Resumo
Os prejuízos causados por Rhipicephalus (Boophilus) microplus estão se tornando cada vez mais impactantes, uma vez que a resistência aos carrapaticidas convencionais está crescendo. Formas de diminuir e/ou prescindir do uso dos carrapaticidas têm sido estudadas. O controle parcial do rebanho, conhecido como controle seletivo, pode ser uma forma de diminuir a frequência das aplicações nos animais. Neste sentido, o presente estudo avaliou o uso do controle seletivo em um rebanho leiteiro constituído de diferentes grupos genéticos: Holandês, Jersey e mestiços Europeu x Zebu e Girolando (1/2 e ¾ Gir). As avaliações foram realizadas em torno de 25 dias, pela contagem em cada animal, num período de nove meses consecutivos (junho 2018 a fevereiro 2019). Carrapaticida comercial na forma pour-on foi aplicado somente quando o terço anterior do animal (lado direito) apresentava infestação igual ou superior a 8 carrapatos. Os dados das contagens de carrapatos foram transformados em log10 (n+1) e analisados por meio de modelos mistos. Foi verificada diferença significativa entre os grupos genéticos quanto às médias de número de carrapatos. A raça Holandês apresentou as maiores médias de carrapatos e, em média, 34,3% desses animais não receberam tratamento carrapaticida. Assim, é possível inferir que mesmo em rebanho altamente susceptível, como a raça Holandesa, é possível realizar o controle seletivo. O critério utilizado de 8 carrapatos na região anterior foi considerado um parâmetro aceitável para manter a população de carrapatos sob controle. Para os demais grupos genéticos, o controle seletivo apresentou diminuição média do uso de carrapaticidas em 79,1% para os mestiços, 81,5% para Jersey e 94,9% para Girolando. Os principais benefícios gerados pelo controle seletivo são a economia direta para o produtor pela diminuição no uso de carrapaticida e, em consequência, diminuição na quantidade de resíduos químicos no leite e derivados, com benefícios ao consumidor, além de retardar o aparecimento da resistência.
The damages caused by Rhipicephalus (Boophilus) microplus are becoming more and more impactful, since the tick resistance to acaricides is increesing. There have been studied means to reduce and/or dismiss the use of acaricides. Partial control of the herd, known as the selective control, can be a way to decrease the frequency of applications on animals. In this sense, the present study evaluated the use of the selective control in a dairy herd made up of different racial groups: Holstein, Jersey and European x Zebu crossbreed and Girolando (1/2 e ¾ Gir). Assessments were performed around 25 days, by counting individualy each animal, over a period of nine consecutive months (June 2018 to February 2019). Commercial pour-on acaricide were applied only when the anterior third of the animal (right side) had an infestation equal to or greater than 8 ticks. The data of tick counts were transformed into log10 (n+1) and analyzed using mixed models. There was a significant difference in the average of the tick counts between the genetic groups. The Holstein breed showed bigger averages of ticks and about 34.3% of these animals didnt need to receive drug treatment. Thus, it is possible to infer that even at a highly susceptible herd, as the Holstein breed, it is possible to carry out the selective control. The criterion used of 8 ticks in the anterior third of the animal was considered an acceptable parameter to keep the tick population under control. For the other genetic groups, the selective control the average variation of the use of ticks at 79.1% for the crossbreed, 81.5% for Jersey and 94.9% for Girolando. The main benefits generated by the selective control are direct savings for producers due to the decrease in the use of acaricides, and, consequently, a decrease in the amount of chemical residues in milk and dairy products, with benefits to the consumer, besides delaying the emergence of resistance