Resumo
Fernandes, G. A. Monensina sódica, atendimento de exigência protéica via suplementos e predição do consumo de bovinos de corte em pastejo. 2020 96f. Tese (Doutorado em Ciência Animal), Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá, 2020. A bovinocultura de corte representa parcela fundamental do agronegócio brasileiro, onde a maior parte é representado por animais criados exclusivamente a pasto, tendo como necessidade a busca por tecnologias que à torne mais lucrativa e competitiva. Nesse sentido, esta tese foi elaborada a partir de três estudos com base em bovinos de corte criados em sistemas de pastagens tropicais. No primeiro estudo objetivou-se avaliar a influência da suplementação protéico-energetica fornecida a nível de 1,5% do peso corporal, atendendo diferentes níveis da exigência em proteína via suplemento, com e sem a inclusão do aditivo monensina sódica. Foram utilizados cinco bovinos da raça Nelore não-castrados, com peso corporal (PC) inicial de 260,0±10 kg distribuídos em delineamento em quadrado latino 5 x 5, em esquema fatorial 2 x 2 + 1, sendo: dois níveis de atendimento de exigências de proteína bruta via suplemento protéico energético (70 e 100%); com ou sem inclusão de monensia sódica (100 mg/animal/dia) e; suplementação mineral (controle negativo). Não houve interação entre a monensina e nível de proteína bruta atendida. Animais que receberam suplementação protéico-energética apresentaram menor consumo de MS de pasto (P<0,10), porém maior consumo de MS total (P<0,10), do que os animais que receberam somente suplementação mineral. O consumo dos demais constituintes da dieta foram maiores (P<0,10) quando se oferta suplementação protéicoenergética. A presença de monensina nos suplementos não alterou o consumo de quaisquer constituintes dietéticos (P>0,10), assim como também não causou impacto (P>0,10) na digestibilidade e concentração dietética da matéria orgânica digestível (MOD), os quais foram maiores (P<0,10) quando se formulou suplementos com atendimento de 100% das exigências dietéticas de proteína bruta. Os animais que receberam suplemento protéico-energético apresentaram maior retenção e eficiência de utilização do nitrogênio dietético (P<0,10) que os animais que consumiram somente suplementação mineral, os quais não foram afetados (P>0,10) pela presença de monensina no suplemento. Com exceção da excreção do N fecal (P>0,10) o maior atendimento das exigências de PB propicia maior retenção e eficiência de utilização do N (P<0,10). O segundo e terceiro estudo teve como objetivo desenvolver e evaliar modelos de predição de consumo de matéria seca pasto (CMSpasto) e total (CMStotal) para bovinos de corte criados em condições tropicais com uso da suplementação alimentar. Para construção dos modelos foram utilizadas 804 observações de CMS individual, provenientes de 23 estudos de teses ou dissertações, realizados no Brasil, entre 2006 e 2019, totalizando 104 meios de tratamentos. Foram ajustados três modelos de predição para CMSpasto e CMStotal: Modelo I (variáveis relacionadas ao animal), Modelo II (Variáveis do animal mais do suplemento alimentar) e Modelo III (Variáveis do animal, do suplemento e do pasto). Os modelos propostos para CMSpasto não apresentaram diferença (P>0,05), para raiz do quadrado médio do erro predição. A incorporação de variáveis preditivas do suplemento alimentar (Porcentagem do peso corporal ofertado e consumo proteína bruta via suplemento, kg/dia) com as variáveis do animal (Peso médio metabólico e ganho de peso corporal) Modelo II, não melhorou a capacidade preditiva. A inclusão de variáveis associadas ao animal, suplemento e pasto (Proteína bruta) ao Modelo III melhorou a acurácia e precisão, proporcionando maior coeficiente de determinação e coeficiente de correlação e concordância que os demais modelos, também se mostrou mais acurado e preciso que o proposto por Azevedo et al., (2016) e Minson e McDonald (1987), os quais apresentaram precisão e acurácia inferior aos Modelos I, II e III propostos. Sendo assim concluiu-se que o CMSpasto pode ser estimado com maior precisão e acurácia com o Modelo III (Animal + Suplemento + Pasto). Para CMStotal os Modelos propostos apresentaram semelhança (P>0,05), para raiz do quadrado médio do erro predição. A incorporação de variáveis preditivas do suplemento alimentar (Porcentagem do peso corporal ofertado e consumo proteína bruta via suplemento, kg/dia) com as variáveis do animal (Peso médio metabólico e ganho de peso corporal) Modelo II, melhorou a capacidade preditiva do modelo. A inclusão de variáveis associada ao pasto (Proteína bruta) Modelo III não melhorou a acurácia e precisão. Entre os Modelos propostos o Modelo II (Animal + Suplemento) apresentou baixo viés médio além de maior coeficiente de correlação e concordância que os demais modelos indicando ser o modelo mais adequado para predição do CMStotal. Além disso, se mostrou mais acurado e preciso que os Modelos propostos por Azevedo et al., (2016), os quais apresentaram menor capacidade preditiva, com maior viés médio e baixo coeficiente de correlação e concordância. Sendo assim concluiu-se que o CMStotal pode ser estimado com maior precisão e acurácia com o Modelo II (Animal + Suplemento).
