Resumo
A indução da ovulação é frequentemente utilizada na rotina reprodutiva de equinos. Raças eqüinas miniaturas, como o Pônei Brasileiro, apresentam um folículo préovulatório menor que raças de grande porte, não sendo descrito na literatura o diâmetro mínimo indicado para a indução da ovulação nestes animais. Em um primeiro estudo, objetivou-se avaliar a resposta à indução da ovulação em diferentes diâmetros foliculares. Em um segundo estudo, objetivou-se avaliar a influência do diâmetro folicular no momento da indução nas características morfológicas e vasculares do corpo lúteo formado. Para ambos os estudos, foram acompanhados 33 ovulações de 20 éguas da raça Pônei Brasileiro. No primeiro estudo, após a detecção via ultrassonografia de um folículo dominante, os animais foram divididos em três grupos: G25 (indução da ovulação com folículo de 25mm), G30 (indução da ovulação com folículo de 30 mm), G35 (indução da ovulação com folículo de 35mm) e GC (ovulação espontânea). As induções foram realizadas com a aplicação de 0,25mg de acetato de histrelina por via intramuscular. As éguas foram avaliadas por ultrassonografia transretal a cada 6 horas, durante 48 horas. Avaliou-se o diâmetro inicial folicular no momento da indução da ovulação (DI), diâmetro máximo folicular (DM), diâmetro médio folicular, o intervalo de tempo da aplicação do indutor até a ovulação (TAI-OV), o intervalo de tempo do surgimento da banda anecóica até a ovulação (TSB-OV), intervalo de tempo do surgimento de alteração do formato folicular até a ovulação (TAF-OV), grau de edema uterino no momento da indução da ovulação, área de vascularização do folículo dominante (AV), taxa de ovulação (TXOV), porcentagem de prenhez (PP) e porcentagem de prenhez por ovulação (PPO). No segundo estudo, foi acompanhado o desenvolvimento dos corpos lúteos até o sétimo dia pós ovulação por ultrassonografia modo-B e modo Power flow diariamente, sendo avaliados o diâmetro, a ecogenicidade e a área de vascularização luteal. Para ambos estudos, foi realizada análise de variância das variáveis testando o efeito de grupo, sendo as médias comparadas através do teste SNK. As taxas de ovulação, porcentagem de prenhez e grau de edema uterino no momento da indução da ovulação foram avaliados através do teste qui-quadrado. O DI apresentou diferença entre os grupos de tratamento (P<0,05), mas não diferiu entre G35 e GC (34,87±0,21 vs 34,74±0,13). Foi observada diferença entre todos os grupos (G25, G30, G35 e GC) para DM (27,71±1,42; 31,86±0,74; 35,48±0,54 e 37,38±0,46) e DMd (26,43±1,3; 30,7±1,13; 35,56±0,9 e 36,51±0,5), respectivamente (P<0,05). O GC (84,0±21,63) apresentou diferença no TAI-OV em relação aos demais grupos (G25, 33,0±10,4; G30, 36,85±8,7 e G35, 35,14±8,07) (P<0,05). Não houve diferença (P>0,05) para TSB-OV (G25, 16,5±10,4; G30, 19,71±4,53; G35, 17,14±2,26 e GC, 24,0±0) e TAF-OV (G25, 12,0±4,8; G30, 10,28±4,54; G35, 12,0±4,9 e GC, 12,0±0). A AV apresentou diferença entre GC (0,94±0,43) e os demais grupos (G25, 0,72±0,31; G30, 0,72±0,4 e G35, 0,63±0,4b) (P<0,05). A TXOV apresentou diferença entre o grupo G25 (40%) e demais grupos G30 (70%), G35 (70%) e GC (100%) (P<0,05). A porcentagem de prenhez apresentou diferença entre G25 (10%) e os demais grupos (G30, 50%; G35, 40% e GC, 66,67%) (P<0,05), bem como porcentagem de prenhez por ovulação (G25, 25%; G30, 71,43%; G35, 57,14% e GC, 66,67%). Foi observada uma alta correlação entre DI e DM (0,97), o grau de edema no momento da indução, TXOV e PP apresentaram correlação média com DI (0,45; 0,3 e 0,42, respectivamente). O diâmetro médio do CL (23,64 mm) apresentou correlação positiva de média magnitude (0,32) com o tamanho folicular do grupo, a média da ecogenicidade do corpo lúteo foi de 22,73 pixels e a da área de vascularização luteal foi de 2,10 mm2. A taxa de prenhez por ovulação foi de 25% para G25, de 71,43% para G30, de 57,14% para G35 e de 66,67% para GC. Foi encontrada forte correlação positiva para o diâmetro folicular e o diâmetro do corpo lúteo; enquanto para diâmetro folicular e ecogenicidade foi encontrado correlação média negativa. Para diâmetro folicular e área de vascularização do corpo lúteo, foi encontrada correlação média. Conclui-se que 1) folículos com diâmetro 30mm foram eficientes quando submetidos à indução da ovulação em éguas da raça Pônei Brasileiro, apresentando taxas de ovulação e prenhez satisfatórias e; 2) o diâmetro folicular no momento da indução da ovulação influencia significativamente os parâmetros morfofuncionais do CL de éguas da raça Pônei Brasileiro.
