Contributos do enfermeiro gestor na cultura de segurança / The nurse manager's contribution to safety culture

RESUMO ENQUADRAMENTO: O contexto e as condições em que se prestam cuidados de saúde são condicionantes de ambientes seguros. Os doentes, as famílias e os profissionais de saúde devem sentir confiança e abertura para discutir e antecipar fragilidades do sistema. Para isso é necessário priorizar, desenvolver e criar condições que permitam garantir uma cultura centrada na segurança (Despacho nº 9390/2021, 2021), cabendo ao enfermeiro gestor um papel decisivo em desenvolver e impulsionar estratégias que visem promover uma cultura de segurança, numa lógica de melhoria contínua (OE, 2018) justificando-se assim, a pertinência deste estudo. OBJETIVOS: Identificar as estratégias utilizadas pelos enfermeiros gestores que promovem a cultura de segurança e os fatores que condicionam a sua promoção na prática. METODOLOGIA: Realizou-se um estudo: exploratório-descritivo, de natureza qualitativa, cujos participantes foram os enfermeiros gestores de um centro hospitalar da zona centro, selecionados intencionalmente. Os dados foram obtidos através de uma discussão de focus group. A análise de conteúdo foi efetuada segundo a perspetiva de Bardin (2016). Os aspetos éticos foram tidos em consideração, tendo sido garantido o anonimato e a confidencialidade. RESULTADOS: Os enfermeiros gestores identificaram a notificação de incidentes, a formação, a atribuição de áreas de responsabilidade, e as reuniões como algumas estratégias que implementam para promover a cultura de segurança. Consideraram ainda, a motivação, as competências, o envolvimento e colaboração, a documentação das práticas, a acreditação e a liderança alguns facilitadores da sua promoção. Porém, também identificaram alguns constrangimentos que a dificultam, nomeadamente as dotações insuficientes, a notificação punitiva, a interoperabilidade ineficiente, a resistência à mudança e a escassez e inoperacionalidade dos recursos materiais. CONCLUSÕES: Os enfermeiros gestores encontram-se numa posição privilegiada para proporcionar a implementação de estratégias promotoras da cultura de segurança, de acordo com a mais recente evidência e favorecer a segurança dos cuidados, porém deparam-se com alguns constrangimentos a ultrapassar.

Higienização de mãos e uso de luvas: Gestão de Práticas de Enfermagem / Hand hygiene and glove use: Nursing Practice Management

As Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde são consideradas um problema grave à escala mundial, sendo alvo de atenção especial por parte da Organização Mundial de Saúde e a Direção-Geral da Saúde. Ao longo dos anos, estas organizações têm promovido diversas iniciativas para minimizar e erradicar este problema. A higiene das mãos e o uso de luvas têm se evidenciado, como das medidas mais acessíveis e eficientes para combater esta problemática. No entanto, a adesão a estas boas práticas continua a estar longe do desejado. Esta investigação foi realizada numa instituição de saúde da região centro de Portugal, através de um estudo sobre as práticas de enfermeiros relacionadas com a higienização das mãos e uso de luvas. Enveredou-se pela realização de um estudo com características mistas (metodologia quantitativa e qualitativa). Foram estabelecidos como objetivos do estudo: identificar as barreiras à higienização das mãos percecionadas pelos enfermeiros; identificar práticas dos enfermeiros relativamente ao uso das luvas e conhecer estratégias utilizadas pelos enfermeiros gestores para promover a adesão à higienização das mãos e uso de luvas. Os resultados permitiram identificar como principais barreiras à HM, aspetos da responsabilidade da área da gestão, ?Liderança & Alertas Formais? e ?Avaliação & Feedback?. Deste modo, os enfermeiros destacam a importância do papel desempenhado pelas chefias na motivação para a mudança de comportamentos, através de trabalho em equipa e boas relações entre os profissionais de saúde. Verificou-se que a maioria dos enfermeiros detém conhecimentos sobre o uso correto de luvas e que os enfermeiros gestores, criam estratégias como por exemplo divulgação de cartazes e ações de sensibilização, para promover a adesão à higienização das mãos e uso de luvas. Concluímos que existe a necessidade de aumentar a formação em serviço neste âmbito, criar estratégias para colmatar as lacunas a nível de recursos materiais, reforçar a cultura de segurança através da notificação de erros e valorizar o papel do enfermeiro gestor na prevenção e controlo de IACS.

