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Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-219011

Resumo

Apesar da atual representatividade do setor pesqueiro brasileiro e sua relevância para economia, ainda há grande potencial de desenvolvimento que precisa ser trabalhado no setor. A cadeia produtiva do pescado permite adição de novas técnicas que propõem novos proveitos para a utilização dos subprodutos gerados que são subaproveitadas dentro do processo de beneficiamento. Dentro dessa perspectiva, o presente estudo objetivou a caracterização de filés de pirarucu (Arapaima gigas), tilápia do Nilo (Oreochromisniloticus) e corvina (Cynoscionvirescens) e aproveitamento de subprodutos na elaboração de diferentes farinhas e sua inclusão em produto alimentício, bem como a produção de couros com tanino vegetal. Foram realizados quatro experimentos com as respectivas espécies, sendo no Experimento I - Caracterização e rendimentos de filé, de farinhas elaboradas com espinhaço e cabeça de pirarucu e a qualidade das peles curtidas com tanino vegetal; Experimento II - Farinha de espinhaço de pirarucu saborizadas (salgada e doce) e inclusão em produtos alimentícios; Experimento III- Caracterização de filés de tilápia e corvina e de seus subprodutos de filetagem na elaboração de farinhas para inclusão em produtos alimentícios eExperimento IV - Qualidade de resistência e características morfológicas de couros de tilápia do Nilo, pirarucu e corvina. No experimento I, o pirarucu apresentou 44,56% de rendimento de filé sem pele e 55,44% de subprodutos, dois quais proporcionou a farinha de espinhaço (15,44%) e de cabeça (15,52%) e 16,81% de peles para o curtimento com tanino vegetal. Os filés apresentaram 20,34 % de proteína bruta, 5,58 % lipídeos e 1,05 % de matéria mineral, enquanto as farinhas 54,42% e 52,58% de proteína, 4,55% e 7,24% de lipídeos totais, 35,23 e 36,21% de matéria mineral. Os ácidos graxos majoritários foram o palmítico (27,62%), esteárico (13,71%), oleico (27,01%) e linoleico (12,19%) no filé. A farinha de espinhaço apresentou melhores teores de ácidos graxos oleico (32,36%) e linoleico (19,88%). A farinha com espinhaço apresentou melhor valor nutritivo, menor atividade de água (0,27), apesar das farinhas de cabeça apresentarem maiores teores de cálcio e fósforo. A farinha de espinhaço apresentou croma a* significativamente maior e menor granulometria, e o diâmetro geométrico médio foi de 0,24%, facilitando sua inclusão em produtos alimentícios. Os couros de pirarucu curtidos com tanino vegetal apresentam elevada resistência à tração (13,85 N/mm2 ) e elasticidade (86%) no sentido transversal do couro. No experimento II foram elaboradas as farinhas saborizadas (doce e salgada), a partir da farinha padrão do espinhaço do pirarucu, depois, estas foram incluídas em snacksextrusados. As farinhas apresentaram baixo teor de umidade (3,35% a 4,07%) e elevado teor de proteína, sendo significativamente superior na farinha padrão (50,46%) em relação as demais (doce=23,71% e salgada=26,63%). A inclusão das farinhas nos snacks extrusados proporcionaram redução na umidade e atividade de água, porém elevação nos teores de proteína, lipídeos, cálcio e fósforo, assim como o pH. As farinhas saborizadas apresentaram melhor aceitação sensorial, entretanto, quando adicionada nos snacks, adoce foi melhor aceita, apesar de mais escuros (menor luminosidade). No entanto, snacks com a farinha salgada apresentou melhor qualidade nutricional. No experimento III, o rendimento de filé da corvina (46,56%) foi significativamente superior ao datilápia (32,60%). Os filés apresentaram em média 81,56% de umidade e 1,07% de cinzas, no entanto, o de tilápia apresentou maior teor de proteína (17,08%) e menor de lipídeos (0,89%). As farinhas de espinhaço de tilápia (55,41%) e de corvina (43,75%) apresentaram maiores teores de proteína, enquanto as de cabeça de corvina maior teor de cinzas (45,55%) e de tilápia menor (28,38%). As farinhas produzidas com espinhaço de corvina apresentaram maiores teores de cálcio e fósforo (9,34% e 9,27%, respectivamente). No entanto, a farinha de espinhaço de tilápia apresentou maiores teores de aminoácidos essenciais, sendo o triptofano limitante para ambas. As farinhas apresentaram granulometria fina (0,23 a 0,56 mm) e da cabeça de tilápia a menor luminosidade (56,56). As farinhas doces (31,28%) apresentaram maior teor proteico, enquanto as salgadas de lipídeos (8,06%), independente da espécie de peixe. Conclui-se que a tilápia apresenta menor rendimento de filé, mas com elevado teor de proteína e baixo teor de lipídeos. Comparando as farinhas elaboradas a partir dos subprodutos de filetagem, a de espinhaço apresenta melhor qualidade nutricional, sendo de tilápia superior ao da Corvina, especialmente para teor de proteína e aminoácidos. Com a saborização reduz teor proteico, sendo superior para as farinhas doces. Todas as farinhas e snacks apresentaram qualidade microbiológica para serem consumidos, mostrando excelente qualidade higiênico-sanitário durante todoprocessamento. Experimento IV comparando os couros das três espécies de peixes, o couro do pirarucu apesar de ser mais espesso (2,38mm), apresentou menor proporção de fibras colágenas tipo I e consequentemente menor resistência a tração (10,43N/mm2 ), rasgamento progressivo (46,83N/mm) e elasticidade (65,26%) comparado aos demais couros analisados, cujas proporções das fibras tipo I foram maiores. Os couros de corvina e tilápia apresentaram resultados semelhantes de resistência a tração e elasticidade, sendo que o de corvina apresentou maior resistência ao rasgamento progressivo (102,81N/mm).Diante dos resultados dos experimentos, conclui-se que o pirarucu e a corvina apresentam maiores rendimentos de filé comparado com a tilápia do Nilo e os subprodutos, espinhaço e cabeça apresentam como matéria-prima viável para produção de farinhas de boa qualidade nutricional, apesar do espinhaço, ser superior. Com a saborização das farinhas ocorre redução de proteína, porém ainda apresenta elevada qualidade nutricional apresentando melhor aceitação pelo consumidor e sua inclusão em produtos alimentícios. Portanto, estes subprodutos podem ter destino mais nobre e agregar valor na cadeia produtiva das espécies estudadas


