Uma leitura feminista decolonial de O mal-estar na civilização
Affortunati Martins, Alessandra.
Nat. Hum. (Online)
; 22(2): 44-61, 2020.
Artículo
en Portugués
| Bivipsil | ID: psa-140112
Trata-se de examinar o ensaio O mal-estar na civilização, de Freud (1930), a partir de leituras feministas decoloniais, especialmente da obra Um feminismo decolonial, de Françoise Vergès (2020), e de Memórias da plantação, de Grada Kilomba (2019). Freud diz que há três ameaças feitas à civilização. Uma delas viria de cristãos que desnutriram a vida terrena com suas crenças na vida do além; outra teria sido feita por mulheres sedentas de sexo e de afetos familiares, dois aspectos que disputariam investimento libidinal com a cultura e o âmbito público da vida, espaços exclusivos de homens, únicos verdadeiramente capazes de sublimação; a última seria oriunda de cidadãos europeus simpatizantes dos povos colonizados. Não se trata aqui de julgar Freud anacronicamente por suas posições e elaborações teóricas pautadas em visões alinhadas aos processos de colonização e à misoginia. Apontar esses embaraçosos pontos é interessante hoje apenas na medida em que ressitua a psicanálise contemporânea e a coloca em alerta sobre esses lugares um tanto quanto retrógrados em termos civilizatórios. De qualquer maneira, o Moisés de Freud ainda é um texto freudiano que pode fazer frente aos tropeços do velho pai da psicanálise
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