RESUMEN
Este ensaio discute as relações entre feminilidade, passividade e masoquismo a partir da reflexão crítica-clínica da obra de Sacher-Masoch interpretada por Deleuze, e da teoria das pulsões de Freud. Partindo do complexo de castração, em ambos os sexos, infere-se que urge às pulsões perverso-polimorfas infantis, especialmente ao impulso agressivo sádico-anal, extraviarem-se para o matrimônio. Tal processo conduziria, no caso das perversões, a uma hipotética unidade sadomasoquista na psicanálise freudiana. A reflexão deleuziana sobre Sacher-Masoch, no entanto, mostra que, ao passo que o sadismo recapitula o complexo de Édipo, o masoquismo se vincula à oralidade da mãe Afrodite. O ensaio conclui que, diferentemente de urgir o matrimônio com a concepção de um filho, a psicanálise de Freud pode ensejar uma feminilidade empoderada da qual faz parte a complexidade do fetiche humano