Colecistectomia laparoscópica com três portais em cães via gasless ou pneumoperitônio com CO2.

Os objetivos desta tese foram, em uma primeira etapa, avaliar os resultados da colecistectomia laparoscópica (CL) via três portais de acesso em cães com doenças benignas da vesícula biliar em um estudo retrospectivo. A segunda etapa consistiu na proposição e avaliação da exeqüibilidade de uma técnica correspondente na modalidade gaslessem cadáveres caninos, utilizando um dispositivo personalizado de elevação mecânica da parede abdominal, e compará-la à técnica com pneumoperitônio em determinadas variáveis cirúrgicas. No artigo 1, foram revisados os registros médicos de 14 casos de CL operados por dois cirurgiões com diferentes proeficiências. O tempo cirúrgico médio foi de 69,21 ± 21.7 min (variação 45-104), não houve conversão em nenhum dos pacientes e 85,7% dos cães receberam alta hospitalar no dia do procedimento. As complicações transoperatórias em sua maioria foram classificadas como menores. Dois pacientes apresentaram complicações pós-operatórias que exigiram reintervenção, sendo um dos casos não relacionado à CL, e vieram a óbito após o segundo procedimento cirúrgico. No estudo prospectivo do artigo 2, 16 cadáveres foram distribuídos em dois grupos, os do GCG (n=8) foram submetidos à CL com o uso da plataforma de tração multidirecional e os do GCP (n=8) submetidos à CL com pneumoperitônio (10 mmHg). O tempo operatório total, os tempos de cada etapa do procedimento e as complicações transoperatórias foram registrados. O grau de dificuldade das abordagens cirúrgicas foi avaliado pelo cirurgião e auxiliar a partir de duas escalas adaptadas, uma escala visual analógica e uma escala Likert. A técnica proposta de CL gasless foi exeqüível em todos os animais. O tempo cirúrgico total foi maior para o grupo GCG (p=0,02), assim como o tempo para a etapa de dissecção da vesícula biliar do leito hepático (p=0,03). Para ambas as escalas, o grau de dificuldade para execução do procedimento foi maior para o GCG nas etapas de exposição e dissecção do ducto cístico, hemostasia e transecção do ducto cístico, visualização de estruturas anatômicas e para o somatório de todas as etapas (p<0,05). Não houve diferença na incidência de complicações transoperatórias entre as duas técnicas. Diante dos resultados apresentados, concluímos que a CL com três portais de acesso é uma abordagem viável e segura para o tratamento de doenças benignas da vesícula biliar em cães, possibilitando a redução da lesão de acesso cirúrgico por dispensar um trocarte adicional, sem ampliar a complexidade do procedimento considerando o acesso de quatro portais. A CL utilizando a plataforma de tração multidirecional foi viável em cadáveres caninos e similar à técnica correspondente utilizando pneumoperitônio quanto à incidência de complicações transoperatórias. Ainda que o tempo cirúrgico e o grau de dificuldade para a execução da técnica proposta sejam superiores, viabilizar uma técnica de CL que dispense o uso de pneumoperitônio representa uma valiosa alternativa para pacientes incapazes de compensar as alterações promovidas pela insuflação abdominal.

