As representações paradoxais dos pais sobre a paralisia cerebral da criança

RESUMO

O processo de transição à parentalidade exige dos pais intenso trabalho de reorganização de suas representações acerca do bebê esperado e deles mesmos. Quando este bebê é diagnosticado com paralisia cerebral, uma enfermidade decorrente de lesão neurológica ocorrida muito cedo, esse trabalho sofre uma ruptura que pode comprometer o investimento parental sobre a criança. Nosso objetivo neste trabalho é investigar como certas representações construídas pelos pais, que parecem ignorar os prejuízos ao desenvolvimento da criança e ao mesmo tempo reconhecê-los, podem favorecer a recomposição do investimento parental após o trauma causado pelo diagnóstico. Dois fragmentos clínicos servirão de ilustração a esse paradoxo

ABSTRACT

The process of transition to parenthood demands from parents an intense work of reorganizing their representations about the expected baby and about themselves. When this baby is diagnosed with cerebral palsy, a disease resulting from an early neurological injury, this work suffers a rupture that can compromise the parental investment in the child. Our objective in this work is to investigate how certain representations constructed by parents, who seem to ignore the damage to the childs development and at the same time recognize it, can favor the recomposition of parental investment after the trauma caused by the diagnosis. Two clinical fragments will illustrate this paradox