Resumo
Foram avaliados os efeitos de diferentes protocolos alimentares realizados durante o período da larvicultura de tambaqui e as consequências sobre o organismo nas fases posteriores de criação, até o abate, por meio de variáveis de desempenho produtivo e da análise morfológica e morfométrica de fibras musculares. Larvas de tambaqui no início da alimentação exógena (6 dias após a eclosão e 0,4 ± 0,2 mg de massa coporal) foram criadas intensivamente em laboratório e submetidas a cinco tratamentos durante os primeiros 30 dias de alimentação exógena. Os protocolos alimentares consistiram de: (AV) Alimento Vivo alimentação exclusiva com náuplios de artêmia; (TAp) Transição Alimentar precoce transição do alimento vivo para dieta formulada comercial aos 6 dias após a primeira alimentação exógena (DPAE); (TAt) Transição Alimentar tardia transição do alimento vivo para dieta formulada aos 12 DPAE; (JJ) Jejum e (DC) Dieta formulada comercial desde a primeira alimentação exógena. Após o período de criação intensiva seguiu-se a fase de recria e engorda realizada em viveiros externos, na qual os peixes foram avaliados até alcançarem a massa corporal de 1 kg. As larvas que passaram por jejum completo suportaram apenas 7 dias após o início do período experimental com as reservas endógenas e não manifestaram crescimento muscular quando comparadas aos demais tratamentos. A dieta formulada contribuiu minimamente para o desempenho produtivo, afetou o desenvolvimento muscular e resultou em mortalidade completa das larvas aos 17 DPAE. Larvas do tratamento TAp apresentaram desempenho produtivo, sobrevivência e crescimento muscular prejudicados durante a fase de larvicultura, quando comparado aos demais tratamentos. AV foi capaz de promover bons resultados produtivos e de crescimento muscular, comparado ao TAt até o 12 DPAE. Entretanto, quando as larvas passam por TAt aos 12 DPAE, apresentam melhores resultados em crescimento, ganho em massa e celularidade muscular, com efeitos persistentes até alcançarem 1 kg. O estudo demonstrou que estratégias de manejo alimentar durante as fases iniciais de vida resultam em efeitos persisitentes sobre o desenvolvimento e crescimento do tambaqui nas fases posteriores de criação, até a fase de abate. Conclui-se, também, que a transição alimentar tardia do alimento vivo para o alimento formulado, aos 12 DPAE, promove maior aumento da massa muscular, crescimento e ganho em massa das larvas, quando comparado à transição alimentar precoce (6 DPAE) e ao uso exclusivo do alimento vivo, com consequências para o desenvolvimento posterior da espécie. Essas informações têm utilidade para aplicação pelo setor produtivo, pois ressaltam a importância de adoção de práticas otimizadas na fase de larvicultura para assegurar melhor desempenho nas fases subsequentes de criação.
This work evaluates the effects of different dietary protocols during the larviculture of the tambaqui and the consequences on its later stages, at the slaughter phase, through productive performance and morphological and morphometric analysis of muscle fibers. Tambaqui larvae at the beginning of the exogenous feeding (6 days post-hatch, 0.04 ± 0.02 mg) were intensively reared and submitted to 5 different treatments in the first 30 days of exogenous feeding, consisting of: (LF) live food exclusively (artemia nauplii); (EW) early weaning - transition from live food to commercial formulate diet 6 days after first feeding (DAFF); (LW) late weaning - transition from live food to formulate diet at 12 DAFF; (F) fasting and (CD) formulate commercial diet since the first exogenous feeding. After the period of intensive rearing, the fish were re-stocked into outdoor ponds for the grow-out phase and were evaluated until they reached the slaughter weight, about 1 kg. The larvae that underwent full fasting lived only 7 days after the beginning of the trial period with their endogenous reserves and showed no muscle growth when compared to other treatments. The commercial diet contributed insufficiently to productive performance, affected muscle development and resulted in complete mortality of the larvae 17 DAFF. Early weaning larvae presented impaired productive performance, survival and muscle growth during the larviculture stage, when compared to other treatments. LF was able to promote good productive and muscle growth results, compared to the LW until the 12 DAFF. However, when larvae went through late weaning at 12 DAFF, they presented better results of growth, weight gain and muscle cellularity, with persistent effects one year later, when they reached 1 kg. The study showed that food strategies during the early stages result in persistent effects on the development and growth of tambaqui in the later rearing stages, until the slaughter phase. It was also possible to conclude that the late transition of live food to formulate diets, at 12 DAFF, promotes greater muscle mass increase, growth and weight gain of the larvae, if compared both to EW (6 DAFF) and the exclusive use of the live food, with consequences for further development of the species. Such information is useful for application by the productive sector, as it emphasizes the importance of adopting optimized practices during larviculture stage, to ensure better performance in the subsequent rearing stages.