Polinização por abelhas Apis mellifera em soja transgênica e convencional

A soja (Glycine max L. Merril) é uma das commodity mais importantes do Brasil e do mundo, sendo que apenas no país, são aproximadamente 35 milhões de hectares destinados ao plantio dessa cultura. As áreas cultivadas de soja em nosso território têm aumentado exponencialmente a cada colheita e o mercado de sementes caminha na mesma direção, lançando novas cultivares a cada ano. Para aumentar não apenas a área plantada, mas também a produtividade, é necessário usar tecnologias e sistemas de integração. Como existem referências muito discrepantes em relação à contribuição de polinizadores, em especial da Apis mellifera, para a produtividade da soja, entende-se como fundamental estudar a relação entre a presença de polinizadores, a biologia floral e os componentes de produção da cultura agrícola. A literatura apresenta dados variando desde a ausência de contribuição, até aumentos na produção de grãos superiores a 30%. Mesmo não sendo uma espécie dependente de polinizadores para completar o ciclo reprodutivo, a soja constitui importante fonte de néctar e pólen aos visitantes florais. Neste estudo, avaliou-se o efeito da polinização por abelhas africanizadas sobre duas cultivares de soja durante dois anos consecutivos, sendo uma cultivar convencional (BRS 284) e outra transgênica (BRS 1001 IPRO). Três tratamentos foram estabelecidos: gaiolas com abelhas Apis mellifera, gaiolas sem abelhas e áreas livres para visitação de insetos. Os resultados mostraram aumento de 6,45% do rendimento de soja em áreas com livre acesso à visitação de insetos e, nas gaiolas com a introdução de colônias, o aumento foi de 13,64%. No tratamento com a presença de abelhas, o período de antese foi de 53,85 horas, no campo aberto e, nas gaiolas sem a presença de abelhas, foi 63,10 e 63,60 horas, respectivamente. A taxa de aborto de flores nas plantas foi menor nas áreas com a presença de abelhas. A receptividade do estigma e viabilidade polínica não apresentaram diferenças estatística entre os tratamentos e nem entre as cultivares. O volume de néctar na flor foi maior na parte da manhã até as 13h. O tempo de coleta de néctar e/ou pólen foi avaliado com auxílio de um cronômetro, acompanhando a abelha em sua atividade. Também foi cronometrado o tempo de permanência da abelha na flor e o número de visitas por minuto. Verificou-se que as abelhas ficam, em média 2,42 segundos coletando néctar na cultivar transgênica e 2,54 na cultivar convencional, não havendo diferença estatística entre as médias pelo teste de Tukey a 5% de significância. Em nenhum tratamento foi observado o comportamento de coleta de pólen nas flores. Com relação ao número de floras visitadas por minuto, observou-se que, em média, as abelhas africanizadas visitam 12 flores por minuto. Estes resultados indicaram que, mesmo nas cultivares de soja desenvolvidas mais recentemente, a polinização cruzada pode mostrar ganhos de produtividade, ainda que seja uma espécie autógama e com baixo índice de polinização cruzada

