Dinossauros, pirâmides e sintomas: similaridades de objeto e método entre a psicanálise clínica e as ciências históricas
Nat. Hum. (Online)
; 25(1): 12-40, jan.-dez 2023.
Article
en Pt
| Bivipsil
| ID: psa-143299
Biblioteca responsable:
UY116.1
RESUMO
Desde o surgimento da psicanálise, filósofos identificaram problemas nas pretensões epistemológicas de seu método clínico ou ao menos na disposição das comunidades psicanalíticas para superar as fragilidades epistemológicas de tal método. Dessa forma, muitos ainda investigam até que ponto e por que razões os dados produzidos pelo método clínico-psicanalítico seriam capazes de sustentar de forma sólida ou cogente hipóteses sobre o comportamento de indivíduos e classes de indivíduos, bem como sobre algumas operações da mente humana em geral. Um dos caminhos para se elaborar a lógica vigente e potencial presente tanto na geração quanto na justificação de hipóteses em determinada ciência é através da comparação desta a ciências que lhe sejam aparentadas. A psicanálise clínica tem sido exaustivamente comparada às ciências históricas desde Freud, decerto porque ambos os campos lidam com objetos inconstantes e porque ambos fazem inferências causais de forma retrospectiva. Algumas implicações dessa comparação, no entanto, ainda restam a ser devidamente exploradas. Neste artigo, mostramos inicialmente como essa comparação é duradoura e rica na história da psicanálise. Em segundo lugar, caracterizamos o modelo abdutivo, ou explicacionista, que a epistemóloga Carol Cleland propôs para esclarecer os poderes e limites do método de inferência causal de historiadores do mundo natural e discutimos como tal modelo esclareceria também o método de inferência causal dos psicanalistas clínicos.
ABSTRACT
Since the outset of psychoanalysis, philosophers have identified problems in the epistemological pretensions of its clinical method or at least in the disposition of psychoanalytic communities to overcome its epistemological shortcomings. Thus, many still investigate to which degree and by which rationale the data ensued by the clinical-psychoanalytic method would be able to soundly or cogently support hypotheses about the behavior of individuals and classes of individuals as well as about some operations of the human mind in general. One of the ways to elaborate the actual and the potential logic of both the generation and the justification of hypotheses in a certain science is through its comparison to sciences that are akin to them. Clinical psychoanalysis has been exhaustively compared to the historical sciences since Freud, certainly because both fields deal with inconstant objects and because the causal inferences of both fields are retrospective. Some implications of this comparison, however, are yet to be properly explored. In this paper, we first show how this comparison is long-lasting and rich in the history of psychoanalysis. Secondly, we characterize the abductive, or explicationist, model that the epistemologist Carol Cleland has proposed to elucidate the powers and limits of the method of causal inference of historical natural scientists and we discuss how such a method would also elucidate the method of causal inference employed by clinical psychoanalysts
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Asunto principal:
Psicoanálisis
Idioma:
Pt
Revista:
Nat. hum. (online)
Año:
2023
Tipo del documento:
Article