Resumo
O presente trabalho avaliou diferenças de patoge-nicidade entre 19 cepas de Brachyspira pilosicoli isoladas de casos de diarréia em suínos no Estado do Rio Grande do Sul, usando um modelo de infecção oral de pintos de um dia. Os animais foram inoculados com uma suspensão de bactérias vivas, 21 dias após foram sacrificados e os cecos examinados por histopatologia através da hematoxilina-eosina, coloração pela prata e a imuno-histoquímica usando um anticorpo policlonal anti-Brachyspira pilosicoli. Com o uso das técnicas da prata e da imuno-histoquímica, respectivamente, 21,59 por cento e 70,96 por cento dos pintos mostraram colonização do epitélio do ceco por B. pilosicoli. Houve diferenças no tipo de colonização, ocorrendo aderência contínua, focal ou presença de bactérias livres na luz intestinal. A imuno-histoquímica foi considerada superior para a avaliação da colonização intestinal, pois foi capaz de detectar 49,37 por cento de animais colonizados a mais do que com o uso da coloração pela prata. Em três cepas foram observadas figuras alongadas dentro do citoplasma das células epiteliais cecais de aves inoculadas. (AU)
The study assessed differences of pathogenicity among 19 strains of Brachyspira pilosicoli isolated from cases of diarrhea in swine in the State of Rio Grande do Sul, Brazil, using an one-day-old chick model. The chicken inoculated with live bacterial cultures were submitted to euthanasia 21 days later, and the cecum was examined histologically using hematoxylin-eosin, silver staining and immunohistochemistry with a polyclonal antibody anti-Brachyspira pilosicoli. With silver staining and immunohistochemistry, respectively, 21.59% and 70.96% of the chicken showed colonization of the cecal epithelium with B. pilosicoli. Differences in the type of colonization characterized by continuous adhesion, focal adhesion or free bacteria in the intestinal lumen were observed. Immunohistochemistry was more efficient to assess intestinal colonization, because 49.37% more colonized chicken could be detected with silver staining. With three strains, elongated figures inside the cytoplasm of epithelial cecal cells in the inoculated chicken were observed.(AU)
Assuntos
Animais , Aves Domésticas , Imuno-Histoquímica/métodos , Doenças Transmissíveis , VirulênciaResumo
As Brachyspiras são espiroquetas intestinais que podem causar diarréia em suínos nas idades de crescimento e terminação. As características imunológicas dessas bactérias têm sido pouco estudadas, sendo que esse tipo de conhecimento tem um impacto direto no desenvolvimento de testes de diagnóstico, classificação sorológica e produção de vacinas. Um sistema de tipificação sorológica havia sido obtido apenas para a Brachyspira (B.) hyodysenteriae e estudos preliminares haviam sugerido a possibilidade de estabelecer sistema similar para outra espécie desse gênero, a B. pilosicoli. O objetivo da presente dissertação foi realizar estudos nesse sentido, verificando diferenças sorológicas entre diversos isolados de B. pilosicoli provenientes de suínos com diarréia da região Sul do Brasil. Para isso, o teste de microaglutinação em placa (MAT) foi utilizado, por ser de fácil realização, podendo refletir as diferenças sorológicas existentes entre as cepas testadas. Foram analisadas 19 cepas brasileiras, a cepa de referência de B. pilosicoli (P43/6/78) e uma cepa de origem humana (SP16), além da cepa de referência da B. hyodysenteriae (B78). Para o MAT, soros hiperimunes policlonais foram produzidos em coelhos, através da inoculação de suspensões bacterianas dos isolados em estudo, ajustadas a uma concentração de 1x109 espiroquetas/mL. Diluições seriadas de cada um dos soros obtidos foram usadas para analisar o grau de microaglutinação e/ou lise, em microscopia de campo escuro. Para tal, foram colocados em contato com culturas das espiroquetas em fase de logarítmica de crescimento em meio líquido PRAS. Como controle negativo foi usado um tampão PBS, sendo todos os testes repetidos por cinco vezes em dias diferentes. Os resultados demonstraram que existe uma grande variabilidade antigênica dentre os isolados brasileiros de B. pilosicoli, não tendo sido possível realizar a classificação em grupos sorológicos, provavelmente devido a reações cruzadas entre as espiroquetas testadas. Foi detectada uma alta ocorrência (29%) de auto-aglutinações e/ou lise dos antígenos antes da realização do teste, sendo esse um fator limitante para o uso do MAT com espiroquetas intestinais. O teste de microaglutinação comprovou ser uma ferramenta sensível para a avaliação das características sorológicas da B. pilosicoli, pois repetições de exames realizadas em dias diferentes apresentaram 98% de concordância em seus resultados. Por reagir contra todas as cepas de B. pilosicoli contra as quais foi testado com título superiores a 1:1120, o antissoro produzido contra a amostra SIPV14 poderia ser utilizado em provas de diagnóstico, como a imuno-histoquímica e ELISA. Por reagir com todos os soros contra os quais foi testado com títulos superiores a 1:2880, a cepa SIPV42 seria a mais indicada para ser utilizada para a produção de vacina para a prevenção da infecção intestinal contra a B. pilosicoli (colite espiroquetal). A ampliação dos estudos para as outras espécies do gênero Brachyspira, como a B. murdochii, B. innocens, B. intermedia, B. alvinipulli, B. canis e, eventualmente, a B. aalborgi, poderiam fornecer uma visão mais detalhada sobre as características imunológicas desse gênero bacteriano