O isso no eu: parangolés na cena analítica

A autora procura abordar a relação analista-analisando dirigindo o foco para a experiência vivida e compartilhada que precede a representação (imagem, nomeação, narração que possam surgir na mente do analista e/ou do analisando). Para tratar desse momento de imersão, em que os participantes da cena analítica entram em consonância, toma como inspiração a obra de arte Parangolés, de Hélio Oiticica, em que o espectador envolve seu corpo com a vestimenta produzida pelo artista, tornando-se assim a obra de arte. Alegoria apropriada para falar do conceito bioniano de at-one-ment, que produz um campo propício para o contato direto com a realidade psíquica. Junto ao aporte artístico e teórico, a autora recorre também aos deuses do Olimpo, Dionísio e Apolo, para falar sobre a aliança entre viver e narrar. Apresenta ainda uma situação clínica com o intuito de ilustrar suas ideias

The author seeks to approach the analyst-analysand relationship by focusing on the lived and shared experience that precedes the representation (image, naming, narration that may arise in the mind of the analyst and/or the analysand). To deal with this moment of immersion, in which the participants in the analytical scene enter into consonance, she takes as her inspiration the work of art Parangolés, by Hélio Oiticica, in which the spectator wraps their body in the garment produced by the artist, thus becoming the work of art. An appropriate allegory to talk about the Bionian concept of at-one-ment, which produces a field conducive to direct contact with psychic reality. Along with the artistic and theoretical contribution, the author also uses the gods of Olympus, Dionysus and Apollo, to talk about the alliance between living and narrating. She also presents a clinical situation in order to illustrate her ideas

Faces do humano em Guernica: violência e arte

A autora aborda o tema das faces contrastantes do ser humano: a violência e a criatividade, inspirando-se na obra de arte de Picasso, Guernica. Nessa obra estão presentes duas faces do ser humano que se pretende discutir no artigo: a ação violenta dos nazistas no bombardeio à cidade de Guernica e a criatividade de Picasso ao produzir uma obra que é a um só tempo um manifesto contra a guerra e um alerta à presença da destrutividade no ser humano. São expostas resumidamente as ideias de Freud, Klein e Green sobre as pulsões de vida e morte, destacando como essas forças comparecem nas relações sociais. Em seguida, apoiada em algumas ideias de Bion sobre o funcionamento mental, a autora considera que a destrutividade está relacionada a processos mentais que impedem os movimentos próprios do sonhar/ pensar/criar, favorecendo sistemas de certezas inquestionáveis que desembocam em fanatismos e desconsideração pela singularidade do outro. Ao final, acrescentam- -se algumas reflexões sobre características do mundo contemporâneo que podem prejudicar o desenvolvimento dos processos criativos e, assim, favorecer a atuação da destrutividade, em suas mais diversas formas

The author delves into the theme of the contrasting aspects of human nature: violence and creativity, drawing inspiration from Picassos artwork, Guernica. This work encapsulates two facets of human existence that the article aims to discuss: the violent action of the Nazis in bombing the city of Guernica, and Picassos creativity in producing a piece that serves as both an anti-war manifesto and a warning about the presence of destructiveness in humanity. The ideas of Freud, Klein, and Green concerning the life and death instincts are succinctly presented, emphasizing how these forces manifest in social relationships. Building upon Bions insights into mental functioning, the author contends that destructiveness is linked to mental processes that inhibit the inherent movements of dreaming/thinking/creating, promoting systems of unquestionable certainties that lead to fanaticism and disregard for the uniqueness of others. Lastly, the article includes reflections on contemporary world characteristics that could hinder the development of creative processes and thus facilitate the expression of destructiveness in its various forms

Hospitalidade à luz da teoria das transformações de Bion

O presente artigo é uma releitura de outro artigo publicado

pela autora há dez anos. O texto anterior abordou o tema da

hospitalidade, no vínculo analítico, sob o vértice da intersubjetividade.

A hospitalidade foi vista como a condição do analista de ser

receptivo às identifi cações projetivas do analisando, associada à

oferta de abrigo simbólico para conteúdos que “invadem” a mente,

requerendo continência/representação. Na releitura do artigo, agora

sob o vértice da Teoria das Transformações de Bion, a autora

expande a ideia de hospitalidade em direção à disponibilidade do

analista para estar receptivo a O, cuidando das condições necessárias

para alcançar o estado de mente favorável às transformações

em O. Apresentam-se também as resistências a esse movimento,

identifi cadas por Bion como resistências ao ser/tornar-se realidade.

A passagem da Odisseia, usada no artigo anterior para ilustrar

a hospitalidade, bem como o material clínico ali apresentado são

revisados à luz dos conceitos da Teoria das Transformações

Hospitalidade no encontro analítico

O artigo reúne algumas ideias sobre a condição de

hospitalidade do analista como fonte de restauração para as

rupturas provocadas no aparelho mental, pelo efeito traumático de

demandas emocionais a serem processadas no encontro analítico.

