Faces do humano em Guernica: violência e arte

RESUMO

A autora aborda o tema das faces contrastantes do ser humano a violência e a criatividade, inspirando-se na obra de arte de Picasso, Guernica. Nessa obra estão presentes duas faces do ser humano que se pretende discutir no artigo a ação violenta dos nazistas no bombardeio à cidade de Guernica e a criatividade de Picasso ao produzir uma obra que é a um só tempo um manifesto contra a guerra e um alerta à presença da destrutividade no ser humano. São expostas resumidamente as ideias de Freud, Klein e Green sobre as pulsões de vida e morte, destacando como essas forças comparecem nas relações sociais. Em seguida, apoiada em algumas ideias de Bion sobre o funcionamento mental, a autora considera que a destrutividade está relacionada a processos mentais que impedem os movimentos próprios do sonhar/ pensar/criar, favorecendo sistemas de certezas inquestionáveis que desembocam em fanatismos e desconsideração pela singularidade do outro. Ao final, acrescentam- -se algumas reflexões sobre características do mundo contemporâneo que podem prejudicar o desenvolvimento dos processos criativos e, assim, favorecer a atuação da destrutividade, em suas mais diversas formas

ABSTRACT

The author delves into the theme of the contrasting aspects of human nature violence and creativity, drawing inspiration from Picassos artwork, Guernica. This work encapsulates two facets of human existence that the article aims to discuss the violent action of the Nazis in bombing the city of Guernica, and Picassos creativity in producing a piece that serves as both an anti-war manifesto and a warning about the presence of destructiveness in humanity. The ideas of Freud, Klein, and Green concerning the life and death instincts are succinctly presented, emphasizing how these forces manifest in social relationships. Building upon Bions insights into mental functioning, the author contends that destructiveness is linked to mental processes that inhibit the inherent movements of dreaming/thinking/creating, promoting systems of unquestionable certainties that lead to fanaticism and disregard for the uniqueness of others. Lastly, the article includes reflections on contemporary world characteristics that could hinder the development of creative processes and thus facilitate the expression of destructiveness in its various forms