Resumo
Modificações epigenéticas assumiram importância na patogênese do câncer a partir de pesquisas que mostraram que mudanças na expressão de proteínas associadas ao DNA podem afetar a expressão gênica e podem ser reversíveis após tratamento. As modificações nas histonas vêm sendo estudas em larga escala na medicina, particularmente no câncer de mama. O presente estudo será apresentado em três capítulos. No primeiro, descreveremos mecanismos epigenéticos e suas implicações no câncer, apontando estudos já realizados na medicina e na veterinária. No segundo capítulo serão apresentados os resultados da expressão das histonas acetiladas H3 e H4 e das enzimas desacetilases 1, 2 e 6 em tecidos mamários caninos tumorais e sadios, a fim de comparar possíveis alterações por expressão dessas proteínas. No terceiro capítulo serão apresentados os resultados da expressão apenas em carcinomas mamários simples de cadelas e sua associação com fatores prognósticos. A imuno-histoquímica foi empregada com o intuito de se pesquisar a expressão das proteínas e a validação dos anticorpos foi conseguida pela técnica de Western Blot em linfonodo canino. Os resultados de expressão imuno-histoquímica foram avaliados semiquantitativamente, levando-se em consideração a intensidade de marcação e a porcentagem de células marcadas. Para análise estatística univariada utilizaram-se os testes de Kruskal Wallis, quiquadrado e o teste exato de Fischer com nível de significância de 5%. Para determinar o comportamento e associação das histonas e das enzimas HDACs dentro e entre os grupos foram utilizadas estatísticas multivariadas. Especificamente no capítulo dois, houve diferença na expressão das histonas acetiladas e enzimas desacetilases entre os grupos experimentais (p<0,05), com menor acetilação de H3 (H3K9Ac) em carcinomas mamários em relação ao tecido mamário normal, além disso, houve menor expressão de HDAC1 e HDCA2 em tecidos mamários neoplásicos em relação ao tecido normal (p<0,05). Em contrapartida, a HDAC6 foi mais expressa em tecidos mamários neoplásicos (p<0,05). Não houve diferença na expressão de H4 acetilada (H4K12Ac) entre os grupos (p>0,05). Pela análise multivariada houve associação positiva entre a expressão de HDAC1 e HDAC2 e associação negativa entre a expressão de H3K9Ac e HDAC6. No capítulo três foi observada associação entre a baixa expressão de HDAC1 e presença de metástase em linfonodos (p=0,035), e alta expressão de HDAC1 associou-se a fatores prognósticos favoráveis pela análise multivariada. Ainda pela análise multivariada a baixa expressão de HDAC6 apresentou relação com baixa expressão de Ki67 e com tumores de menor tamanho, apresentando relação com fatores de melhor prognóstico. A partir desse estudo foi possível observar alterações epigenéticas em tecidos neoplásicos mamários e que existe relação com fatores prognósticos. Além disso, a alta expressão de HDAC6 pode justificar a hipoacetilação de H3 observada em tecidos neoplásicos. Esses resultados abrem perspectivas futuras para novos estudos que confirmem essas alterações e estimulam o desenvolvimento de terapêuticas alvo no tratamento do câncer mamário em cadelas.
Epigenetic changes have assumed importance in cancer pathogenesis from research that showed that changes in the expression of proteins associated with DNA can affect gene expression, however, these changes can be reversible after treatment. Histone changes have been studied on a large scale in medicine, particularly in breast cancer. The present study will be presented in three chapters, aiming to describe in the first chapter epigenetic mechanisms and their implications for cancer, pointing out studies already carried out in medicine and veterinary medicine. In the second chapter, the results of the expression of acetylated histones H3 and H4 and of the enzymes deacetylases 1, 2 and 6 in canine tumoral breast and healthy tissues will be presented, in order to compare possible alterations by expression of these proteins. In the third chapter, the results of expression will be presented only in simple mammary carcinomas of bitches and their association with prognostic factors. The tissues were subjected to immunohistochemistry for analysis of protein expression and the validation of antibodies was achieved by the Western Blot technique using canine lymph nodes. The results of immunohistochemical expression were evaluated semiquantitatively, taking into account the labeling intensity and the percentage of labeled cells. For univariate statistical analysis, Kruskal Wallis, chi-square and Fischer's exact tests were used with a 5% significance level and to determine the behavior and association of histones and HDAC enzymes within and between groups, multivariate statistics were used. Specifically in chapter two, there was a difference between the expression of acetylated histones and deacetylase enzymes between the experimental groups (p <0.05), with less H3 acetylation (H3k9Ac) in breast carcinomas compared to normal breast tissue, in addition, there was lower expression of HDAC1 and HDCA2 in neoplastic breast tissues compared to normal tissue (p <0.05). In contrast, HDAC6 was more expressed in neoplastic breast tissues (p <0.05). There was no difference in the expression of acetylated H4 (H4K12Ac) between the groups (p> 0.05). Multivariate analysis showed a positive association between the expression of HDAC1 and HDAC2 and a negative association between the expression of H3K9Ac and HDAC6. In chapter three, an association was observed between low HDAC1 expression and the presence of metastasis in lymph nodes (p = 0.035), and high HDAC1 expression was associated with favorable prognostic factors by multivariate analysis. Still through multivariate analysis, the low expression of HDAC6 was related to low expression of Ki67 and to smaller tumors, showing a relationship with factors of better prognosis. From this study it was possible to observe epigenetic changes in breast neoplastic tissues and that there is a relationship with prognostic factors. In addition, the high expression of HDAC6 may justify the H3 hypoacetylation observed in neoplastic tissues. These results open future perspectives for new studies that confirm these changes and stimulate the development of target therapies for the treatment of mammary cancer in female dogs.
