Resumo
O consumo alimentar residual (CAR) é um dos parâmetros de mensuração da eficiência alimentar mais estudados, sendo importante para identificação de animais mais eficientes (baixo CAR) e menos eficientes (alto CAR) levando-se em conta o ganho de peso e o peso corporal. Estudos observaram que animais baixo CAR geram progênies que consomem menor quantidade de matéria seca. Entretanto, diferentes estudos observaram relação negativa do CAR com parâmetros reprodutivos de touros. Ainda assim, outros estudos não observaram relação entre o CAR e parâmetros de interesse reprodutivo. Diante disso, objetivou-se com o presente estudo avaliar as características de ecogenicidade do parênquima testicular e parâmetros vasculares do plexo pampiniforme avaliadas por ultrassonografia (modo B e doppler), os parâmetros de qualidade espermática e seminal, assim como congelabilidade espermática de touros da raça Nelore classificados de acordo com CAR. Para o estudo foram selecionados 27 touros jovens (21,82± 0,88 meses de idade), sendo 15 baixo CAR (- 0,592±0,09 kg de matéria seca/dia) e 12 alto CAR (0,792±0,10 kg de matéria seca/dia), previamente classificados em teste de eficiência alimentar. Foram realizadas duas análises ultrassonográficas do parênquima testicular e vascular no plexo pampiniforme de cada animal e quatro colheitas de sêmen com auxílio de eletroejaculador. Uma amostra de sêmen foi separada e acondicionada em 500L de solução formol salina tamponada para análise de morfologia espermática. Nas duas últimas colheitas o sêmen foi congelado, sendo que na última o ejaculado foi dividido em duas alíquotas: a primeira foi congelada normalmente e a segunda foi centrifugada para a separação do plasma seminal. Foram realizadas avaliações computadorizadas da cinética espermática (CASA) com o sêmen in natura, após descongelamento e após o teste de termorresistência rápido (TTR). Na ultrassonografia e doppler animais mais eficientes (baixo CAR) apresentaram maiores valores no índice de pulsatilidade e resistência vascular além de tendência a maiores valores para heterogenicidade do parênquima testicular (0,625±0,032 vs. 0,508±0,032, 1,012±0,072 vs. 0,802±0,072, 12,9±0,96 vs. 10,2±0,96, respectivamente). Já os animais menos eficientes (alto CAR) apresentaram tendência a maiores valores da velocidade do pico diastólico (5,19±0,50 vs. 6,54±0,50). Analisando o sêmen in natura, foi observado maior porcentagem de defeitos menores para animais alto CAR (2,67±1,19 vs. 8,10±1,19). Entretanto, não foram observadas diferenças entre animais mais e menos eficientes nos demais parâmetros seminais, tanto in natura quanto descongelado e após TTR. Conclui-se que o CAR não influenciou na qualidade seminal in natura, descongelado e após TTR, assim como nos parâmetros bioquímicos do plasma seminal; entretanto, o CAR influenciou negativamente nos parâmetros vasculares do plexo pampiniforme avaliados pela técnica doppler.
Residual feed intake (RFI) is one of the most studied parameters for measuring feed efficiency, being important for identifying more efficient (low RFI) and less efficient animals (high RFI) taking into account weight gain and weight body. Studies have observed that animals under RFI generate progenies that consume less dry matter. However, different studies have observed a negative relationship between RFI and reproductive parameters of bulls. Still, other studies have found no relationship between RFI and parameters of reproductive interest. Therefore, the aim of this study was to evaluate the echogenicity characteristics of the testicular parenchyma and vascular parameters of the pampiniform plexus assessed by ultrasound (mode B and doppler), the parameters of sperm and seminal quality, as well as congelability of semen of Nellore bulls classified according to RFI. For the study, 27 young bulls (21.82 ± 0.88 months of age), previously classified in a feed efficiency test, were selected: 15 of which were low RFI (-0.592 ± 0.09 kg of dry matter/day), and 12 were high RFI (0.792 ± 0.10 kg) dry matter/day). Two ultrasound analyzes of the testicular parenchyma and vascular on the pampiniform plexus of each animal and four semen collections with the aid of an electroejaculator were performed. A semen sample was separated and placed in 500 L of buffered formaldehyde saline for sperm morphology analysis. In the last two collects, the semen was frozen, and in the last, the ejaculate was divided into two aliquots: the first was frozen normally and the second was centrifuged to separate the seminal plasma. Computer-assisted sperm analysis (CASA) were performed with the semen in natura, after thawing and after the rapid resistance thermometer test (TTR). Considering ultrasound and Doppler analyzes, more efficient animals (low RFI) showed higher values in the pulsatility and resistibility index, in addition to a tendency to higher values for testicular parenchyma heterogeneity (0.625 ± 0.032 vs. 0.508 ± 0.032, 1.012 ± 0.072 vs. 0.802 ± 0.072, 12.9 ± 0.96 vs. 10.2 ± 0.96, respectively). On the other hand, less efficient animals (high CAR) tended to have higher values of the diastolic peak speed (5.19 ± 0.50 vs. 6.54 ± 0.50). Analyzing the semen in natura, a higher percentage of minor defects was observed for animals with high RFI (2.67 ± 1.19 vs. 8.10 ± 1.19). However, no differences were observed between more and less efficient animals in the other seminal parameters, both in semen in natura, post-thaw and post-TRT. It is concluded that the RFI did not influence the quality of semen in natura, post-thaw and post-TRT, as well as in the biochemical parameters of the seminal plasma; however, the RFI negatively influenced the vascular parameters of the pampiniform plexus assessed by the doppler technique.