RESUMEN
Partindo do pressuposto de que os crescentes índices de sofrimento psíquico juvenil no Brasil e no mundo são um sintoma social de nossos tempos, o artigo defende a proposta de trabalho com dispositivos clinicopolíticos de escuta no coletivo em escolas e universidades. Resgata a definição de dispositivo em Foucault, atualizada por Agamben e apropriada por autores da psicanálise para propor práticas de escuta em instituições e contextos sociais vulneráveis. Levando em consideração a dimensão sociopolítica do sofrimento, isto é, o mal-estar produzido pelo lugar ocupado pelo sujeito no laço social, apresenta algumas vinhetas provenientes de rodas de conversa realizadas no campo educativo
Based on the assumption that the growing rates of youth psychological distress in Brazil and around the world are a social symptom of our times, the article defends a proposal for work with clinicopolitical devices for collective listening in schools and universities. A definition of Foucaults device is rescued, updated by Agamben and appropriated by psychoanalytic authors to provide study practice in institutions and vulnerable social contexts. Taking into account the sociopolitical dimension of suffering, that is, the discomfort produced by the place occupied by the subject in the social bond, it presents some vignettes from conversations in the educational field
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
O artigo parte do questionamento sobre como o agravamento das vulnerabilidades sociais, decorrente da pandemia de COVID-19, no Brasil pode se entrelaçar com o sofrimento psíquico na infância e na adolescência. Para isso, o artigo aposta que o encontro entre os conceitos de vulnerabilidade adotado no campo da saúde coletiva com o de desfiliação das ciências sociais e a noção de desamparo da psicanálise pode nos ajudar a compreender as possíveis repercussões psíquicas da fragilização dos vínculos sociais sobre crianças e adolescentes
The article starts from the question about how the worsening of social vulnerabilities resulting from the COVID-19 pandemic in Brazil can be intertwined with the psychic suffering in childhood and adolescence. For this, it bets that the encounter between the concepts of vulnerability adopted in the field of collective health with that of disaffiliation from the social sciences and the notion of helplessness from psychoanalysis can help us to understand the possible psychic repercussions of the fragility of the social bonds on children and adolescents
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
O artigo parte do questionamento sobre o aumento nos índices de autolesões e suicídios nas adolescências brasileiras nos últimos anos, para interrogar a dimensão sociopolítica do sofrimento juvenil, apresentando ideias oriundas de pesquisas desenvolvidas na interface entre a Psicanálise, a Educação e a Política. Esboça a tese relativa ao declínio da dimensão alteritária na esfera social, que impacta na possibilidade de simbolização e partilha do sofrimento psíquico, com o predomínio do regime da dor. Pensa as experiências dos coletivos juvenis espontâneos, bem como das intervenções clínicas no coletivo como meios para a elaboração desse mal-estar que coincidem com a possível politização da dor
The article starts from the question about the increase in self-injury and suicide rates among Brazilian adolescents in recent years, to question the socio-political dimension of youth suffering, presenting ideas arising from research carried out at the interface between Psychoanalysis, Education and Politics. It outlines the thesis related to the decline of the alteritarian dimension in the social sphere, which impacts on the possibility of symbolizing and sharing psychic suffering, with the domain of the pain regime. It thinks about the experiences of spontaneous youth collectives, as well as clinical interventions in the collective as means for the elaboration of this malaise that coincide with the possible politicization of pain
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
O presente artigo é fruto de uma pesquisa em andamento, realizada na interface de psicanálise,
educação e ciências sociais, a respeito do sofrimento psíquico na adolescência e suas expressões
nas instituições educativas, interrogando-o naquilo que ele pode dizer sobre o estado do laço
social no contemporâneo. Apresenta uma oficina realizada em duas escolas da rede pública do
Estado do Rio de Janeiro, apostando na construção de um dispositivo de escuta analítica no
coletivo como instrumento clínico e político. A partir disso, o artigo tece algumas considerações
sobre os impasses relativos aos laços sociais nas escolas e como isso se articula com o desamparo
expresso em palavras e em atos pelos adolescentes