Resumo
O Centro-Oeste brasileiro apresenta duas estações bem definidas chamadas de estação das águas e seca. Durante as águas as pastagens de gramíneas tropicais crescem em abundância e apresentam um bom valor nutritivo. Em contrapartida, durante a seca o crescimento do pasto cessa, as plantas senescem e o valor nutritivo do pasto diminui, principalmente o teor proteico, o que faz deste fator limitante para o desempenho animal. Diante disso se faz necessário a suplementação proteica durante a seca para os rebanhos de ruminantes mantidos em pastagens tropicais diferidas. As fontes de proteína mais utilizadas na nutrição animal são os farelos, principalmente o de soja. Na nutrição de ruminantes é possível utilizar fontes de nitrogênio não proteico em substituição à proteína verdadeira, diminuindo os custos de produção dos suplementos, sendo a ureia a fonte de nitrogênio mais utilizada. Isto se deve ao fato das bactérias ruminais utilizarem a amônia livre no rúmen como fonte de nitrogênio para síntese de aminoácidos, transformando nitrogênio não proteico em proteína microbiana. A ureia apresenta uma rápida solubilidade depois de ingerida, liberando grande quantidade de nitrogênio amoniacal no rúmen, boa parte deste nitrogênio é absorvida pela parede ruminal e entra no ciclo da ornitina no fígado. Para melhor fermentação e produção de proteína microbiana o ideal seria um fornecimento constante de amônia no rúmen, em sincronismo com a disponibilidade de carboidratos oriundos da degradação da fibra, a ureia de liberação lenta apresenta uma curva de solubilidade semelhante à de degradação do farelo de soja, oque melhora este sincronismo. No presente estudo foram realizados dois ensaios experimentais de desempenho de bovinos de corte recebendo diferentes fontes de nitrogênio em suplementos proteinados. Os experimentos foram realizados na Fazenda Água Limpa, da Universidade de Brasília no Distrito Federal. As fontes de nitrogênio testadas foram farelo de soja (proteína verdadeira), Optigen II® (Ureia encapsulada, Alltech), ProteinMais® (Ureia encapsulada, Kimberlit), ReforceN (ureia pecuária convencional). Para o primeiro ensaio foram utilizados 48 garrotes Nelore com peso corporal inicial de 308,6 ± 28,7 kg, divididos em 12 lotes de quatro animais. Não houve diferença no ganho de peso médio diário dos animais nem para o consumo voluntário de suplemento, que apresentaram valores médios de 587±?? g/dia e 1522±?? g/dia respectivamente. No segundo experimento, além das quatro fontes de nitrogênio foi incluído um quinto tratamento, composto apenas por suplementação mineral. Foram utilizados 60 garrotes Nelore com peso corporal inicial de 199,1 ± 13,9 kg, divididos em 15 piquetes com 4 animais cada. Não houve diferença no ganho de peso médio diário dos animais para nenhum dos tratamentos com suplementação proteica , que foi de 0,132 kg/dia, enquanto que os animais apenas com suplemento mineral perderam 0,187 kg/dia durante o experimento. Não houve diferença para o consumo médio diário entre os suplementos proteicos que foi em média 1,037 kg/dia. Conclui-se que nos níveis testados, as fontes de nitrogênio não afetam o consumo de suplemento proteico nem o ganho de peso médio diário de bovinos de corte em pastagem diferida de Brachiaria brizantha cv. Marandú.
The west-central region of Brazil does not receive regular rainfall throughout the year, presenting two well defined seasons called wet season and dry season. During the wet season the pastures of tropical grasses grow in abundance and present a good nutritional quality. On the other hand, during the drought period the pasture growth ceases, the plants senesce and the nutritional quality of the pasture diminishes, mainly the protein content, what makes it a limiting factor for the animal performance. Given this fact, protein supplementation during drought is necessary for the herds of ruminants kept in deferred tropical pastures. The source of protein most used in animal nutrition is the meal, mainly from soybean. In ruminant nutrition it is possible to use non-protein nitrogen sources instead of the true-protein, reducing the production costs of the supplements, with urea being the most used nitrogen source. This is due to the fact that ruminal bacteria use free ammonia in the rumen as a source of nitrogen for amino acid synthesis, transforming non-protein nitrogen into microbial protein. Urea has a rapid solubility after ingestion, releasing a large amount of ammoniacal nitrogen in the rumen; much of this nitrogen is absorbed by the ruminal wall and enters the cycle of ornithine in the liver. The ideal for better fermentation and microbial protein production would be a constant supply of ammonia in the rumen, in synchronism with the availability of carbohydrates from the degradation of the fiber; the slow-release urea presents a similar solubility curve to the degradation of soybean meal, which improves this synchronism. In the present study, two experimental trials on the performance of beef cattle were made, receiving different nitrogen sources in protein supplements. The experiments took place at Fazenda Água Limpa, from the University of Brasília in the Federal District of Brazil. The nitrogen sources tested were soybean meal (true-protein), Optigen II® (coated urea, Altech), ProteinMais® (coated urea, Kimberlit), ReforceN (conventional urea). For the first trial were used 48 zebu steers with initial body weight of 308.6 ± 28.7 kg, divided into 12 lot of four animals each. There was no difference in the average daily gain of the animals nor in the voluntary consumption of supplements, which presented mean values of 587 g / day and 1522 g / day, respectively. In the second experiment a fifth treatment was included in addition to the four nitrogen sources, composed onlyof mineral supplementation. 60 Nelore steers with initial body weight of 199.1 ± 13.9 kg were used, dividedinto 15 paddocks with 4 animals each. There was no difference in the average daily weight gain of the animals for any of the treatments with protein supplementation which was 0.132 kg / day, whereas the animals with only mineral supplement lost 187 grams per day during the experiment. There was no difference in the average daily intake among the protein supplements, which averaged 1037 g / day. The conclusion is that at the levels tested, the nitrogen sources tested do not affect the protein supplement intake nor the average daily weight gain of beef cattle in deferred grazing of Brachiaria brizantha cv. Marandú