Despite the current representativeness of the Brazilian fishing sector and its relevance to the economy, there is a great potential for development that needs to be worked on in the sector.The fish production chain allows the addition of new techniques that propose new benefits for the use of the generated by-products that are underutilized within the processing system. Within this perspective, the present study aimed to characterize pirarucu filets (gigas Arapaima), Nile tilapia (Oreochromis niloticus) and corvina (virescensCynoscion) and use of by-products in the preparation of different flours and their inclusion in food product, as well as the production of leathers with vegetable tannin. Four experiments were carried out with the respective species, being in Experiment I - Characterization and yield of fillet, flours elaborated with spine and pirarucu head and the quality of the tanned skins with vegetable tannin; Experiment II - Flavored pirarucu flour (salt and sweet) and inclusion in food products and Experiment III characterization of tilapia fillets and corvina and their filleting by-products in the preparation of flours for inclusion in food products and Experiment IV - Strength quality and morphological characteristics of Nile tilapia, pirarucu and corvina leathers. In experiment I, the pirarucu showed 44.56% of skinless fillet yield and 55.44% of by-products, two of which provided the spine (15.44%) and head flour (15.52%) and 16. 81% of leathers for tanning with vegetable tannin. The fillets presented 20.34% of crude protein, 5.58% lipids and 1.05% of mineral matter, while flours 54.42% and 52.58% of protein, 4.55% and 7.24% of total lipids, 35.23 and 36.21% of mineral matter. The major fatty acids were palmitic (27.62%), stearic (13.71%), oleic (27.01%) and linoleic (12.19%) in the fillet. The spine flour showed better levels of oleic (32.36%) and linoleic (19.88%) fatty acids. The flour with spine showed better nutritional value, lower water activity (0.27); but the head flours have higher levels of calcium and phosphorus. The spine flour had a more reddish color (chroma a * was significantly higher) and less granulometry, where the average geometric diameter was 0.24%, facilitating its inclusion in food products. The pirarucu leathers tanned with vegetable tannin present a high tensile strength (13.85 N / mm2) and elasticity (86%) in the cross-section of the leather. In experiment II, flavored flours (sweet and salted) were made from the standard flour from the pirarucu spine, then were included in extruded snacks. Flours had low moisture content (3.35% to 4.07%) and high protein content, being significantly higher in standard flour (50.46%) in relation to the others (sweet = 23.71% and salty = 26.63%). The flours inclusion in extruded snacks provided a reduction in moisture and water activity, but an increase in the levels of protein, lipids, calcium and phosphorus, as well as pH. The flavored flours showed better sensory acceptance, however, when added to snacks, sweet was better accepted, although it was darker (less luminosity). However, snacks with salted flour showed better nutritional quality. In experiment III, the fillet yield of corvina (46.56%) was significantly higher than tilapia (32.60%). The fillets had an average of 81.56% moisture and 1.07% of ash, however, the tilapia fillet had a higher protein content (17.08%) and lower lipids (0.89%). The tilapia (55.41%) and corvina (43.75%) flours had higher protein contents, while the corvina head flours had a higher ash content (45.55%) when compared to tilapia (28, 38%). The flours produced with corvina spine showed higher levels of calcium and phosphorus (9.34% and 9.27%, respectively). However, tilapia spine flour had higher levels of essential amino acids, with tryptophan limiting both of them. The flours had a fine particle size (0.23 to 0.56 mm) and the tilapia head was less luminous (56.56). The sweet flours (31.28%) had a higher protein content, while salty had higher lipid (8.06%), regardless of fish species. It is concluded that tilapia has lower fillet yield, but with a high protein and low lipid content. Comparing the flours made from fillet by-products, the spine flour has better nutritional quality, with tilapia being superior to the corvina, especially for protein and amino acid content. With flavoring, the protein content is reduced, being higher for sweet flours. All flours and snacks showed microbiological quality, showing an excellent hygienic-sanitary quality throughout processing. In view of the experiments results, it is concluded that the pirarucu and the corvina present higher fillet yields compared to the Nile tilapia and the byproducts, spine and head are presented as viable raw material for producing flours of good nutritional quality, despite the spine, being superior. With the flavoring of the flours, there is a reduction in protein, but it still presents a high nutritional quality, with better acceptance by the consumer and its inclusion in food products. Therefore, these by-products can have a nobler destination and add value to the productive chain of the species studied. Experiment IV - comparing the leathers of the three fish species, the pirarucu leather, despite being thicker (2.38mm), presented a lower proportion of type I collagen fibers and, consequently, less tensile strength (10.43N / mm2), progressive tearing (46.83N / mm) and elasticity (65.26%) compared to the other leathers analyzed, whose proportions of type I fibers were higher. Corvina and tilapia leathers showed similar results in tensile strength and elasticity, while corvina leathers showed greater resistance to the progressive tearing (102.81N / mm).

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