Diversidade fenotípica de polimorfismos na região controladora do locus(LCR) do gene da globina beta na anemia falcifore / Phenotypic diversity of polymorphisms in the locus control region (LCR) of the beta globin gene in sickle falcifore
Os indivíduos com anemia falciforme (AF) possuem perfil clínico heterogêneo em função de fatores variados que contribuem para a modulação da doença, como a concentração de hemoglobina fetal (HbF), presença de haplótipos (HAPLO) ligados ao grupo de genes da globina beta S, talassemia alfa (TA) e mutações em genes específicos, como as localizadas nos sítios hipersensíveis a ação da DNAse I na região controladora do lócus da globina beta (LCR). O objetivo do presente estudo foi identificar subfenótipos da anemia falciforme a partir do estudo de marcadores biológicos associados aos seus portadores. As determinações hematológicas, bioquímicas e sorológicas foram realizadas na Faculdade de Farmácia da UFBA pelo uso de Kits diagnósticos e métodos automatizados. O padrão de hemoglobina foi analisado por cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC), os haplo por PCR-RFLP e a TA por PCR. As sequências do HS-LCR foram amplificadas através da PCR e sequenciadas no ABI Prism 3100 DNA Sequencer. As análises estatísticas foram realizadas nos programas EPI INFO versão 6.04, SPSS versão 18.0 e o Prism versão 5.0. Os valores de p<0,05 foram considerados significativos para as análises realizadas. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisas do CPqGM-FIOCRUZ. Foram investigados 2223 indivíduos com AF, com idade entre 1-50 anos e média de 20,86 (±11,06) anos, sendo 50,70% mulheres. Valores significativos foram encontrados para os dados hematológicos e bioquímicos entre os sexos para contagem global de linfócitos nos homens (6414,85 ± 3940,70 x106/L) e mulheres (5597,81 ± 2744,24 x106/L), p= 0,003 e a contagem de reticulócitos entre os homens (7,01 ± 4,66) e mulheres (7,74 ± 5,89), p= 0,043; o colesterol de baixa densidade (LDL-c), a aspartato e alaninaaminotransferases, respectivamente com p= 0,009, p= 0,029, p= 0,038 para homens e mulheres. Ao correlacionarmos eventos clínicos entre homens e mulheres, verificamos que a STA possui razão de prevalência de 1,89 para os homens (IC 1,52-2,36, p <0,001) e de 1,59 (IC1,06-2,39, p= 0,023) para a ocorrência de hospitalizações nesse mesmo sexo. A talassemia alfa foi realizada em 820 pacientes com 196 (23,90%) heterozigotos e 21 (2,6%) homozigotos. O total de 1872 cromossomos beta S foram estudados, sendo que os mais frequentes foram os haplótipos CAR/CAR (20,0%); Ben/Ben (25,8%) e CAR/Ben (44,2%). A correlação entre TA e dados hematológicos demonstraram resultados significativos para hemácias (Hm) (p= 0,004), volume corpuscular médio (VCM) (p= 0,015), hemoglobina corpuscular média (HCM) (p= 0,006) e plaquetas (p= 0,016) e no perfil lipídico com triglicerídeos (p= 0,001). A consulta retrospectiva aos prontuários de acompanhamento ambulatorial de 1799 pacientes com AF demonstrou que 1368 pacientes (76.04%) apresentaram pelo menos um evento vaso-oclusivo e 1475 (81.98%) tiveram pelo menos uma internação. Destes 856 (47,6%) apresentaram crise álgica; 1268 (70,5%) crises vaso-oclusivas; 115 (6,4%) Síndrome torácica aguda (STA); 53 (2,9%) dor abdominal e 24 (1,3%) dos 924 homens apresentaram priapismo. Novecentos e dezesseis (52,3%) pacientes realizaram pelo menos uma transfusão sanguínea nos dois últimos anos. O registro de infecção foi frequente em 638 (43,5%) pacientes, sendo a pneumonia a causa mais frequente, com 347 (23,6%) relatos. Cento e quinze (6,4%) pacientes foram acometidos por pelo menos um evento de AVC e 111 (6,2%) por úlcera maleolar. Quando estratificamos a idade para menor de 21 anos, a ocorrência de dactilite (síndrome mão) foi descrita em 3,5% (40) e de sequestro esplênico em 14,3% (163) nos 1141 pacientes pediátricos. A associação entre dados hematológicos.