Perceção dos enfermeiros sobre o contributo do Patient Care para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados / Nurses' perception of the contribution of Patient Care to the continuous improvement of quality of care

As tecnologias digitais não podem ser vistas como uma interferência indesejada nos cuidados de saúde e nas relações terapêuticas que os enfermeiros têm com os seus clientes e famílias. Na prática de enfermagem, as tecnologias permitem fortalecer a relação e liderança nos sistemas de saúde, com garantia de melhores cuidados. Assim, o uso das tecnologias de informação e comunicação, potenciam o acesso ao conhecimento, à informação organizada, permitindo uma maior eficácia na tomada de decisão clínica, na efetividade do desempenho profissional e na garantia da qualidade e segurança da prestação de cuidados. Consubstanciando-se nestes pressupostos, o presente estudo tem como objetivo geral: conhecer a perceção dos enfermeiros sobre o contributo do PaTIENT CARE para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados. Como objetivos específicos: conhecer as vantagens da utilização do PaTIENT CARE pelos enfermeiros, identificar as dificuldades na utilização do PaTIENT CARE pelos enfermeiros e conhecer as melhorias percecionadas pelos enfermeiros nos cuidados de enfermagem com a utilização do PaTIENT CARE. Foi desenvolvido um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, tendo participando quatro enfermeiras gestoras e cinco enfermeiros de um Hospital da região norte de Portugal, através do Focus group. Recorreu-se à técnica de análise de conteúdo para tratamento dos resultados obtidos. Da análise realizada sobressai que os enfermeiros gestores e os enfermeiros reconheceram como vantagens da utilização do PaTIENT CARE: a monitorização de indicadores, a promoção de ambiente seguro, o mecanismo de comunicação entre a equipa e o cumprimento de padrões de qualidade. Partilharam da mesma opinião quanto à otimização das respostas, mencionando que tem vantagens na gestão de recursos. No que diz respeito, às dificuldades na utilização do PaTIENT CARE, ambos os grupos do Focus group apontaram a interoperabilidade dos sistemas de informação, o acompanhamento da empresa e a falta de formação, como os principais aspetos dificultadores. No entanto, os enfermeiros também mencionaram a otimização do processo de cuidados como uma dificuldade no seu uso. Quanto às suas perceções acerca das melhorias percecionadas com a utilização do PaTIENT CARE, os enfermeiros gestores referiram que permite a Integração de sistemas de informação, a coesão da equipa, a reflexão sobre as práticas, a gestão participativa e a comunicação com a equipa, sendo estas duas últimas reiteradas pelos enfermeiros, que também apontaram a facilidade com o uso de sistemas de informação e a uniformização da linguagem. Em suma a utilização do PaTIENT CARE, revelou-se ser uma ferramenta que ajuda os enfermeiros no desempenho das suas funções e permite melhorar a qualidade dos cuidados.

Digital technologies can`t be seen as unwanted interference in health care and in the therapeutic relationships that nurses have with their clients and families. In nursing practice, technologies make it possible to strengthen the relationship and leadership in health systems, guaranteeing better care. Thus, the use of information and communication technologies enhances access to knowledge, to organized information, allowing greater effectiveness in clinical decision-making, in the effectiveness of professional performance, and in ensuring the quality and safety of care provision. Based on these assumptions, the present study has the general objective: to know the perception of nurses about the contribution of PaTIENT CARE to the continuous improvement of the quality of care. As specific objectives: to recognize the advantages of the use of PaTIENT CARE by nurses, to identify the difficulties in the use of PaTIENT CARE by nurses, and to know the improvements perceived by nurses in nursing care with the use of PaTIENT CARE. A qualitative, descriptive, and exploratory study was developed, with the participation of four manager nurses and five nurses from a Hospital in the northern region of Portugal, through the Focus group. The content analysis technique was used to process the results obtained. From the analysis carried out, it stands out that nurse managers and nurses recognized the advantages of using PaTIENT CARE as advantages: the monitoring of indicators, the promotion of a safe environment, the communication mechanism between the team, and the fulfillment of quality standards. They shared the same opinion regarding the optimization of responses, mentioning that it has advantages in resource management. With regard to difficulties in using PaTIENT CARE, both Focus groups pointed to the interoperability of information systems, company monitoring, and lack of training as the main hindering aspects. However, nurses also mentioned the optimization of the care process as difficulty in its use. As for their perceptions about the improvements perceived with the use of PaTIENT CARE, the nurse managers mentioned that it allows the integration of information systems, team cohesion, reflection on practices, participatory management, and communication with the team, being the latter two reiterated by the nurses, who also pointed out the ease with the use of information systems and the standardization of language. In conclusion, the use of PaTIENT CARE proved to be a tool that helps nurses in the performance of their duties and allows for an improvement in the quality of care.

