismo e psicanálise

A partir da experiência de compor o Inter Comitê da IPA sobre racismo e preconceito, a autora discorre sobre algumas implicações para a Psicanálise no que tange ao tema racismo e direitos humanos, apontando a responsabilidade quando a atenção está voltada para fora, para a comunidade na qual está inserida, e para dentro, quando a atenção está no modo como abordamos clinicamente as relações raciais internalizadas. O reconhecimento das dinâmicas inconscientes que envolvem a branquitude são apresentadas a partir de uma perspectiva psicanalítica

From the experience of being part of the IPA Inter-Committee on Prejudice and Racism, an author discusses a discovery for Psychoanalysis when the subject is racism and human rights due to the responsibility when attention is turned outward, to the community in which it is located, and inward, when the attention is in the way we clinically approach internalized racial relations. The recognition of the unconscious dynamics that involve whiteness is indeed from a psychoanalytic perspective

Sobre uma clínica psicanalítica das relações raciais

A partir de uma revisão bibliográfica na literatura psicanalítica, o presente

trabalho reafirma a importância dos estudos dos preconceitos em articulação

com os conceitos de raça e com o racismo, visando ampliar a experiência clínica.

Ao incluir, identificar e reconhecer os impactos e desdobramentos das relações

raciais na constituição dos sujeitos, em suas singularidades, com suas dores e

angústias, torna-se possível reconhecer sua presença na relação transferencial

e contratransferencial. Em uma perspectiva institucional, o estudo desses

entrecruzamentos permite maior engajamento na promoção de atitudes e ações

que procurem, permanentemente, minorar o sofrimento advindo do racismo

experimentado nos incidentes raciais e racistas da vida cotidiana. A situação do

Brasil é apresentada como paradigmática pela sua constituição socio-histórica

Olhares negros nos importam: o paradigma Virgínia Leone Bicudo

História, memória, esquecimento e tempo. Temos em Virgínia Leone

Bicudo um paradigma importante. É preciso conversar sobre trauma, sobre racismo

e sobre a experiência e a vivência do pai da psicanálise. Virgínia rompe com o

pacto patológico e social demonstrando pioneiramente a percepção inconteste da

existência de uma discriminação específica, fundada no preconceito de cor

Seeing and Being Seen: emerging from a psychic retreat

Autor: John Steiner

Editora: Routledge, 2011