RESUMO
INTRODUÇÃO: Historicamente, a cardiopatia congênita traz redução da qualidade de vida da criança portadora da patologia. Com o aprimoramento das formas de correção, estes pacientes apresentam melhor sobrevida, de forma que hoje há mais adultos com cardiopatia congênita. A prática de atividade física vem sendo encorajada nesses pacientes. Relatamos um caso de um paciente portador de cardiopatia congênita cianótica corrigida nos primeiros dias de vida, atualmente praticante de atividade física. Relato de caso: Paciente masculino, 26 anos, com dextro transposição de grandes artérias (DTGA), comunicação interatrial e persistência do canal arterial. Aos 09 dias de vida, submetido a procedimento para correção da cardiopatia, por meio da cirurgia de Jatene (CJ) com manobra de Lecompte. Aos 18 anos manifestou desejo de praticar atividade física, sendo feita avaliação pré-participação. Cintilografia do Miocárdio com ausência de sinais de isquemia; Teste ergométrico (TE) com boa capacidade funcional, Extras sístoles ventriculares isoladas e raras; ecocardiograma transtorácico dentro da normalidade. Atualmente realiza atividade física resistida (musculação 80 min por dia, 6 dias por semana), sem sintomas durante a prática ou o repouso. Em exames atuais observa--se: TE em ritmo atrial multifocal, sem alterações sugestivas de isquemia, com boa capacidade aeróbica (16,2 METs e VO2 56 mL/kg. min); Ressonância miocárdica com câmaras cardíacas de dimensões preservadas, função sistólica biventricular preservada, ausência de áreas de edema, gordura ou fibrose. DISCUSSÃO e CONCLUSÃO: A DTGA corresponde a cerca de 8% de todas as cardiopatias congênitas, com alto índice de letalidade antes do surgimento de correções cirúrgicas, chegando a 90% de mortalidade no primeiro ano de vida. Inicialmente reduzia-se danos da DTGA através de correção atrial. Com o desenvolvimento da CJ (ou switch arterial) houve melhora progressiva do prognóstico e qualidade de vida, principalmente se realizada nos primeiros dias de vida. Devido a isso, muitos pacientes submetidos à CJ praticam exercícios físicos ou atividades competitivas, tornando o acompanhamento um desafio para o cardiologista, visto que não há evidências robustas sobre os impactos de tais atividades a longo prazo. Conclui-se a importância de seguimento com exames periódicos de tais pacientes, com coleta de dados e a necessidade de mais estudos para este cenário.