Barreiras à higienização das mãos dos enfermeiros em Unidades de Cuidados Continuados: Contributos para os enfermeiros gestores / Barriers to hand hygiene of nurses in Long Term Care Units: Contributions for nurse managers

Introdução: A prática da higienização das mãos (HM) reveste-se da maior importância assumindose como uma medida fundamental para a prevenção de infeções associadas aos cuidados de saúde e qualidade de cuidados, contribuindo para a segurança dos doentes e profissionais de saúde (Guedes et al, 2012). Também a DGS (2019) considera a HM como uma medida com grande impacto na prevenção e controlo das IACS e resistência aos antimicrobianos (RAM). Os enfermeiros têm um papel relevante na prevenção de complicações e na melhoraria da qualidade e eficiência dos cuidados prestados. Objetivo: Analisar as barreiras segundo a perceção dos enfermeiros, que dificultam a adesão às boas práticas de higiene das mãos nas unidades de cuidados continuados. Metodologia: Estudo de natureza quantitativa, transversal, descritivo-correlacional. A recolha de dados foi realizada (06 de abril de 2020 a 23 de setembro 2020) em três Unidades de Cuidados Continuados, em cidade da região Centro de Portugal. Foi aplicado um instrumento de recolha de dados às equipas de enfermagem, que incluía questões para avaliação das características sociodemográficas dos enfermeiros e questionário elaborado por Pisoeiro (2012): ?Barreira à Adesão à Higiene das Mãos?. às equipas de enfermagem, seguindo os procedimentos éticos. A análise dos dados foi realizada com o recurso a aplicação IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Resultados: As dimensões ?Avaliação & Feedback? e ?Materiais e Equipamentos?, foram percecionadas pelos enfermeiros, como as barreiras mais importantes para a HM. As variáveis sociodemográficas não revelaram ter qualquer influência na forma como os enfermeiros percecionavam as barreiras à HM, com exceção do tempo de serviço na unidade de cuidados, que se correlacionou negativamente com a ?Liderança & Alertas Formais?. A ?Liderança & Alertas Formais? correlacionou-se positiva e significativamente, com as dimensões ?Materiais & Equipamentos?, Clima Organizacional? e ?Avaliação & Feedback?. Foi ainda verificado, que a dimensão ?Liderança & Alertas Formais? evidencia um efeito preditor na dimensão ?Avaliação & Feedback? (?=.73), na dimensão ?Clima Organizacional? (?=.38); e na dimensão ?Materiais e Equipamentos? (?=.49), explicando respetivamente 54%, 14% e 24% da variância explicada das referidas dimensões. . Conclusão: O enfermeiro gestor deverá conhecer quais as barreiras à HM, percecionadas pelos enfermeiros, para poder implementar medidas que aumentem a adesão a esta precaução básica de controlo de infeção, de forma a prevenir as infeções associadas aos cuidados de saúde.

Organização do trabalho dos enfermeiros: Desafios do enfermeiro gestor / Organization of nurses' work: Challenges of the nurse manager

No âmbito da organização do trabalho dos enfermeiros é comum o trabalho por turnos, de forma rotativa, 24 horas por dia, 365 dias por ano, o que representa um grande desafio na organização dos horários de trabalho. Isto confere grande complexidade no desempenho das funções de gestão. Contudo, não existe evidência sobre os desafios do enfermeiro gestor na organização do trabalho dos enfermeiros, assim esta dissertação tem como objetivo geral identificar os desafios dos enfermeiros gestores na elaboração dos horários de trabalho. Método: Desenvolveu-se um estudo em parceria com a Ordem dos Enfermeiros, de cariz transversal, descritivo, com uma abordagem mista, tendo sido realizada colheita de dados quantitativa e qualitativa. Aplicado a enfermeiros com responsabilidade na área da gestão de unidades de saúde. Os dados foram colhidos através da aplicação de um questionário on-line. Resultados: Os maiores desafios sentidos pelos enfermeiros gestores na elaboração dos horários de trabalho foram os horários facilitadores; os horários condicionados; o absentismo; os planos de integração; a imprevisibilidade na lotação do serviço; a formação em serviço; as dotações insuficientes; e os estatutos trabalhador-estudante. Conclusão: Apesar dos enfermeiros gestores considerarem que têm conhecimento acerca dos normativos legais para a elaboração de horários, uma parte dos enfermeiros gestores assume não cumprir a legislação vigente.