Resumo
Tumores mamários são altamente prevalentes em cadelas e apresentam comportamento biológico semelhante ao das mulheres, fazendo da cadela um modelo para o estudo comparativo. Em mulheres, a utilização dos marcadores sorológicos está bem consolidada, sendo um método útil parao acompanhamento da paciente desde o diagnóstico. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento do antígeno carcionoembrionário (CEA) e da Alfafetoproteína (AFP) em cadelas com carcinomas mamários metastáticos e não metastáticos, para futuramente utilizá-los no monitoramento e prognóstico das pacientes. Para tanto, foram utilizados soros de 35 cadelas, separados em três grupos; G1 (n=10): grupo controle (cadelas livres de neoplasias); G2 (n=20):cadelas com carcinoma de mama sem metástase em linfonodo e G3 (n=5): cadelas com carcinoma de mama com metástase em linfonodo. OCEA e a AFP foram dosados por ELISA e os resultados foram avaliados pelo teste de Tukey com nível de significância de 5%, quanto à presença de cada marcador no soro da paciente, sua relação com o comportamento biológico da neoplasia e as alterações clínico-patológicas encontradas. Os resultados mostraram que os valores de CEA (p<0,0001) e AFP (p=0,0004) foram significantemente maiores nas cadelas com carcinoma de mama, em comparação as saudáveis. Além disso, os valores de CEA estavam significantemente aumentados nas cadelas com metástase (p<0,0001) e naquelas com tumores maiores do que 3cm de diâmetro (p=0.0091). Houve aumento significante da AFP em animais castrados (p=0,0307).Não houve relação entre as variáveis grau histológico, necrose, ulceração e inflamação para ambos os marcadores. Os resultados evidenciaram que o CEA se mostrou eficiente em detectar carcinoma de mama em cadelas e pode ser um marcador promissor para o acompanhamento de cadelas com neoplasia mamária. Estudos futuros, que incluam o follow up das pacientes serão necessários para que esse marcador seja efetivamente incluído na rotina clínica da oncologia veterinária como marcador de prognóstico
Mammary tumors are highly prevalent in bitches and present biological behavior for women, making the bitch a model for the comparative study. In women, the use of serological markers for prognostic determination is well established, being a useful method for monitoring patientssince his diagnosis. Thus, the objective of this study was to evaluate the behavior of carcinogenic antigen (CEA) and alpha-fetoprotein (AFP) in bitches with mammary tumors, with the aim of using those as diagnostic and prognostic markers in these animals. For that, sera from 35 bitches were used and separated into three groups; G1 (n = 10) control group; G2 (n = 15) animals with mammary carcinomas with no lymph node metastasis and G3 (n = 5) animals with mammary carcinomas with lymph node metastasis. Markers were measured by ELISA method. Results regarding the presence of markers in sera of each patient, its relation with tumor behavior and clinical-pathological variables were analyzed with Tukey test with a significance level of 5%. Results showed that values of CEA (p <0.0001) and AFP (p = 0.0004) were significantly higher in bitches with mammary tumors. In addition, CEA values significantly increasesin bitches with metastasis (p <0.0001) and larger than 3.0 cm tumors (p = 0.0091). There was a significant increase in AFP in intact bitches (p = 0.0307). There was no significance among histological grade, necrosis, ulceration and inflammation for both markers. CEA was efficient in detecting the presence of mammary carcinomas and may be a promising marker for the follow-up of female dogs with mammary tumors. Future studies, including follow-up of patients with serial measures should be performed to include these markers in the clinical routine of veterinary oncology