INFLUÊNCIA DA OBESIDADE NA REPARAÇÃO ÓSSEA EM RATOS (Rattus novergicus)

RESUMO

A obesidade é considerada uma epidemia em humanos e em animais de companhia. É definida como um transtorno patológico caracterizado pelo acúmulo excessivo de gordura a níveis superiores ao necessário para o funcionamento orgânico. Esta desordem pode causar problemas ortopédicos e alterar a reparação óssea. Assim sendo, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência da obesidade na reparação óssea utilizando um modelo animal (Rattus novergicus) submetido a dieta experimental para indução da obesidade e lesão óssea induzida. Os animais foram divididos em dois grupos de avaliação, obeso (n=30) e não obeso (n=30), sendo que o primeiro recebeu dieta hipercalórica rica em carboidratos simples e o segundo, dieta comercial balanceada para roedores. Estes grupos foram, então, divididos de acordo com os tempos de avalição em dias três (n=6), sete (n=6), 19 (n=6) e 28 (n=6) após a lesão óssea, e um grupo controle, ou seja, sem lesão óssea (n=6). Os animais foram, então, submetidos à ostectomia monocortical proximal de tíbia, com exceção dos animais dos grupos sem lesão óssea obesos e não obesos. Cada grupo foi eutanasiado nos dias três, sete, 19 e 28 após a lesão, e os grupos sem lesão óssea, aproximadamente no sétimo. A obesidade foi avaliada por meio da análise estatística dos dados de massa corporal, IMC, circunferência abdominal, massa das gorduras viscerais e índice de adiposidade; e a reparação óssea foi avaliada por meio da análise estatística dos dados de composição óssea (massa óssea, massa óssea orgânica e massa óssea mineral), dos testes mecânicos (força máxima, deformação até falha e módulo de elasticidade), e histomorfometria (área de tecido ósseo e do número de osteócitos) e por meio da análise histológica do foco da lesão. Os resultados obtidos neste estudo mostraram aumento significativo dos parâmetros indicativos de obesidade nos animais submetidos à dieta experimental, massa óssea mineral significativamente maior nos animais obesos, assim como melhores resultados nos parâmetros mecânicos avaliados neste grupo, se recuperando mais precocemente do que o grupo não obeso. A histologia e histomorfometria ósseas revelaram, respectivamente, reparação óssea do tipo primária com formação de trabéculas ósseas mais espessas no grupo obeso ao sétimo dia, e maior área de tecido ósseo no grupo obeso neste mesmo dia. Conclui-se que, nas condições em que foi realizado este estudo, pode-se dizer que os efeitos mecânicos ocasionados pela sobrecarga de peso sobre os ossos na obesidade parecem não interferir e por vezes até ter efeitos positivos na reparação óssea do tipo primária.

ABSTRACT

Obesity is considered an epidemic in humans and pets. It is defined as a pathological disorder characterized by excessive accumulation of fat at higher levels than necessary for organic functioning. This disorder can cause orthopedic problems and alter bone repair. Therefore, the aim of this study was to evaluate the influence of obesity on bone repair using an animal model (Rattus novergicus) submitted to an experimental diet to induce obesity and to an induced bone injury. The animals were divided into two main groups, obese (n=30) and non-obese (n=30), the first of which received a hypercaloric high-refined carbohydrate diet, and the second of which received a balanced commercial diet for rodents. These groups were then divided according to the evaluation times in days three (n=6), seven (n=6), 19 (n=6) and 28 (n=6) after bone injury, and one control group, that is, without bone injury (n=6). The animals were then submitted to a proximal tibial monocortical ostectomy, except for the obese and non-obese control groups. Each group was euthanized on days three, seven, 19 and 28 after injury. Obesity was assessed through statistical analysis of data on body mass, BMI, waist circumference, visceral fat mass and adiposity index; and bone repair was evaluated through statistical analysis of bone composition data (bone mass, organic bone mass and mineral bone mass), mechanical tests (ultimate strength, ultimate displacement, and modulus of elasticity), histomorphometry (bone tissue area and the number of osteocytes), and through histological of lesion site. Results showed a significant increase in parameters indicative of obesity in animals submitted to the experimental diet, significantly higher mineral bone mass in obese animals, as well as better results in the mechanical parameters evaluated in this group, recovering earlier than the non-obese group. Bone histology and histomorphometry revealed, respectively, primary bone healing with formation of thicker bone trabeculae in the obese group on the seventh day, and a larger area of bone tissue in the obese group on the same day. In conclusion, under the conditions in which this study was carried out, it can be concluded that the mechanical effects caused by weight overload on the bones in obesity do not seem to interfere - and sometimes even have positive effects - in primary bone healing.