Papel do enfermeiro gestor na implementação de estratégias para diminuir a ocorrência de erros de medicação, num Serviço de Urgência / Role of the nurse manager in the implementation of strategies to reduce the occurrence of medication errors in an Emergency Service

Enquadramento: A segurança do doente conquistou um lugar de destaque no setor da saúde. É reconhecida como um tema fundamental na prestação de cuidados de saúde de qualidade. O erro de medicação é um dos temas prioritários e o enfermeiro gestor tem um papel importante na sua redução. Objetivos: Definiu-se como objetivo geral identificar quais as estratégias que poderão ser implementadas pelo enfermeiro gestor para diminuir a ocorrência de erros de medicação, percecionados pelos enfermeiros de um SU português. Como objetivos específicos definiram-se: caracterizar os erros associados à gestão de medicação; identificar a incidência de erro nas diferentes fases do processo de gestão de medicação; identificar as causas precipitantes do erro na gestão de medicação; identificar as medidas de mitigação de dano realizadas pelos profissionais; identificar se ocorreu a notificação do erro; identificar as medidas preventivas propostas pelos profissionais; perceber a importância do papel do enfermeiro gestor na garantia das melhores práticas profissionais de forma a reduzir a ocorrência de erros de medicação; e analisar a influência das variáveis sociodemográficas e profissionais na perceção dos enfermeiros, sobre o papel do enfermeiro gestor na implementação de estratégias para diminuir a ocorrência de erros de medicação. Metodologia: Desenvolveu-se um estudo transversal, quantitativo, descritivo-correlacional tratando-se de uma investigação por questionário. A amostra é constituída por 63 enfermeiros. O estudo decorreu num Hospital Público da região Norte de Portugal. Os dados foram analisados no IBM SPSS Statistics versão 28. Resultados: A formação em serviço e a implementação de políticas, diretrizes e protocolos clínicos são as estratégias que poderão ser implementadas pelo enfermeiro gestor de forma a diminuir a ocorrência de erros de medicação no SU. O incidente sem dano foi o erro de medicação mais reportado (68%) seguido do near miss (24%). A fase do processo de gestão de medicação mais referenciada foi a fase de administração (49%), seguida da fase de preparação (33%). O ambiente de trabalho (59%) seguido dos fatores individuais (43%) foram as causas precipitantes do erro na gestão de medicação mais reportadas. Quanto às medidas de mitigação de dano realizadas pelos profissionais quando confrontados com um erro de medicação, 86% vivenciaram e aprenderam com o erro individualmente, 54% aumentou a vigilância do doente e 35% notificou o enfermeiro responsável. Apenas 14% notificou o erro na plataforma da DGS Notific@. A identificação inequívoca do doente (65%) seguida da preparação de terapêutica antes da sua administração (56%) foram as medidas preventivas propostas pelos profissionais. Quando analisamos a influência das variáveis sociodemográficas e profissionais na perceção dos enfermeiros, sobre o papel do enfermeiro gestor na implementação de estratégias para diminuir a ocorrência de erros de medicação, verificamos através dos dados que apenas a hipótese relacionada com a idade dos enfermeiros foi confirmada, apesar de ser uma correlação fraca e negativa. Conclusão: Uma boa gestão dos erros é tão importante como reduzi-los. A experiência do erro pode desenvolver as capacidades adaptativas dos enfermeiros às diversas situações e, também, pode constituir uma forma de aprendizagem, com valor pedagógico e um marco para o desenvolvimento do conhecimento. Assim, conclui-se que é importante a implementação de estratégias pelo enfermeiro gestor de forma a diminuir a sua ocorrência.

A motivação na prática do enfermeiro gestor: Um contributo para o comprometimento organizacional / Motivation in the practice of nurse managers: A contribution to organizational commitment

Problemática: A motivação permite ao enfermeiro gestor desenvolver competências num ambiente tão complexo como os sistemas de saúde, marcado pela escassez de recursos materiais e humanos. A relação positiva entre a motivação e o comprometimento organizacional favorece a maximização do desempenho, da produtividade, e da qualidade dos cuidados, assim como a minimização das taxas de absentísmo, do turnover e dos custos em saúde. Objetivos: Analisar os níveis de motivação dos enfermeiros gestores e relacionar o seu impacto sobre as variáveis sociodemográficas, académicas, profissionais, e do comprometimento organizacional. Assim como os fatores facilitadores e dificultadores da motivação para o trabalho. Material e Método: Pesquisa qualitativa, descritiva, transversal, com 16 enfermeiros gestores do serviço público de saúde da região centro de Portugal, utilizou-se um questionário on-line contendo a Multidemiensional Work Motivation Scale e a Escala do Comprometimento Organizacional. Conclusões: observaram-se altos níveis de regulação introjetada no gênero masculino, e grande parte de profissionais com competências organizacionais. A concentração de pós-graduação/especialização demonstrou a busca por capacitação, a habilitação profissional revelou o predomínio de peritos na gestão em enfermagem. O tempo na gestão em enfermagem e gestão do serviço reduz a motivação intrínseca com o passar dos anos. A medida que os participantes apresentam aumento da motivação extrínseca material, menor será a percepção de culpa ou dívida que os obriga a permanecer no serviço. A dimensão identificada foi a mais pontuada colaborando para o comprometimento afetivo ter maior expressão nesta pesquisa.

