Resumo
As populações de anfíbios estão em declínio mundial e as doenças emergentes vem acelerando esse processo. O FV3, espécie de DNA vírus, pertencente a família Iridoviridae e gênero Ranavírus é uma doença emergente responsável por surtos de mortalidade em anfíbios silvestres e cativos e já alcançou cinco continentes. No Brasil a ranicultura teve início na década de 1930 e a espécie cultivada desde então para fins comerciais é a Lithobates catesbeianus, popularmente denominada rã-touro. A ranicultura é uma atividade consolidada no país, mas alguns produtores enfrentam problemas com a disseminação de patógenos dentro da sua propriedade, principalmente nos sistemas atuais de criação onde a densidade é elevada. Existem ocorrências antecedentes de ranavirose em rãs cativas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil mas nenhum registro em ambiente natural. Nesse estudo oito ranários da Região Centro-Sul do Brasil foram submetidos a testes a fim de detectar a presença de FV3 e, para tal 235 animais divididos entre adultos e girinos foram submetidos a PCR convencional com três pares de primers MCP1, MCP2 e MCPRV2. Das oito instalações uma foi Ranavírus positiva. Nesta mesma propriedade, em dois períodos de coleta diferente, houve a manifestação em forma assintomática e a outra em forma virulenta, ocasionando 90% de mortalidade no ranário. As amostras foram encaminhadas para sequenciamento no método Sanger com posterior alinhamento no Bioedit e construção de filogenia por máxima verossimilhança no software IQ-tree por modelo de substituição TPM2+G4 com 1000 replicatas. A árvore confeccionada caracterizou as linhagens virais encontradas como FV3 e ambas se incorporaram ao clado das demais sequências já detectadas no Brasil. Os diferentes perfis infecciosos e o agrupamento de todas as sequências brasileiras indica que o vírus se estabeleceu no país e sofreu leves alterações genéticas conforme seu afastamento geográfico.
Amphibian populations are declining worldwide and emerging diseases have been accelerating this process. FV3, a species of DNAvirus, belonging to the family Iridoviridae and genus Ranavirus is an emerging disease responsible for mortality outbreaks in wild and captive amphibians and has reached five continents. In Brazil, raniculture began in the 1930s and the species cultivated since then for commercial purposes is Lithobates catesbeianus, popularly known as bullfrog. Ranching is a consolidated activity in the country but some producers face problems with the spread of pathogens within their property, especially in current breeding systems where density is high. There are antecedent occurrences of ranavirose in captive frogs in the Center-West and Southeast regions of Brazil but no record in a natural environment. In this study, eight ranks from the Center-South Region of Brazil were submitted to tests to detect the presence of FV3 and for that 235 animals divided between adults and tadpoles were submitted to conventional PCR with three pairs of primers MCP1, MCP2 and MCPRV2. Of the eight facilities one was Ranavirus positive. In same farm, in two different periods of collection, the manifestation was asymptomatic and the other in a virulent form, causing 90% mortality in the frogculture.The samples forwarded for sequencing in the Sanger method with later alignment in the Bioedit and construction of phylogeny by maximum likelihood in the software IQ-tree by model of substitution TPM2 + G4 with 1000 replicates. The prepared tree characterized the viral strains found as FV3 and both were incorporated into the clade of the other sequences already detected in Brazil. The different infectious profiles and the grouping of all the Brazilian sequences indicates that the virus was established in the country and suffered slight genetic alterations according to its geographic distance.