RESUMEN
O artigo aborda as dificuldades do psicanalista, ao narrar a experiência clínica, de encontrar a linguagem capaz de urdir os fios antitéticos do sensível e do racional, de transformar em discurso uma experiência afetiva intensiva. Este processo assemelha-se ao da criação da obra de arte, não por se tratar de fenômeno da mesma ordem, mas por se encontrar presente, em ambos, o que se convencionou chamar de experiência estética. O vigor da narrativa clínica vai depender da vivência emocional encarnada, ancorada num estado de contemplação dos próprios afetos, que só num segundo momento poderá ser transformada em relato, ainda assim de caráter fragmentário e ficcional em relação à experiência vivida. A autora propõe ainda reflexões sobre possíveis relações, dentro da instituição psicanalítica, que podem funcionar como entraves à produção escrita dos seus membros
This paper addresses the analysts difficulties, when it comes to transmit his clinical experience, to find the language capable of weaving the antithetical threads of what pertains to the senses and what is rational, of transforming an intensive affective experience into discourse. This process resembles that of the creation of a work of art, not because it is of the same order but because in both we find what came to be called aesthetic experience. The vigour of the clinical narrative will depend on the embodied emotional experience, anchored in a state of contemplation of ones own affects, that only in a second moment wil be transformed in an account which, inescapably, has a fragmentary and fictional character in relation to the lived experience. The author offers further ideas about possible relationships inside the psychoanalytical institution that may hinder the written production of its members
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
A autora considera que o uso de uma nova técnica o atendimento
on-line durante a pandemia não confere à psicanálise um caráter adaptativo, e
destaca que a essência e condição de existir da psicanálise é sua capacidade de
transformação. Responsabilizar-se pela transmissão deste princípio é função da
instituição psicanalítica e do analista. O texto destaca algumas ideias de Bion e
Winnicott sobre os modos como se constroem interações entre o indivíduo e o
meio, o analista e a instituição, que podem favorecer ou obstruir o desenvolvimento
de atividades criativas e transformadoras