Contributo das TIC para a enfermagem na pandemia por COVID-19: Perceção dos enfermeiros gestores / Contribution of ICT to nursing in the pandemic by covid-19: Perception of managing nurses

Atualmente, a humanidade vive um cenário de desconhecimento e incerteza em torno da doença COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que "transformou o mundo laboral e trouxe profundas e rápidas mudanças no mercado de trabalho, nos modelos de negócio e na organização e gestão do trabalho" (Direção Geral de Saúde, 2020c, p.5). Este estudo teve por objetivo analisar a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) pelos enfermeiros gestores na gestão dos cuidados em contexto pandémico. Foi desenvolvido um estudo qualitativo, descritivo e exploratório. A amostra foi constituída por seis enfermeiros gestores, de vários serviços, de um hospital privado da Região Norte de Portugal. A técnica de recolha de dados utilizada foi o Focus group. A análise e o tratamento de dados foram realizadas através da análise de conteúdo, segundo Bardin (2002). Os enfermeiros gestores identificaram a utilização de várias ferramentas e estratégias digitais em tempo de pandemia, nomeadamente, o WhatsApp®, a plataforma Teams®, email e intranet. A sua utilização teve um papel fundamental na formação dos enfermeiros, na partilha de informações entre equipas, na gestão de recursos, na consulta de documentação e na comunicação interprofissional, inclusive entre os hospitais da rede. Salienta-se, ainda, a relevância que estas estratégias tiveram na comunicação com os utentes no geral e entre os clientes internados e a família. Concluímos que a pandemia foi um vetor de aceleração para o processo natural da implementação e adaptação às TICs, aditando vantagens para a tomada de decisão e processos de trabalho. Podemos, ainda, concluir que a utilização das TICs demonstrou uma significativa eficácia a nível da comunicação entre o enfermeiro gestor e as equipas de enfermagem e na gestão dos cuidados

Currently, humanity lives a scenario of ignorance and uncertainty surrounding the disease COVID-19, caused by the coronavirus SARS-CoV-2, which "transformed the world of work and brought about profound and rapid changes in the labor market, in business models and in the organization and management of work "( Direção Geral de Saúde, 2020c, p.5). This study aims to analyze the use of Information and Communication Technologies (ICT) by nurse managers in the management of care in a pandemic context. A qualitative, descriptive and exploratory study was developed. The sample was consisted of six nurse managers, from various services, of a private hospital in the Northern Region of Portugal participated in the investigation. The data collection technique used was the focus group. Data analysis and treatment were performed through content analysis, according to Bardin (2002). The nurse managers identified the use of several digital tools and strategies in a pandemic time, namely, WhatsApp®, the Teams® platform, email and intranet. Its use had a fundamental role in the training of nurses, in the sharing of information between teams, in the management of resources, in the consultation of documentation and in interprofessional communication, including between hospitals in the network. It is also emphasized the relevance that these strategies had in the communication with the users in general and between hospitalized users and the family. The pandemic was a vector for accelerating the natural process of ICT implementation and adaptation, adding advantages to decision-making and work processes. We can also conclude that the use of ICT has demonstrated a significant efficiency in terms of communication between the nurse manager and the nursing teams and in the management of care

Adesão ao uso dos equipamentos de proteção individual durante a pandemia COVID-19: Perceção dos Enfermeiros gestores / Adhesion to the use of personal protective equipment during the covid-19 pandemic: Perception of nurses managers