Induction of ovulation is often used in the reproductive routine of horses. Miniature equine breeds, such as the Pônei Brasileiro, have a smaller preovulatory follicle than large breeds, and the minimum diameter indicated for inducing ovulation in these animals is not described in the literature. In a first study, the objective was to evaluate the response to ovulation induction in different follicular diameters. In a second study, the objective was to evaluate the influence of the follicular diameter at the time of induction on the morphological and vascular characteristics of the formed corpus luteum. For both studies, 33 ovulations of 20 mares of the Pônei Brasileiro breed were followed. In the first study, after ultrasound detection of a dominant follicle, the animals were divided into three groups: G25 (ovulation induction with a 25 mm follicle), G30 (ovulation induction with a 30 mm follicle), G35 (ovulation induction with 35mm follicle) and GC (spontaneous ovulation). The inductions were performed with the application of 0.25 mg of histrelin acetate intramuscularly. Mares were evaluated by transrectal ultrasound every 6 hours for 48 hours. The initial follicular diameter at the time of ovulation induction (ID), maximum follicular diameter (DM), average follicular diameter, the time interval from application of the inducer to ovulation (TAI-OV), the time interval of appearance of the anechoic band until ovulation (TSB-OV), time interval from the appearance of changes in the follicular shape to ovulation (TAF-OV), degree of uterine edema at the time of ovulation induction, the area of vascularization of the dominant follicle ( AV), ovulation rate (TXOV), pregnancy percentage (PP) and percentage of pregnancy by ovulation (PPO). In the second study, the development of the corpus luteum was monitored until the seventh day after ovulation using B-mode ultrasonography and Power flow mode daily, being evaluated the diameter, echogenicity and area of luteal vascularization. For both studies, analysis of variance of the variables was performed, testing the group effect, with the means being compared using the SNK test. Ovulation rates, percentage of pregnancy and degree of uterine edema at the time of ovulation induction were assessed using the chi-square test. The DI showed a difference between the treatment groups (P <0.05), but it did not differ between G35 and CG (34,87±0,21 vs 34,74±0,13). A difference was observed between all groups (G25, G30, G35 and GC) for DM (27,71±1,42; 31,86±0,74; 35,48±0,54 and 37,38±0,46) and DMd (26,43±1,3; 30,7±1,13; 35,56±0,9 and 36,51±0,5), respectively (P <0.05). The CG (84,0±21,63) showed a difference in the TAI-OV in relation to the other groups (G25, 33,0±10,4; G30, 36,85±8,7 and G35, 35.14 ± 8.07) (P <0.05). There was no difference (P> 0.05) for TSB-OV (G25, 16,5±10,4; G30, 19,71±4,53; G35, 17,14±2,26 and GC, 24,0±0) and TAF-OV (G25, 12,0±4,8; G30, 10,28±4,54; G35, 12,0±4,9 and GC, 12,0±0). The VA showed a difference between CG (0,94±0,43) and the other groups (G25, 0,72±0,31; G30, 0,72±0,4 and G35, 0,63±0,4) (P <0.05). TXOV showed a difference between the G25 group (40%) and the other G30 groups (70%), G35 (70%) and CG (100%) (P <0.05). The percentage of pregnancy showed a difference between G25 (10%) and the other groups (G30, 50%; G35, 40% and CG, 66.67%) (P <0.05), as well as percentage of pregnancy by ovulation (G25, 25%; G30, 71,43%; G35, 57,14% and CG, 66,67%). A high correlation was observed between DI and DM (0,97), the degree of edema at the time of induction, TXOV and PP showed a medium correlation with DI (0,45; 0,3 and 0,42, respectively). The mean diameter of the CL (23,64 mm) showed a positive correlation of medium magnitude (0,32) with the follicular size of the group, the mean echogenicity of the corpus luteum was 22,73 pixels and that of the area of luteal vascularization was 2,10 mm2. The pregnancy rate by ovulation was 25% for G25, 71,43% for G30, 57,14% for G35 and 66,67% for CG. A strong positive correlation was found for follicular diameter and corpus luteum diameter; while for follicular diameter and echogenicity, a negative mean correlation was found. For follicular diameter and vascular area of the corpus luteum, a medium correlation was found. It is concluded that 1) follicles with diameter 30mm were efficient when subjected to ovulation induction in Brazilian Pony mares, presenting satisfactory ovulation and pregnancy rates and; 2) the follicular diameter at the moment of ovulation induction significantly influences the morphofunctional parameters of the CL of Brazilian Pony mares.