Fernandes, G. A. Monensin sodium, meeting protein requirements via supplements and prediction of consumption of beef cattle grazing. 2020 96f. Thesis (PhD in Animal Science), Graduate Program in Animal Science, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá, 2020. Beef cattle represents a fundamental part of Brazilian agribusiness, where the majority is represented by animals raised exclusively on pasture, with the need to search for technologies that make it more profitable and competitive. In this sense, this thesis was elaborated from three studies based on beef cattle raised in tropical pasture systems. In the first study, the objective was to evaluate the influence of protein-energy supplementation provided at the level of 1.5% of body weight, meeting different levels of protein requirement via supplement, with and without the inclusion of the additive sodium monensin. Five non-castrated Nellore cattle were used, with initial body weight (BW) of 260.0 ± 10 kg distributed in a 5 x 5 Latin square design, in a 2 x 2 + 1 factorial scheme, being: two levels of care of crude protein requirements via an energy protein supplement (70 and 100%); with or without inclusion of sodium monensia (100 mg / animal / day) and; mineral supplementation (negative control). There was no interaction between monensin and the level of crude protein served. Animals that received protein-energy supplementation showed lower consumption of DM from pasture (P <0.10), but higher consumption of total DM (P <0.10), than animals that received only mineral supplementation. The consumption of the other constituents of the diet was higher (P <0.10) when protein-energy supplementation was offered. The presence of monensin in supplements did not alter the consumption of any dietary constituents (P> 0.10), nor did it impact (P> 0.10) on the digestibility and dietary concentration of digestible organic matter (MOD), which were higher (P <0.10) when supplements were formulated to meet 100% of the crude protein dietary requirements. The animals that received a protein-energy supplement showed greater retention and efficiency in the use of dietary nitrogen (P <0.10) than the animals that consumed only mineral supplementation, which were not affected (P> 0.10) by the presence of monensin in the supplement. With the exception of excretion of fecal N (P> 0.10), greater compliance with the requirements of CP provides greater retention and efficiency of use of N (P <0.10). The second and third study aimed to develop and evaluate models for prediction of consumption of dry pasture (DMIpasture) and total (DMItotal) for beef cattle reared in tropical conditions using food supplementation. To build the models, 804 individual DMI observations were used, from 23 thesis or dissertation studies, carried out in Brazil, between 2006 and 2019, totaling 104 means of treatments. Three prediction models for DMIpasture and DMItotal were adjusted: Model I (animal-related variables), Model II (Animal variables plus food supplement) and Model III (Animal, supplement and pasture variables). The models proposed for DMIpasture showed no difference (P> 0.05), for the root of the mean square of the prediction error. The incorporation of predictive variables of the food supplement (Percentage of body weight offered and consumption of crude protein via supplement, kg / day) with animal variables (Average metabolic weight and body weight gain) Model II, did not improve the predictive capacity. The inclusion of variables associated with the animal, supplement and pasture (Crude protein) in Model III improved the accuracy and precision, providing a higher coefficient of determination and coefficient of correlation and agreement than the other models, also proved to be more accurate and precise than the one proposed by Azevedo et al., (2016) and Minson and McDonald (1987), which presented precision and accuracy inferior to the proposed Models I, II and III. Thus, it was concluded that the DMIpasture can be estimated with greater precision and accuracy with the Model III (Animal + Supplement + Pasture). For DMItotal the proposed Models showed similarity (P> 0.05), for the root of the mean square of the prediction error. The incorporation of predictive variables of the food supplement (Percentage of body weight offered and consumption of crude protein via supplement, kg / day) with the animal variables (Average metabolic weight and body weight gain) Model II, improved the predictive capacity of the model. The inclusion of variables associated with pasture (Crude protein) Model III did not improve the accuracy and precision. Among the Models proposed, Model II (Animal + Supplement) presented a low mean bias, in addition to a higher correlation and agreement coefficient than the other models, indicating that it is the most adequate model for predicting the DMItotal. In addition, it proved to be more accurate and accurate than the Models proposed by Azevedo et al., (2016), which had less predictive capacity, with a higher mean bias and low correlation and agreement coefficient. Thus, it was concluded that the DMItotal can be estimated with greater precision and accuracy with Model II (Animal + Supplement).
