Resumo
O objetivo desta tese foi caracterizar o trato digestivo do cavalo-marinho Hippocampus reidi alimentados com diferentes tipos de alimentos, através da morfologia e do perfil das enzimas digestivas ao longo da ontogenia da espécie e avaliar o uso do complexo enzimático na dieta das larvas e juvenis do cavalo-marinho Hippocampus reidi. Foram realizados três experimentos, no primeiro foram avaliadas as atividades enzimáticas endógenas durante a ontogenia do H. reidi, após 30 dias de alimentação exclusiva com copépodes Acartia sp. No segundo experimento foi utilizado as análises de desempenho zootécnico e histologia do trato digestório das larvas e juvenis de cavalo- marinho, alimentados exclusivamente com Artemia sp. suplementada com complexo enzimático pancreatina suína do nascimento até 30 dias de vida. No terceiro, avaliou-se o efeito do coquetel enzimático (pancreatina suína - PS) adicionado à Artemia, na atividade das enzimas digestivas da Artemia, e no perfil das enzimas digestivas endógenas de larvas e juvenis do H. reidi alimentados por 30 dias exclusivamente com este microcrustáceo. As atividades enzimáticas observadas no sistema digestório das larvas e juvenis do cavalo-marinho Hippocampus reidi alimentados com copépode selvagem desde o nascimento até o 30º dia após o nascimento, mostra que este cavalo-marinho já possui enzimas digestivas (amilase, quimotripsina e tripsina) ao nascer, e que entre o 5° e o 10° de vida, esta espécie necessita do aporte enzimático exógeno oriundo dos alimentos até que o seu sistema digestório esteja mais desenvolvido. De forma geral, o uso da Artemia suplementada com maior concentração testada (75 mg L¹) de pancreatina suína aumentou a atividade de enzimas digestivas endógenas, a taxa de sobrevivência e o crescimento das larvas e juvenis de H. reidi. Este aumento da atividade enzimática foi acompanhado pelo aumento das vilosidades intestinais, permitindo assim uma maior absorção dos nutrientes. Apesar do uso de copépodes selvagens terem apresentado taxa de sobrevivência e peso superiores nas larvas e juvenis de H. reidi quando comparado ao uso da Artemia suplementada com 75 mg L-1 de pancreatina suína, deve-se levar em consideração que sua utilização apresenta mais limitações devido ao alto custo, dificuldades para a produção intensiva e contaminação (patógenos). Além disso, a abundância, a diversidade e a qualidade do zooplâncton podem ser influenciadas pela sazonalidade e intempéries climáticas. Este trabalho é pioneiro da bioencapsulação do alimento vivo com enzimas exógenas e o uso da pancreatina suína constitui um importante avanço para o estabelecimento de um protocolo alimentar mais eficiente e prático, através da utilização exclusiva de Artemia, para a larvicultura do Hippocampus reidi. Desta forma, a dependência da utilização de outros tipos de alimento vivo como rotíferos, copépodes ou zooplâncton selvagem não seria necessária, o que também reduziria os custos e mão-de-obra para a produção dos mesmos
The objective of this thesis was to characterize the digestive tract of the seahorse Hippocampus reidi fed with different types of food, through the digestive tract morphology and the digestive enzymes profiles along the ontogeny of the species and evaluate the use of an enzymatic complex in the diet of larvae and juveniles of the seahorse Hippocampus reidi. Three experiments were carried out. In the first, endogenous enzymatic activities were evaluated during H. reidi ontogeny after 30 days feeding exclusively on Acartia sp. In the second experiment, were evaluated the zootechnical performance and histology of the digestive system of larvae and juveniles of seahorses, fed exclusively Artemia supplemented with porcine pancreatin enzyme complex from birth until 30 days. In the third one, the effect of the enzymatic cocktail (porcine pancreatin - PS) added to Artemia was evaluated in the digestive enzymatic activity of Artemia, and in the profile of endogenous digestive enzymes of larvae and juveniles of H. reidi fed for 30 days exclusively with this microcrustacean. The enzymatic activities observed in the digestive system of the larvae and juveniles of the seahorse Hippocampus reidi fed with wild copepod from birth until the 30th day after birth, shows that this seahorse already has digestive enzymes (amylase, chymotrypsin and trypsin) and that between 5 ° and 10 ° of life, this species needs the exogenous enzymatic input from the food until its digestive system is more developed. In general, the use of Artemia supplemented with the higher tested concentration (75 mg L¹) of porcine pancreatin increased the activity of endogenous digestive enzymes, survival rate and growth of H. reidi larvae and juveniles. This increase of the enzymatic activity was accompanied by the increase of the intestinal villi, thus allowing a greater absorption of the nutrients. Although the use of wild-type copepods contributed to a higher survival rate and weight of larvae and juveniles of H. reidi when compared to the use of Artemia supplemented with 75 mg L-1 of porcine pancreatin, it should be taken into account that its use presents limitations, since the abundance, diversity and quality of zooplankton can be seasonally influenced. This work is a pioneer concerning the bioencapsulation of live food with exogenous enzymes and the use of porcine pancreatin is an important development for the establishment of a more efficient and practical feeding protocol, through the exclusive use of Artemia, for Hippocampus reidi larviculture. In this way, the dependence on other types of live food such as rotifers, copepods or wild zooplankton would not be necessary, which could also reduce costs and labor to produce them.