Resumo
No período de transição, as vacas apresentam uma alta demanda nutricional, o que pode causar desequilíbrios metabólicos e aumentar a apresentação de doenças no início da lactação. Vários fatores, como o escore de condição corporal (ECC), o volume de produção de leite, apresentação de claudicações e lesões no casco podem ter relação com o perfil metabólico. O objetivo do estudo foi determinar o efeito das mudanças do ECC no período seco, produção de leite, grau de sangue e a apresentação de claudicações sobre o perfil metabólico, ocorrência de desequilíbrios metabólicos e doenças em vacas mestiças Holandês × Gir de alta produção. 80 vacas foram selecionadas no início do período seco, no primeiro estudo foram agrupadas de acordo com a mudança do ECC entre a secagem e o parto: LLG (grupo baixo-baixo), LNG (grupo baixo-normal), NNG (grupo normalnormal), NHG (grupo normal-alto), reagrupadas por grau de sangue em 1/2, 3/4 e 7/8 (Holandês × Gir) e por produção de leite nos primeiros 60 dias pós-parto sendo grupo de excelente (>30 L) e ótima produção (20 a 30 L). Amostras de sangue foram coletadas nos dias -42, -21, -7, 0, 7, 21, 42 para a determinação de ácidos graxos não esterificados (AGNE), BHB, glicose, colesterol, AST, albumina, proteínas totais, BUN, cálcio total, magnésio e fósforo. No segundo estudo, foram agrupadas em vacas com e sem claudicação no período pré-parto e pós-parto, e vacas com ou sem úlcera de sola no dia 60, além de amostras de sangue foi coletado líquido ruminal nos dias 7 e 42 para mensuração do pH. Foram avaliadas as lesões no casco nos dias -60, 7 e 60, e escore de locomoção em todos os momentos de colheita. ANOVA de medidas repetidas bifatoriais e teste de associação foram empregados para as comparações. No primeiro estudo a mudança ao longo do tempo foi o principal efeito para todas as variáveis estudadas e as diferenças entre grupos e interações foram pouco frequentes, assim como a apresentação de doenças entre os grupos. O ECC aumentou antes do parto em vacas NHG, LNG e as agrupadas de acordo com o cruzamento e a produção de leite. No período pós-parto, a ECC diminuiu em todos os grupos. A hipocalcemia subclínica (HCS) ao parto (53,7%) foi o principal desequilíbrio metabólico, enquanto a ocorrência de cetose subclínica foi baixa (8,7%). Altas concentrações de AGNE pré-parto não foram relacionadas à apresentação de doenças no início da lactação. No segundo estudo as lesões do casco e as claudicações aumentaram entre o período pré-parto e pós-parto. Perda excessiva de ECC pós-parto e HCS foram associados à claudicação no dia 60. O perfil metabólico não diferiu, em geral, entre vacas com e sem claudicação, exceto colesterol, albumina, BUN e magnésio que foram maiores nas vacas sem claudicação. Vacas mestiças Holandês × Gir de alta produção mantem bom equilíbrio metabólico no período de transição e início da lactação e fatores como ECC, grau de sangue, produção de leite e apresentação de claudicações ou lesões no casco influenciam pouco o metabolismo energético, proteico e mineral.
In the transition period, cows have a high nutritional demand, which can cause metabolic imbalances and increase the presentation of diseases in the early lactation. Several factors, such as body condition score (BCS), milk yield volume, lameness presentation, and hoof injuries may be related to metabolic profile. The objective of the study is to determine the effect of BCS changes in the dry period, milk yield, genetic groups of crosses and the presentation of lameness on the metabolic profile, the occurrence of metabolic imbalances and diseases in highproduction Holstein × Gir cows. 80 cows were selected at the beginning of the dry period, in the first study the cows were grouped according to the change in the BCS between drying and calving: LLG (low-low group), LNG (low-normal group), NNG (normal-normal group), NHG (normal-high group), regrouped by crosses 1/2, 3/4 and 7/8 (Holstein × Gir) and by milk yield in the first 60 days postpartum, being a group excellent (> 30 kg/day) and optimal production (20 to 30 kg/day). Blood samples were collected on days -42, -21, -7, 0, 7, 21, 42 to determine NEFA, BHB, glucose, cholesterol, AST, albumin, total protein, urea, total calcium, magnesium, and phosphorus. In the second study, cows were grouped into cows with and without lameness in the prepartum and postpartum periods, and cows with sole ulcers on day 60, in addition to blood samples, ruminal fluid was obtained on days 7 and 42 to measure pH, hoof injuries were evaluated on days -60, 7 and 60 and the locomotion score at all times. Two-way of repeated measures ANOVA and association tests were used for comparisons. In the first study, the change over time was the main effect for all studied variables, and differences between groups and interactions were infrequent, and disease presentation was indifferent between groups. BCS increased before calving in NHG, LNG, and cows grouped according to crosses and milk yield. In the postpartum period, BCS decreased in all groups. Subclinical hypocalcemia (SCH) at calving (53.7%) was the main metabolic imbalance, while the occurrence of subclinical ketosis was low (8.7%). High concentrations of NEFA prepartum were not related to the onset of the disease in the early lactation. In the second study, hoof injuries and lameness increased between the prepartum and postpartum periods. Excessive postpartum BCS loss and SCH were associated with lameness on day 60. The metabolic profile did not differ, in general, among lame and non-lame cows but cholesterol, albumin, BUN and magnesium concentrations were higher in non-lame cows. High-yielding Holstein × Gir cows maintain a good metabolic balance in the transition and early lactation periods and factors such as BCS, genetic group, milk production and presentation of lameness or hoof injuries have little influence on energy, protein and mineral metabolism.