Utilizo o termo hospitalidade inspirando-me em Jacques Derrida

que o trata como o “dizer sim ao que chega” e “que vem a si

em busca de abrigo”. “O que chega”, no encontro analítico, é o

que nasce da experiência emocional vivida a dois e que solicita

hospitalidade na mente do analista e do analisando. “O que chega”

tem efeito traumático uma vez que lança as mentes no universo

do desconhecido. A hospitalidade por parte do analista pode

ser compreendida como a condição de receber identifi cações

projetivas provenientes do analisando e também a condição de estar

em contato com o que se passa em si mesmo. Essa hospitalidade

do analista tem efeito restaurador, porque cria condições para o

abrigo simbólico do desconhecido que poderá receber nomeação

e destino mental, promovendo a hospitalidade intrapsíquica do

analisando, ou seja, uma condição ampliada para pensar-se.

Para tratar dessas questões utilizo (1) aportes freudianos sobre

trauma enquanto invasão de estímulos em aparelho mental sem

recursos para processá-los; (2) conceitos de Bion sobre tropismo,

relação continente-conteúdo e oscilação PS-D, no contexto de nomeação

da experiência emocional e (3) ilustração clínica

Voilà mon coeur: o gesto amoroso do analista

A autora usa

como inspiração a obra de José Leonilson, Voilà mon coeur

(1989), para falar do gesto amoroso do analista na relação com

o analisando. Trata-se da disponibilidade do analista, em sua

tarefa diária, para entregar-se à experiência emocional, que se

apresenta para ser vivida na sala de análise. O gesto amoroso inclui

disposição à profunda intimidade psíquica, à hospitalidade,

ao exercício da capacidade negativa, da convivência permanente

com fragmentos e escuridão. O gesto amoroso é também a tessitura

cuidadosa, humilde e respeitosa do que foi esgarçado pelos

Inspired in the work of José Leonilson, Voilà

mon coeur (1989), the author deals about the loving gesture of

analyst in your relationship with patient. Loving gesture is the

analyst availability, in your daily function, to abandon yourself

toward emotional experience presents in the analysis room. The

loving gesture comprehends inclination to deep psychic intimacy,

to hospitality, to exercise the negative capacity, living together

fragments and darkness. The loving gesture is also the careful,

modest and respectful tissue of disruptions induces by traumatic

traumas do viver humano

human experiences

Primeiro encontro com o analista: campo potencial para o desenvolvimento da análise

O presente artigo tem por objetivo focalizar o primeiro encontro do paciente com o analista. Como peculiaridade desse momento inicial, a autora sugere quatro aspectos a serem observados: (1) a atenção aos movimentos do paciente antes da chegada efetiva ao consultório, que informam sobre a urgência, as possibilidades e as resistências do paciente para a análise; (2) a observação inconsciente do paciente às condições mentais do analista para o acolhimento das identificações projetivas (viver o que precisa ser vivido); (3) o exame inconsciente do analista sobre sua própria disponibilidade interna para aquele paciente; (4) a apresentação ao paciente da singularidade da relação analítica, da escuta e do alcance da psicanálise, não em termos verbais, mas nos gestos e atitudes que compõem o exercício da função analítica. A autora sugere que é essa comunicação inconsciente o fator principal para a decisão sobre o início ou não do processo analítico. Daí a ideia de que o primeiro encontro é um campo potencial para o desenvolvimento da análise, como está expresso no título do artigo

Voilà mon coeur: o gesto amoroso do analista

A autora usa como inspiração a obra de José Leonilson, Voilá mon coeur, para falar do gesto amoroso do analisita na relação com o analisando. Trata-se da disponibilidade do analista, em sua tarefa diária, para entregar-se à experiência emocional, que se apresenta para ser vivida na sala de análise

Considerações sobre experiências clínicas no campo teórico da intersubjetividade

Considerações sobre experiências clínicas, utilizando-se conceitos como relação continente-conteúdo, de Bion; construção da subjetividade na intersubjetividade, de Ogden; e interjogo de identificações projetivas, de Antonino Ferro. Considera, ainda, a postura do analista diante da tarefa analítica vista como um sonhar a dois

Psicanálise e Comunidade: refletindo sobre uma experiência

A Comissão de Psicanálise e Comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (Prov.), faz uma série de reflexões a partir de uma rica experiência adquirida no últimos 4 anos junto a comunidade de Ribeirão Preto. O enfoque é colocado nas peculiaridades desse contato em que o outro é plural e não mais uma única pessoa (um analisando). As atividades desenvolvidas privilegiaram a área cientifica o que possibilitou uma série de observações à respeito das dificuldades existentes bem como de sugestões dos caminhos a serem percorridos para a difusão da Psicanálise. As autoras se utilizam de alguns artigos disponíveis na literatura para o embasamento teórico de suas observações(AU)

Psicanálise e educação: passado, presente, futuro, perspectivas

A autora trata como promissora a possibilidade de aproximação entre psicanálise e educação, principalmente se se considerar a importância teórica de Bion. Enfatiza, ainda, que a participação dos psicanalistas será tanto mais fecunda quanto mais voltada ao desenvolvimento dos educadores

O tempo da alma

A autora analisa os efeitos do ritmo da sociedade contemporânea no psiquismo de crianças e adolescentes. Utilizando-se de obras de arte, seja filme, livro ou escultura, ela nos conduz em profundidade às consequências dos excessos de informação, de um lado, e a falta de tempo para absorvê-las, de outro. Adverte, ainda, para o papel relevante dos pais nesse processo

A psicologia do educador: a criança e o adolescente na atualidade

Importância da psicologia do educador como sustentação da experiência educativa. As autores partem da ideia segundo a qual na constituição do ser humano a aprendizagem substitui o instinto e, por isso, é um processo que se dá essencialmente com um outro