Resumo
Na nutrição de ruminantes, a utilização de fontes proteicas com baixa degradabilidade ruminal constitui uma das formas de aumentar a eficiência do uso do nitrogênio alimentar e o aporte de proteína metabolizável para o animal. Dentre as estratégias promissoras para reduzir a degradação proteica ruminal dos alimentos usualmente utilizados, estão o processamento térmico de alimentos e o uso de extratos taníferos vegetais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de níveis de inclusão de extrato tanífero de Acacia mearnsii (SETA S/A, Estância Velha/RS) no farelo de soja associado a diferentes tratamentos térmicos sobre parâmetros de fermentação e digestão in vitro. Foram testados três níveis de inclusão do extrato tanífero (0, 2,5 ou 5,0% da matéria seca) no farelo de soja, três temperaturas de processamento (ambiente (Controle), 110°C ou 120°C) e três tempos de tratamento térmico (sem tratamento térmico (Controle), 15 ou 30 minutos), em um delineamento fatorial 3×3×3, com umidade da mistura fixada em 20%. O material foi incubado in vitro e os parâmetros analisados foram produção de gases e concentração de N amoniacal em 24, 36 e 48 horas de incubação. Adicionalmente, as amostras foram incubadas in situ durante 16 horas e posteriormente o resíduo foi submetido à hidrólise in vitro com proteases com o objetivo de medir a degradabilidade ruminal (DR), a digestibilidade intestinal (DI) e a digestibilidade total (DT) dos compostos nitrogenados. Foram realizados três ensaios para cada variável sendo cada ensaio considerado uma replicata. Não houve interação significativa entre taninos e temperatura para as variáveis. Após 48 horas de fermentação in vitro a produção de gases foi em média 5 e 9,1% menor pela inclusão de 2,5 e 5,0% de extrato tanífero, respectivamente. O tratamento térmico a 110ºC resultou em produção de gases 2,5% maior comparado à temperatura ambiente ou 120ºC, enquanto que o tempo de exposição ao tratamento térmico não interferiu significativamente no volume de gases. A liberação de amônia no meio de incubação foi reduzida 24,5% pela adição de 5% de extrato tanífero e 9,2% pelo tratamento térmico a 120ºC. O tempo de tratamento térmico ou o tratamento a 110ºC, assim como a adição de 2,5% de extrato tanífero no farelo de soja, não afetaram a liberação de amônia no meio de incubação. A degradabilidade ruminal do farelo de soja não foi afetada pela adição de taninos e nem pelo tempo de tratamento térmico, mas reduziu 16,3% pelo tratamento a 120ºC. Quanto a digestibilidade intestinal da PNDR, a inclusão de taninos afetou negativamente, reduzindo-a. Não houve efeito de tempo ou temperatura. A digestibilidade total do N foi afetada apenas pela inclusão de taninos, diminuindo-a. O tratamento com 5% de tanino, a 120ºC durante 30 minutos, tem maior efeito na redução da produção de gás e concentração de amônia, resulta em menor DR e mínimo impacto na DI e DT.
In ruminant nutrition, the use of protein sources with low ruminal degradability is one of the ways to increase the efficiency of the use of dietary nitrogen and the supply of metabolizable protein to the animal. Among the promising strategies to reduce ruminal protein degradation of the foods usually used, are the thermal processing of food and the use of vegetable tannin extracts. This study aimed to evaluate the effect of inclusion levels of Acácia mearnsii tannin extract (SETA S/A, Estância Velha/RS) in soybean meal associated with different heat treatments on fermentation and in vitro digestion parameters. Three levels of inclusion of the tannin extract (0, 2.5 or 5.0% of dry matter) were tested in the soybean meal, three processing temperatures (environment (Control), 110°C or 120°C) and three times of heat treatment (without thermal treatment (Control), 15 or 30 minutes), in a 3×3×3 factorial design, with the moisture content of the mixture fixed at 20%. The material was incubated in vitro and the parameters analyzed were gas production and ammoniacal N concentration at 24, 36 and 48 hours of incubation. Additionally, the samples were incubated in situ for 16 hours and then the residue was subjected to in vitro hydrolysis with proteases in order to measure the ruminal degradability (DR), intestinal digestibility (DI) and total digestibility (DT) of the compounds nitrogenous. Three tests were carried out for each variable, each test being considered a replicate. There was no significant interaction between tannins and temperature for the variables. After 48 hours of in vitro fermentation, gas production was on average 2.8 and 7.0% lower by the inclusion of 2.5 and 5.0% of tannin extract, respectively. The heat treatment at 110ºC resulted in gas production 3.5% higher compared to room temperature or 120ºC, while the time of exposure to the heat treatment did not significantly affect the volume of gases. Ammonia release in the incubation medium was reduced 22% by the addition of 5% tannin extract and 8% by heat treatment at 120ºC. The heat treatment time or the treatment at 110ºC, as well as the addition of 2.5% tannin extract in soybean meal, did not affect the ammonia release in the incubation medium. The ruminal degradability of soybean meal was not affected by the addition of tannins or by the heat treatment time, but reduced 15% by the treatment at 120ºC. As for PNDR intestinal digestibility, the inclusion of tannins affected negatively, reducing it. There was no effect of time or temperature. The total N digestibility was affected only by the inclusion of tannins, decreasing it. Treatment with 5% tannin at 120ºC for 30 minutes has greater effect on reducing gas production and ammonia concentration, resulting in lower DR and minimal impact on DI and DT.