RESUMO
A poluição atmosférica é medida pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar, que o torna impróprio ou nocivo a saúde. Dentre as fontes com elevado potencial poluidor, encontram-se as indústrias petroquímicas, e estudos indicam maior prevalência de hipotireoidismo nas regiões próximas a um polo petroquímico. A partir de denúncias dos moradores da região próxima do Polo Petroquímico de Capuava (PPC), foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela Câmara Municipal de São Paulo, para investigação, e solicitado a realização de um inquérito epidemiológico. Objetivo: verificar se há maior prevalência de doença tireoidiana nas áreas próximas ao PPC comparando com áreas sem a exposição à emissão de poluentes por esse tipo de fonte fixa. Método: O inquérito epidemiológico foi realizado por sorteio aleatório em duas etapas, sendo cinco áreas trabalhadas com entrevista e levantamento de dados de saúde, exame dos entrevistados que apresentavam três ou mais sintomas e/ou referiram doença tireoidiana, e avaliação médica. Resultados: foram respondidos 3.674 questionários com 879 residentes encaminhados para coleta de exames, onde 654 concluíram todas as etapas passando em consulta médica. Desses, 101 residentes da área de exposição e 65 residentes da área controle receberam diagnóstico de doença tireoidiana. Quando analisada a população total entrevistada, a prevalência da doença tireoidiana foi de 4,6 na área de exposição e 4,4 na área controle. Já considerando apenas a população testada, a prevalência da doença na população foi de 23,7% e 28,5% respectivamente. Em relação a percepção de poluentes, 77% dos residentes da área de exposição referiram pelo menos uma queixa relacionada e emissão de fumaça, odor, poeira, fuligem ou ruído decorrentes das atividades executadas pelo PPC. Conclusão: o estudo demonstrou não haver uma diferença significativa entre as áreas, os resultados mostraram que a probabilidade de desenvolver doença tireoidiana não teve diferença significativa entre as áreas, entretanto, deve ser considerado o grande incômodo referido pela maioria dos entrevistados residentes na área de exposição. Novos estudos devem ser conduzidos nas áreas próximas a polos industriais para levantamento de dados de saúde e qualidade do ar.
Assuntos
Humanos , Animais , Masculino , Feminino , Abastecimento de Água , Água Potável , Água , Consumo de Água (Saúde Ambiental) , Consumo Doméstico de Água , Armazenamento de Água , Consumo Público de Água , Controle da Qualidade da Água , Vigilância de Produtos Comercializados , Vigilância Sanitária , Vigilância Sanitária AmbientalAssuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Qualidade da Água , Vigilância Sanitária Ambiental , Ingestão de LíquidosRESUMO
O Sistema Único de Saúde teve seus princípios estabelecidos com base no artigo 198 da Lei Orgânica da Saúde, em 1990, sendo um dos princípios ideológicos a integralidade. No âmbito da saúde do trabalhador e ecologia humana, trabalhar de forma intersetorial e com integralidade é quase uma premissa para eficácia das ações e diminuição dos agravos relacionados à saúde do trabalhador. Dentro deste contexto, este trabalho tem por objetivo apresentar a experiência de uma sanitarista, lotada em uma coordenadoria de vigilância em saúde do programa de qualidade da água para consumo humano, no município de São Paulo, apresentando os desafios da integralidade no SUS, voltado para saúde ambiental com trabalhadora exposta. A metodologia utilizada de relato de experiência ou artigos relatórios tem a finalidade de publicar resultados e reflexões vivenciadas em campo. A experiência revelou a importância das ações de vigilância em saúde ambiental nas ações preventivas e corretivas relacionadas à exposição da população a contaminantes químicos, derivado de solo contaminado, presentes em água comercializada para consumo humano proveniente de poço tubular profundo. O trabalho intersetorial, com CETESB, Departamento de Aguas e Energia Elétrica (DAEE), SUVIS, Diretoria Regional de Saúde (DRS), Vigilância Ambiental do Município de Diadema e Delegacia de Policia de Proteção ao Consumidor (DPPC), desencadeou ações de vigilância em saúde ambiental eficazes como inspeção coletiva, elaboração e aplicação de protocolo de atendimento assistencial aos expostos, busca ativa de possíveis expostos, interrupção da rota de exposição e abertura de processo de crime ambiental. As interlocuções foram feitas com diversas áreas intrasetoriais, como atenção primária, vigilância ambiental e sanitária, porém, houve uma lacuna em todo este processo de integralidade vivenciado, faltando à interlocução com a Saúde do Trabalhador. Por mais que se tenha interrompido a rota e acompanhado os expostos, conclui-se como uma grande falha a não interlocução com a área da saúde do trabalhador, e nos remete a reflexão da necessidade de mudanças nos processos de trabalho em saúde, na organização da rede de atenção e na atuação dos profissionais, que contemplem a complexidade das relações trabalho-saúde, porque, se o trabalho define a forma em que vamos viver adoecer e morrer, toda ação de saúde deve ser sempre concomitante com as ações da saúde do trabalhador.