A clínica psicanalítica da política: a paranoia política à luz do quarto pressuposto de Sandler
Miranda Leitão, Valton de.
Reverie: revista de psicanálise;
10(1): 116-135, noviembre 2017.
Artículo
en Portugués
| Bivipsil | ID: psa-4479
O presente estudo está localizado numa encruzilhada teórico-prática na qual os grupos humanos
são examinados a partir do funcionamento do seu inconsciente político. O inconsciente grupal
da perspectiva aqui trabalhada é o dos pressupostos básicos de Bion, sempre apontando para
uma tarefa politicamente determinada. A libido e o desejo sexual são secundarizados para dar
lugar ao exame da luta delirante pelo Poder. O vértice de abordagem do inconsciente grupalinstitucional
situa os pressupostos bionianos sob o guarda-chuva do quarto pressuposto,
que corresponde ao narcisismo e à alucinose. Nesse sentido, o motor paranoico da política,
conforme minha concepção, é relacionado com o quarto pressuposto de Sandler, caracterizando
a negatividade que está na base de qualquer processo histórico-político. Isso corresponde ao
conceito marxiano de que a história decorre como processo dialético, envolvendo a presença
de uma tese, imediatamente contraditada por uma antítese que dará origem a uma síntese.
O movimento permanente é o mesmo que atinge qualquer grupo humano, seja psicanalítico,
político-partidário ou acadêmico. O dispositivo descrito por Sandler da divisão narcísico-delirante
de grupos militares e psicanalíticos, caracterizando sentimentos conscientes/inconscientes de
pertencimento e exclusão, coincide com o que Carl Schmitt, em O conceito do político, refere
como o embate permanente entre amigos e inimigos, envolvendo coletividades e nações. É,
portanto, uma formulação do trabalho histórico do negativo, em contraste com a afirmação
espinosana da completa positividade do fenômeno histórico-político. O topos ético-político
positivo, conforme Gramsci, não pode ser alcançado, pois é a guerra no sentido hobbesiano,
e não a paz, o que prevalece no modus operandi de qualquer política. Trata-se, assim, de um
pessimismo antropológico-político que refuta contundentemente a proposta kantiana da paz
perpétua. Creio que este trabalho dá uma contribuição para a compreensão do fenômeno
histórico-político em geral e, principalmente, de suas dramáticas manifestações atuais
são examinados a partir do funcionamento do seu inconsciente político. O inconsciente grupal
da perspectiva aqui trabalhada é o dos pressupostos básicos de Bion, sempre apontando para
uma tarefa politicamente determinada. A libido e o desejo sexual são secundarizados para dar
lugar ao exame da luta delirante pelo Poder. O vértice de abordagem do inconsciente grupalinstitucional
situa os pressupostos bionianos sob o guarda-chuva do quarto pressuposto,
que corresponde ao narcisismo e à alucinose. Nesse sentido, o motor paranoico da política,
conforme minha concepção, é relacionado com o quarto pressuposto de Sandler, caracterizando
a negatividade que está na base de qualquer processo histórico-político. Isso corresponde ao
conceito marxiano de que a história decorre como processo dialético, envolvendo a presença
de uma tese, imediatamente contraditada por uma antítese que dará origem a uma síntese.
O movimento permanente é o mesmo que atinge qualquer grupo humano, seja psicanalítico,
político-partidário ou acadêmico. O dispositivo descrito por Sandler da divisão narcísico-delirante
de grupos militares e psicanalíticos, caracterizando sentimentos conscientes/inconscientes de
pertencimento e exclusão, coincide com o que Carl Schmitt, em O conceito do político, refere
como o embate permanente entre amigos e inimigos, envolvendo coletividades e nações. É,
portanto, uma formulação do trabalho histórico do negativo, em contraste com a afirmação
espinosana da completa positividade do fenômeno histórico-político. O topos ético-político
positivo, conforme Gramsci, não pode ser alcançado, pois é a guerra no sentido hobbesiano,
e não a paz, o que prevalece no modus operandi de qualquer política. Trata-se, assim, de um
pessimismo antropológico-político que refuta contundentemente a proposta kantiana da paz
perpétua. Creio que este trabalho dá uma contribuição para a compreensão do fenômeno
histórico-político em geral e, principalmente, de suas dramáticas manifestações atuais
Descriptores locales
Sociedade Psicanalítica de Fortaleza; SPFOR; ALUCINOSE; GRUPO; PARANOIA.
Biblioteca responsable:
UY116.1