Resumo
Os felídeos silvestres mantidos em cativeiro podem ser bioindicadores da infecção por Toxoplasma gondii, pois a presença destes animais soropositivos pode indicar que eles eliminaram oocistos e contaminaram o meio ambiente. Objetivou-se detectar anticorpos antiT. gondii em felídeos silvestres neotropicais mantidos em cativeiro no Estado de São Paulo. As amostras dos felídeos foram obtidas dos bancos de soros das instituições e o seu período de colheita foi compreendido entre janeiro de 2002 a dezembro de 2017. Ao todo, foram obtidas amostras de 226 felídeos, sendo: um gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi), 54 gatos-do-mato-pequenos (L. tigrinus), 15 gatos-maracajás (L. wiedii), 27 gatos-mouriscos (Puma yagouaroundi), dois gatos-palheiros (L. colocolo), 56 jaguatiricas (L. pardalis), 22 onças (Panthera onca) e 49 suçuaranas (Puma concolor). Os felídeos foram provenientes de cinco zoológicos, dois Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) e um criadouro científico. Os soros sanguíneos foram analisados pelo Teste de Aglutinação Modificada (MAT25), utilizando-se taquizoítos inativados em formalina e 2-mercaptoetanol. Dentre os 226 felídeos, 145 (64,1%) foram soropositivos e as ocorrências por espécies foram: gato-domato-grande (1/1, 100%), gato-do-mato-pequeno (33/54, 61,1%), gato-maracajá (8/15, 53,3%), gato-mourisco (14/27, 51,8%), gato-palheiro (0/2, 0%), jaguatirica (40/56, 71,4%), onça (18/22, 81,8%) e suçuarana (31/49, 63,3%). Considerando o sexo, 85 dos 125 (68%) machos e 60 das 101 (59,4%) fêmeas foram soropositivos. Com relação à idade, 9 dos 19 filhotes (47,4%), 17 dos 35 jovens (48,6%), 117 dos 170 (68,8%) adultos e 2 de 2 (100%) senis apresentaram anticorpos anti-T. gondii. Considerando a procedência, nos cinco zoológicos a ocorrência foi de 54,8 % (34/62), nos dois CRAS foi de 66,9% (105/157) e 85,7% (6/7) no único criadouro científico. Conclui-se que os felídeos das instituições foram expostos ao T. gondii e os programas de biossegurança para a prevenção e controle da toxoplasmose devem ser aprimorados e contínuos.
Wild felids kept in captivity may be bioindicators of Toxoplasma gondii infection, as the presence of seropositive animals may indicate they expelled oocysts that contaminated the environment. The aim of this study was to detect anti-T. gondii antibodies in wild felids kept in captivity in the State of São Paulo, Brazil. We got the samples of the felines from the institutions' serum database. The samples were collected between January 2002 to December 2017. Altogether, were collected from 226 Neotropical felids, divided as shown: Geoffreys cats (Leopardus geoffroyi), 54 oncillas (L. tigrinus), 15 margays (L. wiedii), 27 jaguarundis (Puma yagouaroundi), two Pampas cats (L. colocolo), 56 ocelots (L. pardalis), 22 jaguars (Panthera onca), and 49 cougars (Puma concolor). The felids came from five zoos, two Wildlife Rehabilitation Centers (WRC) and a scientific breeding ground. The obtained sera underwent by the Modified Agglutination Test to detect antibodies to T. gondii (MAT25), using formalin-fixed whole tachyzoites and 2-mercaptoethanol. Among the 226 felids, 145 (64.1%) were seropositive. The occurrences by species were: Geoffreys cat (1/1, 100%), oncilla (33/54, 61.1%), margay (8/15, 53.3%), jaguarundi (14/27, 51.8%), Pampas cat (0/2, 0%), ocelot (40/56, 71.4%), jaguar (18/22, 81.8%), and cougar (31/49, 63.3%). Considering the gender, 85 of the 125 (68%) males and 60 of the 101 (59.4%) females were seropositive. With regard to age, 9 of the 19 pups (47.4%), 17 of the 35 juveniles (48.6%), 117 of the 170 (68.8%) adults, and 2 of 2 (100%) seniles had antibodies to T. gondii. Considering the origin, in the five zoos the occurrence was 54.8% (34/62); in both Wildlife Rehabilitation Centers was 66.9% (105/157) and 85.7% (6/7) in the only scientific breeding ground. We concluded that the felids of the institutions were exposed to T. gondii, so the biosafety programs for the prevention and control of toxoplasmosis should be improved and continuous.