The aims of this thesis were, in a first step, to evaluate the results of laparoscopic cholecystectomy (CL) via three-port access in dogs with benign gallbladder diseases in a retrospective study. The second step consisted of proposing and evaluating the feasibility of a gasless three-port access CL in canine cadavers, using a personalized device for mechanical elevation of the abdominal wall, and comparing it to the corresponding technique with pneumoperitoneum in certain surgical variables. In article 1, the medical records of 14 cases of CL performed by two surgeons with different proficiencies were reviewed. The average surgical time was 69.21± 21.7 min (range 45-104), there was no conversion in any of the patients and 85.7% of the dogs were discharged on the day of the procedure. Most intraoperative complications were classified as minor. Two patients had postoperative complications that required reintervention, one of which was unrelated to CL, anddied after the second surgical procedure. In the prospective study of article 2, 16 cadavers were divided into two groups, those from the GCG (n = 8) were submitted to CL using the multidirectional traction platform and those from the GCP (n = 8) underwent CL with pneumoperitoneum (10 mmHg). The total surgical time, the times of each stage of the procedure, and the intraoperative complications were recorded. The degree of difficulty of surgical approaches was assessed by the surgeon and auxiliary fromtwo types of adapted scales, a visual analog scale and a Likert scale. The proposed gasless CL technique was feasible in all animals. The total surgical time was longer for the GCG group (p=0.02), as well as the time for the stage of gallbladder dissection of the liver bed (p=0.03).For both scales, the degree of difficulty in performing the procedure was greater for the GCG in the stages of exposure and dissection of the cystic duct, hemostasis, and transection of the cystic duct, visualization of anatomical structures, and for the sum ofall steps (p<0.05). There was no difference in the incidence of intraoperative complications between the two techniques. Given the results presented, we conclude that CL with three-port access is a viable and safe approach for the treatment of benign gallbladder diseases in dogs, making it possible to reduce the surgical access injury by avoiding the use of an additional trocar, without increasing the complexity of the procedure considering the access of four-port. CL using the multidirectional traction platform was viable in canine cadavers and similar to the corresponding technique using pneumoperitoneum for the incidence of intraoperative complications. Even though the surgical time and the degree of difficulty for the execution of the proposed technique are higher, to enable a CL technique that does not require the use ofpneumoperitoneum represents a valuable alternative for patients unable to compensate for changes caused by abdominal insufflation.

Ovariectomia em cadelas por notes híbrida ou total: estudo de viabilidade técnica, análises álgica e de cortisol plasmático

O presente estudo busca comparar duas novas técnicas de ovariectomia (OVE) por NOTES transvaginal em cadelas quanto a viabilidade técnica, tempo cirúrgico e incidência de complicações trans e pós-operatórias, bem como quanto à concentração de cortisol plasmático e escores de dor no período pós-operatório. Para tanto, uma amostra de 16 cadelas foi separada em dois grupos, sendo os pacientes do GNH (n=8) submetidos à OVE por NOTES transvaginal híbrida e os do grupo GNT (n=8) submetidas à OVE por NOTES transvaginal total. Os tempos cirúrgicos não diferiram entre os grupos experimentais. Nenhum dos cães requereu resgate analgésico nos períodos trans ou pós-operatório. Quanto ao escore de dor, os grupos não diferiram significativamente entre si na maioria dos tempos estudados, com exceção da avaliação nas 72 horas após extubação, na escala visual analógica (EVA), onde o GNH demonstrou índices mais elevados de dor que o grupo GNT. Os valores do cortisol plasmático não diferiram entre os grupos na maioria dos tempos, exceto no basal, onde os do grupo GNT foram superiores. Os valores mais elevados de cortisol para ambos os grupos experimentais foram encontrados no pós-operatório imediato, porém considerados significativos apenas para o grupo GNH. Ambas as técnicas de NOTES propostas se mostraram viáveis e seguras na realização de OV em cadelas, desde que executadas em pacientes selecionados quanto às condições anatômicas. As duas técnicas apresentaram resultados semelhantes para os parâmetros avaliados, com baixas taxas de complicações e reduzido estímulo álgico nos períodos trans e pós-operatório.

The purpose of this study was to compare two transvaginal NOTES ovariectomy (OVE) techniques in bitches regarding technical issues, surgical time, complications, as well as plasma cortisol concentration and postoperative pain scores. A sample of 16 dogs was divided into two groups: GNH patients (n=8) underwent transvaginal hybrid-NOTES OVE; and GNT dogs (n=8) were submitted to transvaginal total-NOTES OVE. The surgical time was not different between groups. None of the dogs required rescue analgesic during or after surgery at any time point. Groups did not differ significantly from each other regarding pain scores, except for 72 hours after extubation on visual analogue scale (EVA) assessment. GNH group presented higher pain score than GNT at 72 hours. Plasma cortisol did not differ between groups in most time points. However, GNT group presented higher plasma cortisol at the baseline. Cortisol peaked at the immediate postoperative period in both groups, but was significantly raised only in the GNH group. Both NOTES OVE techniques were feasible and safe in dogs. However, proper patient selection is advised. Techniques showed similar results for all assessment. Both techniques presented low complications rates and reduced pain during and after surgery.