Soybean (Glycine max L. Merril) is one of the most important commodities in Brazil and in the world, and in the country alone, there are approximately 35 million hectares destined for the its planting. Soybean cultivated areas in our territory have increased exponentially with each harvest and the seed market is moving in the same direction, launching new cultivars every year. To increase not only the planted area, but also the productivity, it is necessary to use integration technologies and systems. As there are very different references in relation to the pollinators contribution, especially Apis mellifera, to soybean productivity, it is fundamental to study the relationship between the pollinators presence, floral biology and the components of production of this agricultural crop. The literature presents data ranging from the absence of contribution to increases in grain production above 30%. Even though it is not a pollinator-dependent species to complete the reproductive cycle, soybean is an important source of nectar and pollen for floral visitors. In this study, the pollination effect by Africanized honeybees on two soybean cultivars for two consecutive years was evaluated, one conventional cultivar (BRS 284) and another transgenic (BRS 1001 IPRO). Three treatments were established: cages with Apis mellifera honeybees, cages without honeybees and free areas for visiting insects. The results showed an increase of 6.45% in soybean yield in areas with free access to insect visits and, for cages with the introduction of colonies, the increase was 13.64%. In treatment with honeybees presence the anthesis period was 53.85 hours, in the open field and in the cages without honeybees presence it was 63.10 and 63.60 hours, respectively. The flower abortion rate on plants was lower in areas with honeybees presence. The stigma receptivity and pollen viability did not show statistical differences between treatments or between cultivars. The nectar volume in the flower was higher in the morning until 1 pm. The nectar and/or pollen collection time was evaluated with the aid of a stopwatch, following the bee in its activity. The time spent by the honeybee on the flower and the number of visits per minute were also timed. It was found that honeybees spend a mean of 2.42 seconds collecting nectar in the transgenic cultivar and 2.54 in the conventional cultivar, with no statistical difference between means by the Tukey test at 5% significance. The pollen collection behavior of flowers was not observed in any treatment. Regarding the number of flowers visited per minute, it was observed that, on mean, Africanized honeybees visit 12 flowers per minute. These results indicated that, even in the most recently developed soybean cultivars, cross-pollination can show productivity gains, even though it is an autogamous species and with a low crosspollination index.

Produção de geleia real em colonias de abelhas africanizadas com rainhas produzidas por transferência simples e dupla

O objetivo desta pesquisa foi avaliar a produção de geleia real de rainhas africanizadas (Apis mellifera L.) com diferentes origens genéticas (selecionada para produção de mel, selecionada para produção de geleia real e outra sem seleção genética) produzidas por transferência simples e dupla, e comparar a produção de geleia real entre suas proles. Foram utilizadas 18 colmeias do tipo minirrecria com os tratamentos distribuídos aleatoriamente. Os parâmetros avaliados foram: peso das rainhas à emergência, percentagem de aceitação de larvas nos sarrafos superior e inferior, geleia real por cúpula (mg) e geleia real por colônia/ coleta (g). Das três origens genéticas analisadas, as rainhas selecionadas para mel apresentaram maior peso à emergência, enquanto as rainhas sem seleção foram as mais leves. O método de produção de rainha por transferência dupla foi melhor do que o de transferência simples, pois as rainhas nasceram 2,38% mais pesadas. Porém, não houve diferença (P>0,05) com relação à produção de geleia real de acordo com a origem genética e nem comparando-se o método em que as rainhas foram produzidas. Portanto, embora rainhas oriundas de transferência dupla possam ser mais pesadas ao nascimento, se bem manejadas e o ambiente for adequado, as colônias selecionadas para outras características e/ou de transferência simples também podem ser produtivas, independente da origem genética. Isso demonstra o potencial produtivo das abelhas africanizadas quando o manejo de produção é adequado e quando as condições ambientais são favoráveis à produção de geleia real.

The objective of this research was to evaluate royal jelly production from Africanized honeybee queens (Apis mellifera L.) with different genetic origins (selected for honey production, selected for royal jelly production and unselected) produced by single and double grafting and to compare royal jelly production among their offspring. Total of 18 colonies selected in overlapped nucs were distributed in a completely randomized design. The parameters evaluated were: queen weight at emergence, percentage of the larvae acceptance in the upper and lower bars, royal jelly per cup (mg) and royal jelly per colony/collection (g). Queens selected for honey presented greater weight at the emergency, while the unselected queens were the lightest. The method of queen production by double grafting was better than that of simple grafting, since the queens were born 2.38% heavier. There was no difference (P>0.05) in relation to royal jelly production according to the genetic group nor even comparing the method in which the queens were produced. Therefore, although queens from double grafting may be heavier at emergence, if properly managed and environment is appropriate, colonies selected for other trait and/or produced by simple grafting can be as productive as, regardless of genetic origin. This demonstrates the productive potential of Africanized bees when the production management is adequate and when environmental conditions favor the production of royal jelly.