RESUMEN
O autor contrasta a qualidade dos atendimentos online com a dos presenciais, retomados sob condições propiciadas pelas vacinas e com protocolos de saúde adotados em consultório. Menciona situações que surgem apenas no atendimento presencial e que somente nele podem ser observadas, principalmente no que diz respeito a camadas mais primordiais e primitivas da mente. Ressalta modos de caminhar, de deitar, de reagir a estímulos (como perfumes e cheiros) que são comuns a analista e analisando no consultório e não servem de referência nos atendimentos online. Destaca também o fato de o analisando ser aquele que determina o setting, e não o analista, além de sérios problemas que podem interferir na privacidade do atendimento. Considera os atendimentos virtuais de grande importância quando os presenciais se tornam inviáveis, como ocorreu nos picos da pandemia, mas enfatiza dimensões psíquicas que ficam muito mais difíceis, ou impossíveis, de serem acessadas sem a presença do analista e do paciente na sala do consultório
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
Baseado em sua experiência clínica, o autor discorre sobre o entranhamento de ideário
moral-religioso na prática psicanalítica, da qual ele não deveria fazer parte, sendo
ela uma atividade investigativa científica. Observa a postura profissional e teórica de
vários psicanalistas que confundem sua prática com a de uma criatura superior que
supostamente se percebe ou se apresenta como estando acima das questões humanas
corriqueiras, da carnalidade sensual, das mesquinharias e limitações humanas. Assim,
tendem a ver seus analisandos como compêndios de psicopatologia. Em questões
relacionadas à sexualidade não observam a diversidade de possibilidades humanas
neste campo e dessa forma não distinguem teoria científica e prática clínica de uma
atividade sacerdotal, correcional e, amiúde, hipócrita. Tal como profetas ou enviados
do Olimpo, observam do alto e criticam com desdém os mortais inferiores. Uma efetiva
e profunda análise pessoal do postulante a analista é evidenciada como fator decisivo
para que ele faça sua passagem de arauto dos deuses para o plano terrestre dos mortais
comuns. Nela, terá de percorrer todas as turbulências desse Mediterrâneo, tal como
Odisseu e Eneias, que precisaram até entrar e sair do Hades para chegarem à terra que
lhes era própria
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
Resenha de Sérgio Telles, Beatriz MendesCoroa e Paula Peron (organizadores),Debates clínicos vol. 1, São Paulo,Blucher, 2019, 230 p
Asunto(s)
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O autor vale-se inicialmente de experiências pessoais de sua vida e de
análise para desenvolver o tema do estranho/duplo, tal como referido no texto
The uncanny, de Freud. Discorre sobre a dificuldade de tolerarmos o encontro
com o estranho-inquietante que somos nós mesmos, com quem vamos deparando
na experiência analítica, e a perplexidade trazida por ele ou melhor, eles, pois
não somos apenas um outro, mas muitos outros no grupo que nos constitui. Tal
como destaca Bion em seu livro A memoir of the future, somos um grupo de
estranhos, como tiranossauro, ameba, somitos, aristocratas, homem primitivo
assassino e brutal, astrofísico, prostituta, diabo, sacerdote, vilão de ficção,
fanáticos religiosos etc. O trabalho do analista seria única e exclusivamente
apresentar e intermediar o encontro de um indivíduo com ele mesmo, ou seja,
com estranhos que vão surgindo a cada sessão ou a cada momento da análise.
A possibilidade de acolher e assimilar esses estranhos, desde os mais brutais e
violentos aos mais amorosos e sofisticados permitiria ao indivíduo equipar-se
para manejar de forma realista seus aspectos virulentos e instrumentar-se com
eles, pois, na falta deles, torna-se incapaz de lidar com as situações internas e
externas de modo favorável, arriscando até mesmo sua própria sobrevivência.
Uma relação genuinamente amorosa de uma pessoa com ela mesma só seria
possível com o reconhecimento e aceitação de tudo o que seria ela mesma, por
mais que possa lhe parecer assustador. Sua condição para estabelecer vínculos
igualmente genuínos e amorosos com terceiros estaria intimamente ligada a essa
possibilidade de casar-se consigo própria, seja lá o que isso venha a ser
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O preconceito desenvolve-se a partir da impossibilidade de se tolerar
e assimilar frustração e as experiências emocionais a elas associadas, ou mesmo
devido à incapacidade de suportá-las. Sem contato com experiências emocionais
não se faz possível desenvolver discernimento próprio e, consequentemente,
uma ética pessoal. Na falta dessa última apela-se à moral como substituta e
surge a demanda por líderes messiânicos e sistemas totalitários que dispensem
o indivíduo de usar o próprio juízo, pois não consegue desenvolvê-lo. A análise
poderia auxiliar no desenvolvimento, caso o próprio analista efetivamente já
a tenha, da expansão da condição do analisando entrar em contato com suas
experiências emocionais, tornando-as suportáveis, habilitando-o a valer-se de
seus critérios pessoais de avaliação dos fatos e das ações pelas quais poderá se
sentir responsável
Asunto(s)
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O texto aborda a inexorabilidade, em todos nós, de sentimentos,
paixões, impulsos (incluindo os que impõem a necessidade de existir),
violência, amor, ódio (ódio à realidade e à vida), rivalidade, inveja e estados
primordiais da mente, sobre os quais não temos opção e que se nos
impõem, quer aceitemos ou não. Ressalta a necessidade de desenvolvimento
da mente e da capacidade dessa para assimilar, negociar com e
valer-se dessas dimensões de forma criativa, de modo que não sejamos
avassalados ou destruídos por elas. Refere também questões inatas que
podem ser um grave problema para a vida. São utilizadas diversas vinhetas
clínicas em que fica evidente o drama entre a rejeição, o ataque a essas
dimensões e a contrapartida da possibilidade de acolhê-las, assimilá-las, e
mesmo se beneficiar delas quando podem ser pensadas. O autor também
se vale das obras de Eurípedes e de Sófocles para elucidar sua abordagem,
recorrendo aos mitos de Dionísio, em As bacantes, e de Édipo, em
Édipo Rei e Édipo em Colono. O livro A metamorfose, de Kafka, e os filmes
Ludwig, de Visconti, e A guerra dos Roses, de DeVito, são igualmente
mencionados como modelos