Resumo
The South American water rat Nectomys squamipes is a wild mammal reservoir of Schistosoma mansoni in Brazil. In the present study, wild rodents were collected in the field and categorized into two groups: infected and uninfected by S. mansoni. Blood was collected to analyze changes in the serum glucose level (mg/dL) and liver fragments were used to determine the hepatic glycogen content (mg of glucose/g tissue). The histological examination showed inflammatory granulomatous lesions in different phases of development in the liver of rodents naturally infected with S. mansoni, in some cases with total or partial occlusion of the vascular lumen. Early lesions were characterized by the presence of inflammatory infiltrate around morphologically intact recently deposited eggs. Despite the significance of these histological lesions, the biochemical changes differed in extent. N. squamipes naturally infected by S. mansoni showed no variation in hepatic glycogen reserves. These findings were accompanied by a significant increase in plasma glucose contents, probably as a consequence of amino acids deamination, which are degraded, resulting in the formation of intermediates used as precursors for the glucose formation, without compromising the reserves of liver glycogen. In the wild, naturally infected N. squamipes can maintain S. mansoni infections without undergoing alterations in its carbohydrate metabolism, which minimizes the deleterious effects of S. mansoni.
Nectomys squamipes é um mamífero silvestre reservatório de Schistosoma mansoni no Brasil. No presente estudo, os roedores silvestres, colhidos no campo, foram classificados em dois grupos: infectado e não infectado por S. mansoni. O sangue foi colhido para análise da alteração no nível de glicose sérico (mg/dL) e fragmentos de fígado foram usados para determinar o conteúdo de glicogênio hepático (mg de glicose/g tecido). A análise histológica demonstrou lesões granulomatosas em diferentes fases de desenvolvimento no tecido hepático dos roedores naturalmente infectados com S. mansoni, localizados principalmente na região periportal, com total ou parcial oclusão do lúmen vascular. As lesões foram caracterizadas por presença de infiltrado inflamatório ao redor de ovos morfologicamente intactos recentemente depositados. Apesar da grande significância das lesões histológicas, as alterações bioquímicas não diferiram no mesmo grau. N. squamipes naturalmente por S. mansoni não apresentaram variação na reserva de glicogênio hepático. Esses achados foram acompanhados pelo aumento significativo nos conteúdos de glicose plasmática, provavelmente como consequência ao processo desaminativo de aminoácidos, que passam a ser degradados notadamente para a formação de glucose, sem contudo comprometer a reserva de glicogênio hepático. Em condições naturais a infecção de S. mansoni pode ser mantida usando N. squamipes como hospedeiro definitivo, sem alterações significativas nos conteúdos de glicogênio hepático, minimizando os efeitos deletérios causados por S. mansoni nos roedores N. squamipes naturalmente infectados.
Assuntos
Animais , Masculino , Feminino , Roedores/sangue , Fígado/metabolismo , Fígado/patologia , Roedores/parasitologia , Schistosoma mansoni/isolamento & purificação , Esquistossomose mansoni/veterinária , Fígado/parasitologia , Esquistossomose mansoni/metabolismo , Esquistossomose mansoni/patologiaResumo
Com ciclo biológico complexo, os parasitos pertencentes ao gênero Echinostoma, caracterizam-se por apresentar o hábitat restrito à luz intestinal dos hospedeiros definitivos, na qual se destacam as aves aquáticas, mamíferos, incluindo o homem, e ocasionalmente algumas espécies de répteis e peixes. Possuem como primeiro hospedeiro intermediário moluscos límnicos, onde os miracídios penetram ativamente e desenvolvem até as fases de cercárias e crustáceos, anfíbios, peixes e moluscos límnicos como segundo hospedeiro intermediário onde ocorre a formação de metacercárias, fase infectante ao hospedeiro definitivo. Neste estudo, Biomphalaria glabrata foi infectada com diferentes doses miracidiais (5 ou 50) de E. paraensei e após uma, duas, três e quatro semanas de infecção os moluscos foram dissecados para a coleta da hemolinfa, conchas e tecidos (complexo gônadaglândula digestiva- GGD). Observou-se a oviposição dos moluscos. Na hemolinfa foram dosadas proteínas totais, uréia, ácido úrico, cálcio, colesterol e triacilglicerol, bem como as atividades das transaminases (ALT e AST). Nos tecidos foram mensurados os conteúdos de lipídeos neutros (ácidos graxos, triacilglecerol, colesterol e colesterol esterificado) e nas conchas, quantificados os conteúdos de carbonato de cálcio (CaCO3). Diferenças significativas foram observadas no estado bioenergético dos moluscos infectados com ambas as doses miracidiais em relação ao grupo controle (não-infectado), provavelmente em consequência da intensa formação de aminoácidos gliconeogênicos a partir do catabolismo protéico em resposta ao estresse gerado pelo parasitismo. O aumento da calcemia pode ser justificado devido ao alto consumo energético nos moluscos infectados, onde o metabolismo anaeróbico pode estar mais ativo culminando com o acúmulo de ácidos orgânicos que diminuem o pH da hemolinfa. Simultaneamente, acentuados decréscimos dos conteúdos de cálcio nas conchas foram constatados em B. glabrata infectadas por ambas as doses miracidiais (5 e 50) de E. paraensei, o que coincidiu com o pico da calcemia nestes mesmos organismos. Diminuições no conteúdo de proteínas totais na hemolinfa dos organismos infectados foram observadas, relacionando-se com o provável aumento das vias gliconeogênicas. Este consumo protéico é confirmado pelo aumento das atividades das transaminases (ALT e AST), efeito também decorrente ao aparecimento de rédias no molusco, bem como, ratificado pelo acúmulo de ácido úrico e uréia. Aumentos significativos na oviposição também foram evidenciados. Em adição, a significativa alteração no perfil lipídico dos moluscos infectados indica intensa utilização desse substrato tanto pelo hospedeiro intermediário quanto pelo parasito, sugerindo sua provável participação no metabolismo energético e estrutural. Os resultados observados neste estudo indicam que a infecção com cinco ou 50 miracídios de E. paraensei provocou consideráveis alterações metabólicas em B. glabrata, sendo que os moluscos expostos a maior carga miracidial apresentaram os maiores danos, caracterizando uma resposta dose-dependente