Resumo
Candidemia, uma frequente infecção hospitalar de corrente sanguínea, aumenta o tempo de internação, eleva os custos hospitalares e aumenta o número de óbitos. Realizou-se uma coorte com pacientes internados em unidades de terapia intensiva adulto e neonatal entre 2014-2016 para avaliar o risco para desenvolver candidemia e seus fatores predisponentes. Após o seguimento de 44405 pacientes-dia observou-se o desenvolvimento de 36 casos de candidemia, sendo 17 em UTI neonatal e 19 em UTI adulto. O principal agente etiológico de candidemia em pacientes internados na UTI neonatal foi o complexo C. parapsilosis e em UTI adulto foi C. albicans. A incidência de candidemia foi estatisticamente semelhante entre as UTIs, mas a proporção de óbitos por candidemia foi estatisticamente maior entre pacientes internados na UTI neonatal. Após ajuste por outras variáveis, tempo de internação por mais de 20 dias (RR=11,18; IC95%=3,34-37,40), antibioticoterapia com glicopeptídeos concomitante com nutrição parenteral (RR=30,85; IC95%=4,70-202,65) e uso de fluconazol por mais de 10 dias (RR=0,21; IC95%=0,10-0,48) se comportaram como fatores preditores para desenvolver candidemia. O risco de candidemia foi semelhante entre UTI adulto e neonatal, diferente entre as espécies do gênero Candida e maior entre os pacientes que desenvolveram candidúria. Poucos estudos epidemiológicos sobre candidemia avaliaram esse desfecho por meio de coortes, destes, alguns realizaram análise de sobrevida (tempo entre o diagnóstico e o óbito), porém a avaliação do risco para desenvolver candidemia, ou seja, os fatores predisponentes envolvidos no tempo entre a internação e o seu diagnóstico, pode auxiliar na melhor compreensão desta importante infecção.
não consta