Estudos dos surtos de doença de Chagas ocorridas no Pará e Amapá: análise parasitológica, sorológica e molecular / Studies of the occured surtos of illness of Chagas in Pará and Amapá: parasitologic, sorologic and molecular analysis

RESUMO

Relatos de casos de Doença de Chagas na Amazônia Brasileira têm sido relativamente freqüentes na literatura. Entretanto, não se encontram relatos desses surtos acompanhados sistematicamente. Durante os últimos anos, o Instituto Evandro Chagas teve a oportunidade de fazer o seguimento de vários surtos agudos da doença, e nessa tese são descritas análises parasitológicas, sorológicas, entomológicas e de reservatórios de seis deles, utilizando desde técnicas tradicionais, até técnicas moleculares. A pesquisa parasitológica foi realizada em 423 pessoas (sintomáticos e contatos) relacionadas aos surtos do Pará (Abaetuba, Ananindeua, Barcarena, Belém e Bragança) e do Amapá (Mazagão). Foram encontradas 28,6 por cento (121/423) de positividade em pelo menos um dos testes parasitológicos 44,62 por cento (54/121) na gota espessa; 9,09 por cento (11/121) no QBC®; 81 por cento (98/121) no xenodiagnósticos e 60 por cento (73/121) na hemocultura. A pesquisa sorológica incluiu uma amostragem de 3633 pessoas nos municípios estudados. No teste de triagem (HAI) foram detectados 4,40 por cento dos indivíduos positivos (160/3633). Pelo teste de IFI para pesquisa de IgG estes soros apresentaram positividade de 3,19 por cento (116/3633) e 3,02 por cento(110/3633) apresentaram testes positivos para anticorpos IgM anti-Trypanosoma cruzi. Os pacientes diagnosticados (n=121) foram tratados e acompanhados pelo menos até dois anos. Realizou-se o seguimento dos exames laboratoriais em 4 cortes de tempo antes de tratar, 6 meses, 1 ano e 2 anos após tratamento, exceto o surto de Mazagão que teve os seguimentos expandidos para cinco e sete anos. Os exames parasitológicos negativaram em 118 (97,52 por cento) pacientes. Três pacientes foram re-tratados e negativaram os testes parasitológicos subseqüentes. Em 5 surtos os exames sorológicos seguidos até dois anos revelaram negativação da IgM e redução progressiva dos títulos de IgG sem desaparecimento da imunoglobulina