O que faz com que os profissionais de saúde reconheçam a importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) para a sua proteção e não adiram ao seu uso, não é uma questão simples de abordar, sendo as causas multifatoriais. A pandemia COVID-19, fez emergir este problema, evidenciando o impacto da adesão ao uso dos EPI na proteção destes profissionais, tendo os Enfermeiros gestores assumido funções estratégicas, ao assegurarem uma resposta eficaz e segura, por forma a adequar as orientações aos contextos clínicos e garantir a sua capacitação. Com o desenvolvimento deste estudo, pretendeu-se compreender a adesão ao uso dos EPI pelos profissionais de saúde, durante a pandemia COVID-19, segundo a perceção dos Enfermeiros gestores de um hospital e especificamente identificar, segundo a perceção dos mesmos, os fatores facilitadores e dificultadores e conhecer as estratégias utilizadas pelos Enfermeiros gestores na promoção da adesão. Tratase de um estudo qualitativo, que utilizou uma entrevista semiestruturada para a recolha da informação. Participaram 17 Enfermeiros, que exerciam funções de gestão na primeira vaga, num hospital do Norte de Portugal. No tratamento da informação foi utilizado a análise de conteúdo, segundo Bardin (2016). Da análise efetuada resultaram três categorias: facilitadores da adesão ao uso de EPI, dificultadores da adesão ao uso de EPI e estratégias promotoras da adesão. Como facilitadores foram identificados: condicionadores dos estados emocionais, impacto da pandemia na adesão ao uso de EPI, formação das equipas para o uso EPI, disponibilidade de EPI, trabalho em equipa, atributos da cultura organizacional, gestão de pessoas e condições estruturais e físicas favoráveis, como fatores promotores da adesão. Como dificultadores emergiram: uso comprometido na adesão aos EPI, gestão da informação, fragilidades na cultura organizacional, problemas nas condições estruturais e físicas, problemas na gestão de pessoas, desconforto no uso de EPI, dificuldade na gestão de EPI, constrangimentos nos processos formativos e incumprimento da adesão nas pausas. As estratégias desenvolvidas incidiram em supervisionar a equipa e cuidados, identificar profissionais de referência, promover processos formativos, fomentar estratégias de comunicação, gestão de recursos materiais, potenciar processos de melhoria contínua e reconhecimento do trabalho. Com o intuito de potenciar a adesão ao uso de EPI, é imperativo que as organizações invistam nos facilitadores e estratégias encontradas, antecipando soluções para os aspetos dificultadores mencionados.

What makes health professionals recognize the relevance of using Personal Protective Equipment (PPE) for their protection and not adhere to its use is not a simple matter to address, as the causes are multifactorial. The COVID-19 pandemic made this problem emerge, highlighting the impact of the adherence to the use of PPE for the protection of these professionals, having the nurse managers assumed strategic roles, ensuring an effective and safe response, in order to adapt the guidelines to the clinical context and ensure the training of their professionals. The developed study aims to understand the adherence to the use of PPE by the health care professionals during the COVID-19 pandemic, according to the nurse managers perception, in a hospital context and specifically to identify the facilitating and hindering factors and to get to know the strategies used by the nurse managers to promote the use of PPE. This is a qualitative study, which used semi-structured interviews to gather information. There were 17 participating nurses who exercised management functions during the first outbreak, in a Hospital in the North of Portugal. The data collected has been processed and analyzed according to Bardin (2016). From the data analysis 3 categories have been identified: facilitators of adherence to the use of PPE, hinderers of adherence to the use of PPE and strategies that promote that adherence. As facilitating factors, it was identified: emotional state conditions, the impact of the pandemic on the adherence to the use of PPE, training of the health care teams for the use of PPE, availability of PPE, teamwork, attributes of organizational culture, people management and favorable structural and physical conditions, as factors promoting this adherence. As hindering factors, it was identified: compromised use in the adherence to PPE, information management, weaknesses in the organizational culture, problems in structural and physical conditions, problems in people management, discomfort in the use of PPE, difficulties in managing PPE, the constraints in the training processes and non-compliance with adherence during breaks. The strategies developed focused on supervising the team and the care provided, identifying reference professionals, promoting training processes, promoting communication strategies, managing material resources, enhancing processes of continuous improvement and recognizing work performance. In order to enhance the adherence to the use of PPE, it is imperative that the organizations invest in the facilitating factors and on the developed strategies, anticipating solutions for the mentioned hindering factors.

