Resumo
O propósito deste trabalho foi pesquisar forma alternativa de alimentação em confinamento de ovinos no semiárido, utilizando subproduto do cultivo de banana. O cultivo de bananeira produz 30 t de MS/ha/ano de resíduos e o semiárido brasileiro tem grandes áreas de produção de banana sob irrigação, onde encontra-se um grande rebanho de ruminantes que passa por restrição alimentar no período da seca e baixa oferta de produtos cárneos de qualidade. Como também é uma região grande produtora de grãos e oleaginosas, importantes para compor a dieta do confinamento, a utilização desses resíduos como fonte de volumoso viabiliza a terminação e produção de carcaça de qualidade para o mercado local e para grandes centros urbanos do país. Existem poucos trabalhos sobre a utilização de resíduos da cultura de banana em nutrição de ruminantes, bem como uma carência de informações sobre a utilização da virginiamicina como aditivo modulador da fermentação ruminal em ovinos. Foram utilizados 33 cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês, machos, não castrados, com aproximadamente cinco meses de idade, com peso corporal médio inicial de 25,00 ± 1,95 kg. Foram avaliadas quatro dietas: FTV - Feno de capim Tífton mais concentrado com virginiamicina (VM); FBV - Feno de pseudocaule de bananeira substituindo em 60% o feno de capim Tífton mais concentrado com VM; FT - Feno de capim Tífton mais concentrado sem VM; FB - Feno de pseudocaule de bananeira substituindo em 60% o feno de capim Tífton mais concentrado sem VM. Foi utilizado delineamento experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2x2, sendo os fatores representados pelo feno do pseudocaule de bananeira e feno de capim Tífton com e sem VM, organizados em contraste ortogonal, a relação concentrado: volumoso foi de 60:40%. No Experimento I objetivou-se avaliar o consumo, desempenho e digestibilidade de nutrientes em ovinos alimentadas com feno de pseudocaule de bananeira associado ou não ao feno de capim Tífton, com ou sem VM e, estabelecer parâmetros de degradabilidade in situ para os fenos de pseudocaule de bananeira e de capim Tífton. O período experimental foi de 99 dias, dos quais 15 foram para adaptação às dietas e as instalações. No primeiro dia do período de coleta de dados e ao término de cada fase de 21 dias os animais foram pesados, e ao término de cada fase foi feita coleta de amostras dos ingredientes das rações, sobras de cocho e fezes para posterior análise. Concluiu-se que a inclusão de 60% do feno de pseudocaule de bananeira em substituição ao feno de capim Tífton com e sem VM diminuiu o consumo de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro isenta de cinzas e proteína (FDNcp), e sem VM diminuiu o consumo de nutrientes digestíveis totais, digestibilidade da PB, ganho de peso total e ganho médio diário. A VM independentemente dos volumosos ou com o feno de Tífton como única fonte de volumoso diminuiu a digestibilidade da MS, FDNcp e do extrato etéreo. A degradabilidade in situ da matéria seca, da fibra insolúvel em detergente neutro e da proteína bruta do feno de capim Tífton e do feno de pseudocaule de bananeira é compatível com outros volumosos tropicais utilizados em nutrição de ruminantes e comparados neste trabalho. No Experimento II objetivou-se avaliar o rendimento de carcaças, medidas, cortes e deposição de gordura em ovinos, alimentadas com feno de pseudocaule de bananeira associado ou não ao feno de capim Tífton, com ou sem VM. Os animais foram pesados antes do abate e, após o abate, obtiveram-se o peso da carcaça quente e o rendimento da carcaça quente. Após 24 h na câmara fria, obtiveram-se o peso, rendimentos e índices de carcaça, medidas, cortes e deposição de gordura. Concluiu-se que o feno de pseudocaule de bananeira na alimentação de ovinos em confinamento não altera as características de carcaça. A VM associada ao feno de capim de Tífton aumentou o peso da carcaça quente, o rendimento de carcaça quente, o corte espinhaço, a deposição de gorduras mesentérica e omental, e independentemente dos volumosos, aumentou o perímetro torácico.
semiarid region using a by-product from banana crops. Banana growing generates 30 t DM/ha/yr of waste, and the Brazilian semiarid region has large irrigated banana-growing areas and a large herd of ruminants is present therein. These animals undergo feed restrictions during the period of drought and low supply of high-quality meat products. Because it is also a large grain- and oilseed-producing region, and given the importance of these ingredients in feedlot diets, the use of this waste as a roughage source makes it possible to finish animals and supply high-quality carcasses to the local market and great urban centers in the country. Few studies exist on the use of banana crop wastes in ruminant nutrition, and, likewise, little information is available on the use of virginiamycin as an additive modulating the rumen fermentation in sheep. Thirty-three male uncastrated Dorper × Santa Inês crossbred lambs at approximately five months of age, with an average initial body weight of 25.00 ± 1.95 kg, were used in this experiment. The following four diets were tested: THV - Tifton grass hay plus concentrate with virginiamycin (VM); BHV - banana pseudostem hay replacing 60% of Tifton grass hay plus concentrate with VM; TH - Tifton grass hay plus concentrate without VM; and BH - banana pseudostem hay replacing 60% of Tifton grass hay plus concentrate without VM. A completely randomized design was adopted with a 2 × 2 factorial arrangement where the factors consisted of banana pseudostem hay and Tifton grass hay with and without VM, organized in an orthogonal contrast, with a 60:40 roughage-to-concentrate ratio. Experiment I was conducted to evaluate the intake, performance, and nutrient digestibility of sheep fed banana pseudostem hay associated or unassociated with Tifton grass hay, with or without VM, and to establish in situ degradability parameters for the banana pseudostem and Tifton grass hays. The experimental period was 99 days, the first 15 of which were used for adaptation to diets and facilities. Animals were weighed on the first day of the data collection period and at the end of each 21-day phase. At the end of each phase, samples of feed ingredients, leftovers in the trough, and feces were harvested for analysis. The inclusion of 60% banana pseudostem hay replacing Tifton grass hay with and without VM reduced the intakes of dry matter (DM), crude protein (CP), and ash- and protein-free neutral detergent fiber (NDFap). Without VM, the ingredient reduced the intake of total digestible nutrients, CP digestibility, total weight gain, and average daily gain. Regardless of the roughage, or with Tifton grass hay as the only roughage source, VM reduced the digestibilities of DM, NDFap, and ether extract. The in situ degradability of DM, neutral detergent fiber, and CP of Tifton grass hay and banana pseudostem hay is compatible with that of other tropical roughages used in ruminant nutrition and compared in this study. Experiment II was carried out to evaluate carcass yields, measurements, cuts, and fat deposition in sheep fed banana pseudostem hay associated or unassociated with Tifton grass hay, with or without VM. Lambs were weighed before slaughter, and hot-carcass weight and yield were obtained post-slaughter. After 24 h in the cold room, the carcass weight, yields and indices; measurements; cuts; and fat deposition were measured. In conclusion, the use of banana pseudostem hay in the feeding of feedlot sheep does not change their carcass characteristics. Virginiamycin associated with Tifton grass hay increased hot-carcass weight and yield, neck-end, and mesenteric and omental fat deposition, and, regardless of the roughages, this association increased chest circumference.