Resumo
As forrageiras tropicais apresentam elevada produção de massa seca, com estacionalidade marcante entre as estações das águas e seca. Essa estacionalidade determina distribuição desuniforme da produção ao longo do ano, e ao início do seu período reprodutivo, em que ocorrem modificações entre as taxas de aparecimento e mortalidade de perfilhos. Na região do centro-oeste pode-se observar quatro estações do ano bem definidas que alteram a composição bromatologica da forrageira, sendo:, época das águas, transição águas-secas, seca e seca-águas. Estes diferentes períodos fazem com que ocorram mudanças qualitativas e quantitativas na composição química das plantas, ocasionando em menor quantidade e qualidade nos períodos onde tem-se menor precipitação pluviométrica. A variabilidade do valor nutritivo entre as espécies e cultivares é extremamente grande, sendo que as maiores mudanças ocorrem nas características associadas a maturação da planta, como a proteína, minerais, parede celular. À medida que a planta amadurece os teores de proteína bruta, minerais e outros componentes do conteúdo celular diminuem, enquanto que os da parede celular aumentam. O capim Marandu concentra a maior parte de sua produção de matéria seca durante o período das chuvas, principalmente em consequência de fatores climáticos, como temperatura e precipitação pluviométrica. Em se tratando de produção animal, a FDN e a FDA estão relacionadas ao consumo e a digestibilidade da forragem. A FDA relaciona-se diretamente ao efeito de enchimento do rúmen e inversamente à concentração energética da dieta de bovinos. A digestibilidade da matéria orgânica (MO) é outro fator que apresenta alta correlação com o consumo voluntário, pois facilitará o processo de degradação e passagem da forragem pelo trato digestivo. Baixa digestibilidade implica em maior tempo de retenção da forragem no rúmen, promovendo limitações de consumo de ordem física. Ao analisar as frações da proteína bruta da forragem observam-se, frequentemente, maiores valores das frações A, nitrogênio não proteico, B2, proteína verdadeira (degradação intermediária) e B3, proteína de lenta degradação, associada à fibra. Esta degradabilidade proteica determina a disponibilidade de compostos nitrogenados no rúmen para a síntese de proteína microbiana, e consequentemente, aumenta a disponibilidade de aminoácidos de origem microbiana no intestino. Diante disso objetivou-se com presente trabalho avaliar o valor nutricional do pasto de Urochloa brizantha cv Marandu nas diferentes épocas do ano sendo estas, seca, transição seca-águas, águas e transição águas-secas.
The tropical forages have high dry matter production, with marked seasonality between stations the "wet" and "dry". This seasonality determines uneven distribution of production throughout the year, and the beginning of their reproductive period in which changes occur between the appearance and mortality rates of tillers. In the region of the Midwest can observe four well-defined seasons that change the chemical composition of the forage being :, rainy season, transition water-dry, dry, dry water. These different periods make occurring qualitative and quantitative changes in the chemical composition of plants, resulting in lower quantity and quality in periods where there is less rainfall. The variability of nutritional value among species and cultivars is extremely large, as the largest changes occur in the characteristics associated with maturation of the plant, such as protein, minerals, cell wall. As the plant matures crude protein, minerals and other cellular contents of the components decrease, while the increase of the cell wall. The Marandu grass concentrates most of its dry matter production during the rainy season, mainly as a result of climatic factors such as temperature and rainfall. In the case of animal production, the FDN and FDA are related to the intake and digestibility of forage. The FDA is directly related to rumen fill effect and inversely the energy concentration of the diet of cattle. The digestibility of organic matter (OM) is another factor that is highly correlated with the voluntary intake, as it will facilitate the process of degradation and passage of the forage through the digestive tract. Low forage digestibility results in higher retention time in the rumen, promoting physical order of consumption limitations. when analyzing the fractions of the crude protein of forages are observed, often, higher values of fractions A, non-protein nitrogen, B2, true protein (intermediate degradation) and B3, slow degradation protein, associated with the fiber. This protein degradability determines the availability of nitrogenous compounds in the rumen for microbial protein synthesis, and thereby increases the availability of microbial origin amino acids in the intestine. Before that objective with this study was to evaluate the nutritional value of pasture of Urochloa brizantha Marandu in different seasons and these, dry, dry-water transition, water and transition dry-water.