Clima e cultura organizacional: Estudo com enfermeiros em contexto hospitalar / Organizational climate and culture: A study with nurses in a hospital context

O clima organizacional é um construto de múltiplas dimensões que possuem a capacidade de caracterizar uma realidade organizacional. Já a cultura pode ser definida como uma componente de um sistema social que se manifesta no modo de perceber, atuar e partilhar significados dentro de uma organização. O presente estudo de cariz qualitativo, do tipo exploratório e descritivo teve por finalidade contribuir para a promoção de ambientes de trabalho saudáveis, através do conhecimento resultante da perceção dos enfermeiros em contexto hospitalar sobre o clima e a cultura organizacional. Os objetivos envolveram descrever a perceção dos enfermeiros em relação ao conceito de clima e cultura, se estes podem influenciar os processos de trabalho e a gestão de ambientes de trabalho saudáveis, e conhecer se o clima e a cultura potenciaram o desempenho profissional dos enfermeiros durante a pandemia por COVID-19. Participaram no estudo 16 enfermeiros, selecionados através de uma amostra em bola de neve, com um mínimo de um ano na instituição onde exerciam funções. Como técnica de recolha de informação optou-se pela entrevista semiestruturada e para a análise dos dados, a análise de conteúdo do tipo temática, segundo Bardin (2016). Da análise da informação obtida emergiram as categorias: conceito de clima e de cultura organizacional onde cada participante demonstrou algum conhecimento acerca dos temas, o clima e a cultura organizacional e os processos de trabalho onde foram identificados fatores determinantes como oportunidades de desenvolvimento, satisfação e apoio; clima e cultura organizacional e gestão de ambientes de trabalho saudáveis sendo estes dois domínios considerados como influentes nas atividades exercidas pelo Enfermeiro gestor; e clima e cultura organizacional no desempenho profissional durante a pandemia por COVID-19, com a evidência de processos que facilitaram e dificultaram este contexto. Assim, ficou evidente a necessidade de consciencializar os enfermeiros com os conceitos de clima e cultura organizacional, além de refletir como as competências do Enfermeiro gestor podem contribuir para um clima saudável, uma cultura sólida e para a promoção de ambientes de trabalho saudáveis.

The organizational climate is a multidimensional construct that has the ability to characterize an organizational reality. Culture, on the other hand, can be defined as a component of a social system that manifests itself in the way of perceiving, acting and sharing meanings within an organization. This qualitative, exploratory and descriptive study aimed to contribute to the promotion of healthy work environments, through knowledge resulting from the perception of nurses in the hospital context about the organizational climate and culture. The objectives involved describing the nurses' perception regarding the concept of climate and culture, whether these can influence work processes and the management of healthy work environments, and knowing whether climate and culture enhanced the professional performance of nurses during the pandemic by COVID-19. Sixteen nurses participated in the study, selected through a snowball sample, with a minimum of one year in the institution where they exercised functions. As a technique for collecting information, semi-structured interviews were chosen, and for data analysis, thematic content analysis, according to Bardin (2016). From the analysis of the information obtained, the following categories emerged: concept of organizational climate and culture, where each participant demonstrated some knowledge about the themes of organizational climate and culture and work processes, where determining factors such as opportunities for development, satisfaction and support were identified; organizational climate and culture and management of healthy work environments, these two domains being considered influential in the activities performed by the nurse manager; and organizational climate and culture in professional performance during the COVID-19 pandemic, with evidence of processes that facilitated and hindered this context. Thus, the need to make nurses aware of the concepts of organizational climate and culture was evident, in addition to reflecting on how the manager nurse's skills can contribute to a healthy climate, a solid culture and the promotion of healthy work environments

A relevância do papel do enfermeiro com competências de gestão nas USF / The relevance of the role of the nurse with management skills in the USF

A reforma dos Cuidados de Saúde Primários compreendeu a criação das Unidades de Saúde Familiar (USF) que levou a alterações nas funções de gestão dos enfermeiros. Deste modo, surge o interesse em saber qual a relevância que os enfermeiros atribuem ao enfermeiro com competências de gestão nas USF. Realizou-se um estudo qualitativo e descritivo através de questionários online, a 11 enfermeiros de USF do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Mondego. As participantes são do género feminino, com uma média etária de 50 anos, detendo entre 21 a 37 anos de exercício profissional, sendo quatro enfermeiras especialistas e duas com experiência no Conselho Técnico da USF. Os resultados evidenciam a relevância dada á existência de enfermeiros com competências de gestão nas equipas das USF atribuindo ao seu papel a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde e do desempenho profissional. As participantes esperam que o enfermeiro do Conselho Técnico exerça funções de liderança, gestão de recursos, avaliações de desempenho, represente a equipa de enfermagem e modere conflitos proporcionando uma melhoria da organização do trabalho. A participação de enfermeiros com competências de gestão no Conselho Técnico irá criar oportunidades de dinamização da equipa de enfermagem, melhorar os processos de cuidados de saúde, assim como da carreira de enfermagem. Como principais pontos fortes sobressaem a responsabilização, organização, autonomia; e como pontos fracos destaca-se a não exigência de um enfermeiro com estas competências. Relativamente às ameaças as respostas são pouco claras, salientando-se como ameaça claramente percebida a falta de reconhecimento das competências de gestão dos enfermeiros. Em suma, o estudo realça o papel fundamental do enfermeiro com competências de gestão na organização das unidades de saúde pelo contributo nos ambientes da prática de enfermagem, motivação e satisfação profissional nos enfermeiros.

