Resumo
We analyzed the seasonal variation in the diet, trophic niche breadth (Levins index), the partitioning of food resources (Pianka's symmetric index) and trophic level (weighed average of trophic level of each prey determined in FishBase and SeaLifeBase platform) of Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) and Hydrolycus scomberoides (Cuvier, 1819) in the Machado River, Rondônia, Brazil. Fish samplings were conducted bimonthly from June 2013 to May 2015 in five sites, using eight sets of gillnets. The occurrence frequency and volumetric frequency were used to quantify the food items. We analyzed the stomach contents of 283 individuals, 134 of H. scomberoides and 149 of P. squamosissimus. Fish were the most consumed food item by both piscivorous species. However, H. scomberoides mostly ingested pelagic fish (e.g. Characiformes fishes and Prochilodus nigricas Spix & Agassiz, 1829), while P. squamosissimus mostly consumed benthic fish [e.g. Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 and Tenellus trimaculatus (Boulenger, 1898)]. Hydrolycus scomberoides presented the trophic level 3.55 for both periods analyzed, while P. squamosissimus 4.01 in the flood period and 3.82 in the drought period. Seasonal variations in the diet of H. scomberoides and P. squamosissimus were observed (PERMANOVA). Specifically, P. squamosissimus consumed mainly "Siluriformes" fishes and P. blochii in the drought period. The trophic niche breadth of P. squamosissimus was greater than that of H. scomberoides in the flood period. The species P. squamosissimus and H. scomberoides had low (0.35) food niche overlap in both seasons analysed. The data indicated that P. squamosissimus has a generalist feeding habit, while H. scomberoides is specialized in prey selection. The overlap of food niche between the species in both periods of the hydrological cycle was low, indicating that niche partitioning was probably the main mechanism of coexistence of these species, with little relationship with variations of the hydrological cycle.
Nós analisamos a variação sazonal na dieta, a amplitude do nicho trófico (Índice de Levins), a partição dos recursos alimentares (Índice simétrico de Pianka) e o nível trófico (média do nível trófico de cada presa determinada pela plataforma FishBase e SeaLifeBase) de Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) e Hydrolycus scomberoides (Cuvier, 1819) no rio Machado, Rondônia, Brasil. As amostragens de peixes foram realizadas bimestralmente de junho de 2013 a maio de 2015 em cinco locais, utilizando oito conjuntos de redes de emalhar. A frequência de ocorrência e a frequência volumétrica foram utilizados para quantificar os itens alimentares. Analisamos o conteúdo estomacal de 283 indivíduos, 134 de H. scomberoides e 149 de P. squamosissimus. Peixes foram o item alimentar mais consumido pelas duas espécies piscívoras. No entanto, H. scomberoides ingeriu principalmente peixes pelágicos (ex. peixes Characiformes e Prochilodus nigricas Spix & Agassiz, 1829), enquanto P. squamosissimus consumiu principalmente peixes bentônicos [ex. Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 e Tenellus trimaculatus (Boulenger, 1898)]. Hydrolycus scomberoides apresentou nível trófico de 3,55 para ambos os períodos analisados, enquanto para P. squamosissimus o nível trófico foi de 4,01 no período da cheia e 3,82 no período de seca. Variações sazonais na dieta de H. scomberoides e P. squamosissimus foram observadas (PERMANOVA). Especificamente, P. squamosissimus consumiu principalmente peixes "Siluriformes" e P. blochii no período de seca. A largura do nicho trófico de P. squamosissimus foi maior que a de H. scomberoides no período da cheia. Plagioscion squamosissimus e H. scomberoides apresentaram baixa (0,35) sobreposição de nicho alimentar nas duas estações analisadas. Os dados indicaram que P. squamosissimus tem hábito alimentar generalista, enquanto H. scomberoides é especializado na seleção de presas. A sobreposição de nicho alimentar entre as espécies em ambos os períodos do ciclo hidrológico foi baixa, indicando que a partição de nicho foi provavelmente o principal mecanismo de coexistência dessas espécies, com pouca relação com as variações do ciclo hidrológico.
Assuntos
Animais , Estações do Ano , Dieta/veterinária , Ciclo Hidrológico , Peixes , Conteúdo Gastrointestinal , EcossistemaResumo
The Machado River is the main tributary of the Madeira River in the state of Rondônia, a region that has been impacted by deforestation, livestock, urban development, alluvial gold mining and urban and industrial effluents that likely contribute to the introduction of mercury (Hg) in the aquatic system. We aimed to determine the concentrations of total Hg (THg) in muscle and liver of Plagioscion squamosissimus, a main fishing resource in the region. Fish were sampled for two years at five sites, along a 90-km stretch of the middle Machado River. THg concentrations were analyzed in 64 muscle and 54 liver samples by cold vapor atomic absorption spectrophotometry (FIMS-400). THg levels were related with fish size and sex and with periods of the hydrological cycle. THg concentrations in both organs were positively and significantly related with fish body size. There was no significant variation in THg among periods of the hydrological cycle. Mean THg concentrations in muscle (1.09 ± 0.72 mg kg-1) and liver (1.28 ± 1.23 mg kg-1) were higher than the limit established by the WHO. Our results suggest that residual mercury from former alluvial gold extraction and lixiviation of mercury naturally occurring in the soil due to large-scale deforestaion is accumulating in the aquatic food chain in the Machado River. We conclude that it is necessary to monitor the levels of mercury in commercially important fish species in the region.(AU)
O Rio Machado é o principal afluente do Rio Madeira no estado de Rondônia, uma região impactada por desmatamento, pecuária, desenvolvimento urbano, mineração de ouro e efluentes urbanos e industriais, que provavelmente contribuem para a introdução de mercúrio (Hg) no sistema aquático. Nosso objetivo foi determinar as concentrações de Hg total (THg) em músculo e fígado de Plagioscion squamosissimus, um importante recurso pesqueiro na região. Os peixes foram amostrados durante dois anos em cinco locais ao longo de 90 km no médio Rio Machado. As concentrações de THg foram analisadas em 64 amostras de músculos e 54 de fígado por espectrofotometria de absorção atômica com vapor frio (FIMS-400). As concentrações de mercúrio foram relacionadas ao tamanho e sexo dos peixes, e com períodos do ciclo hidrológico. As concentrações de THg em ambos os órgãos foram relacionadas positiva e significativamente com o tamanho corporal dos peixes. Não houve variação significativa do THg entre os períodos do ciclo hidrológico. As concentrações médias de THg no músculo (1,09 ± 0,72 mg kg-1) e no fígado (1,28 ± 1,23 mg kg-1) foram superiores ao limite estabelecido pela OMS. Os resultados sugerem que o mercúrio residual da extração de ouro e lixiviação de mercúrio que ocorre naturalmente no solo desmatado está se acumulando na cadeia alimentar aquática do Rio Machado. Concluímos que é necessário monitorar os níveis de mercúrio em espécies de peixes comerciais na região.(AU)