RESUMEN
Parece haver muito em comum entre as investigações de Bion no que tange ao desenvolvimento da capacidade de pensar e os escritos de Beckett abordando a luta entre a necessidade de dar um sentido à vida e o medo de sucumbir diante do vazio do inominado. O fato de Bion ter atendido Beckett como paciente por dois anos enquanto trabalhava na Clínica Tavistok não passou despercebido. Alguns aspectos foram encontrados na literatura psicanalítica, tanto no que tange ao ponto de partida comum entre ambos, a dificuldade de dar voz ao inefável, de dizer o indizível, quanto na ideia do nada como um ponto de partida, um espaço potencial. Após brevíssima nota biográfica de ambos, um recorte da literatura disponível sobre o tema é rastreada. O fato de a linguagem becketiana refletir em grande medida uma espécie de ilustração clínica dos escritos kleinianos da época, expressando conflitos especialmente perturbadores e profundos através de uma linguagem paradoxal, minimalista, que acreditava ser mais eficaz é correlacionado com o que Bion enunciaria mais tarde sob o conceito de linguagem de êxito, como a forma de escolha para se comunicar com o O do paciente. Ambos nos propõem, ao fim, a criação como alternativa ao nada preenchido com não-coisas ou idealizado como forma de negar o nosso desamparo
Asunto(s)
Psicoanálisis , LiteraturaRESUMEN
No presente trabalho os autores procuram compreender a atividade criativa de Shakespeare à luz da teoria das transformações, de Bion. Atribuem a criatividade e atualidade da obra do poeta e dramaturgo às transformações de emoções e sensações humanas em imagens, representadas por seus personagens, que enfrentam as questões da vida e da morte. Buscando as raízes desta capacidade, creem ser a principal delas o fato de, cedo na vida, ter-se defrontado com a morte devido à peste que assolou a Europa e com a vida graças ao amor extremo de sua mãe. Algumas passagens da obra de Shakespeare são citadas para ilustrar os pontos de vista dos autores