Passagem de turno: Contributo para a qualidade na gestão da informação / Shift change: Contribution to quality in information management

A passagem de turno (PT) é um momento de transmissão da informação para a continuidade dos cuidados e de reflexão sobre as práticas. Contudo, faltam modelos consistentes que orientem esta prática, no sentido de uma melhor qualidade na gestão da informação. Realizou-se um estudo de âmbito institucional, descritivo-exploratório e correlacional, com abordagem quantitativa e qualitativa, usando amostragem aleatória estratificada dos serviços de internamento do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, cujos principais objetivos foram identificar o modelo em uso na PT nos serviços de internamento e identificar áreas de melhoria da qualidade da PT. Colhidos dados em 24 serviços por gravação de duas PT por serviço, usando duas grelhas de observação e dois questionários, construídos para este estudo. Os aspetos mais valorizados foram Diagnósticos Médicos (68,5%), Atitudes Terapêuticas (70.7%) e Prescrições Médicas (58.9) e «outros dados¼ (66%); os mais desvalorizados reportam-se à Avaliação Inicial (19.4%), Atividade Diagnóstica (36.8%), Diagnósticos de Enfermagem (41.8%) e Intervenções de Enfermagem (30.7%) em linguagem classificada. O enfermeiro gestor adotou uma intervenção promotora do pensamento de enfermagem em 13.0% dos casos. Verificou-se a existência de uma correlação positiva entre a prevalência dos referenciais teóricos nas auditorias realizadas aos sistemas de informação e documentação em enfermagem e a valorização dos Diagnósticos de Enfermagem e da área autónoma e concetual (global) na PT. Não se verificou a existência de relação entre a duração da PT e a quantidade de erros/inconsistências. Os Diagnósticos de Enfermagem tendem a ser mais valorizados nos serviços em que a intervenção do enfermeiro gestor é promotora do pensamento em enfermagem. As sugestões de melhoria que emergiram foram nas áreas da gestão da informação, explicitação da tomada de decisão clínica em enfermagem, interrupções da PT, condições físicas/espaço, organização da PT e dotação de pessoal. Prevalece ainda uma conceção de cuidados centrada numa lógica executiva em detrimento duma lógica concetual. Importando que o enfermeiro gestor adote uma liderança promotora do pensamento de enfermagem e da utilização do processo informatizado como suporte à transmissão da informação na PT.

Tecnologias da informação na gestão de recursos humanos: Aplicações informáticas para a elaboração de escalas / Information technology in human resource management: Computer applications for the preparation of scales

Os hospitais são organizações nas quais os recursos humanos são uma componente extremamente importante, não só por serem o seu ativo mais valioso mas também por consumirem a maior parcela dos seus recursos financeiros, o que obriga à implementação de medidas que contribuam para a eficiência. A obrigatoriedade de cumprir o previsto no artigo 14º do Decreto-Lei nº 259/98 de 18 de agosto, que na prática exigia o controlo biométrico da assiduidade, abriu uma janela de oportunidade para o desenvolvimento de aplicações informáticas que não se limitassem exclusivamente ao estabelecido na legislação, mas que apontassem para soluções integradas de gestão, incluindo módulos como o de elaboração de escalas, um real instrumento de trabalho facilitador para os gestores, nomeadamente do enfermeiro gestor operacional. Os resultados do estudo de natureza descritiva de abordagem quantitativa, permitiu identificar alguns aspetos e dimensões nas aplicações informáticas para a área da gestão de recursos humanos, respondendo assim às necessidades dos enfermeiros gestores operacionais. Foi aplicado um instrumento de colheita de dados aos enfermeiros gestores operacionais de uma instituição de saúde de grande dimensão e complexidade, gestores com experiências diferentes nos métodos utilizados para a elaboração de escalas, fator responsável por diferenças estatisticamente significativas encontradas em 18 dos 60 itens relativos a aspetos/dimensões que deveriam ser considerados na construção e desenvolvimento das aplicações informáticas. Os principais resultados obtidos levaram-nos a concluir que as aplicações informáticas devem ter um desenvolvimento progressivo e contínuo, incorporando novas funcionalidades que foram e virão a ser identificadas, contribuindo assim para a criação de soluções que integrem múltiplas dimensões da gestão de recursos humanos.