Resumo
Quinze ovinos foram adaptados ao consumo de Ipomoea carnea por 36 dias. Posteriormente, foram divididos ao acaso em três grupos de cinco ovinos cada e avertidos com cloreto de lítio (LiCl) (Grupo 1) e Baccharis coridifolia (Grupo 2). O Grupo 3 permaneceu como controle. Os ovinos foram desafiados ao consumo da planta na pastagem e em baias individuais até o 74° dia após o primeiro dia da aversão. Nos dias 14 e 19, o número de ovinos que consumiu I. carnea no Grupo 3 foi significativamente maior que o número de ovinos que consumiu a planta nos Grupos 1 e 2 (P=0,004 e P=0,0004, respectivamente). No dia 24, o número de ovinos que consumiu I. carnea foi significativamente maior no Grupo 3 do que no Grupo 1 (P=0,004). A partir do desafio do dia 29, não houve diferença significativa (P>0,05) no consumo da planta entre os três grupos. A quantidade de I. carnea consumida pelos ovinos do Grupo 3 durante o período do experimento no dia 7 após o primeiro dia da aversão foi significativamente maior do que o consumo das ovelhas dos Grupos 1 e 2 (P=0,0002 e P=0,01, respectivamente). Nos desafios seguintes, não houve diferença na quantidade de I. carnea ingerida pelos ovinos. Na avaliação do comportamento dos ovinos na pastagem infestada por I. carnea, o tempo destinado ao consumo da planta foi de no máximo 2,4%±1,6% do total de tempo de pastejo, não havendo diferença entre os três grupos. I. carnea nunca foi consumida avidamente pelos ovinos experimentais e a aversão incompleta induzida pelos dois agentes utilizados como aversores (LiCl e B. coridifolia) sugere que não seriam eficientes para reduzir ou eliminar o consumo de I. carnea pelos ovinos.(AU)
Fifteen sheep were adapted to consume I. carnea for 36 days. Subsequently sheep were randomly divided into three groups of five sheep each. Group 1 was averted with LiCl, group 2 was averted with B. coridifolia, and Group 3 was the control group. The sheep were periodically tested by exposing to I. carnea in the pasture and in individual pens up to the 74th day after the first day of aversion. On the 14th and 19th days the number of sheep in Group 3 that consumed I. carnea was significantly higher than the number of sheep that consumed I. carnea in Groups 1 and 2 (P=0.004 and P=0.0004, respectively). On day 24 the number of sheep that consumed I. carnea was significantly higher in Group 3 than Group 1 (P=0.004). After the challenge on the 29th day no significant difference (P>0.05) was observed in the consumption of the plant among the three groups. On day 7 of the aversion period control sheep (group 3) consumed more I. carnea than did the sheep from Groups 1 and 2 (P=0.0002 and P=0.01, respectively). After this period there was no difference in the amount of I. carnea ingested by the sheep in other individual challenges. The maximum time spent by the sheep grazing I. carnea was 2.4%±1.6% of the total grazing time and no difference was observed among the groups. I. carnea was never consumed avidly by the experimental sheep, and some LiCl animals did not learn to avoid the plant on a consistent basis. Conditioning an incomplete aversion indicates that neither LiCl or B. coridifolia will work with sheep in field settings to reduce or eliminate consumption of I. carnea.(AU)
Assuntos
Animais , Ovinos , Ipomoea , Modalidades Alimentares , Preferências Alimentares , Baccharis , Swainsonina , Plantas TóxicasResumo
Three experiments were performed to determine the efficacy of various methods of averting naïve cattle to prevent Baccharis coridifolia poisoning: forced oral administration of 0.5g kg-1 body weight of fresh B. coridifolia; forced inhalation of the smoke from burning B. coridifolia and rubbing the plant on the animals' muzzles and mouths; and introducing the animals into paddocks with low invasion by B. coridifolia. Results demonstrated that cattle forced to ingest low doses become strongly averted if introduced into paddocks 23-26 hours after the aversion. In contrast, cattle introduced into the paddocks between 1-10 hours were not fully averted. Inhalation of B. coridifolia smoke, and rubbing the plant on the animals' muzzles and mouths were not efficient to induce an aversion. The introduction of cattle into paddocks with approximately 1% of B. coridifolia was efficient if the animals remained 5 months in the area, but not if they only remained for 60 hours, as cattle required sufficient time to learn to avoid the plant.
Foram realizados três experimentos para determinar a eficácia de vários métodos de aversão a Baccharis coridifolia em bovinos: administração oral forçada de 0,5g kg-1 de peso vivo de B. coridifolia fresca; inalação forçada da fumaça proveniente da queima de B. coridifolia e esfregação da planta no focinho e na boca dos animais; e introdução dos animais em pastagens com baixa infestação por B. coridifolia. Os resultados demonstraram que os animais forçados a ingerir pequenas doses tornaram-se fortemente avertidos, quando introduzidos nos piquetes entre 23 a 26 horas após a aversão. Entretanto, bovinos introduzidos nos piquetes após 1 a 10 horas não foram totalmente avertidos. Inalação da fumaça de B. coridifolia e esfregação da planta no focinho e boca dos animais não foram eficientes para produzir aversão. A introdução de bovinos em piquetes com aproximadamente 1% de B. coridifolia foi eficiente quando os animais permaneceram cinco meses na área, mas não quando ficaram apenas 60 horas, pois os bovinos precisam de tempo para aprender a evitar a planta.
Resumo
Three experiments were performed to determine the efficacy of various methods of averting naïve cattle to prevent Baccharis coridifolia poisoning: forced oral administration of 0.5g kg-1 body weight of fresh B. coridifolia; forced inhalation of the smoke from burning B. coridifolia and rubbing the plant on the animals' muzzles and mouths; and introducing the animals into paddocks with low invasion by B. coridifolia. Results demonstrated that cattle forced to ingest low doses become strongly averted if introduced into paddocks 23-26 hours after the aversion. In contrast, cattle introduced into the paddocks between 1-10 hours were not fully averted. Inhalation of B. coridifolia smoke, and rubbing the plant on the animals' muzzles and mouths were not efficient to induce an aversion. The introduction of cattle into paddocks with approximately 1% of B. coridifolia was efficient if the animals remained 5 months in the area, but not if they only remained for 60 hours, as cattle required sufficient time to learn to avoid the plant.
Foram realizados três experimentos para determinar a eficácia de vários métodos de aversão a Baccharis coridifolia em bovinos: administração oral forçada de 0,5g kg-1 de peso vivo de B. coridifolia fresca; inalação forçada da fumaça proveniente da queima de B. coridifolia e esfregação da planta no focinho e na boca dos animais; e introdução dos animais em pastagens com baixa infestação por B. coridifolia. Os resultados demonstraram que os animais forçados a ingerir pequenas doses tornaram-se fortemente avertidos, quando introduzidos nos piquetes entre 23 a 26 horas após a aversão. Entretanto, bovinos introduzidos nos piquetes após 1 a 10 horas não foram totalmente avertidos. Inalação da fumaça de B. coridifolia e esfregação da planta no focinho e boca dos animais não foram eficientes para produzir aversão. A introdução de bovinos em piquetes com aproximadamente 1% de B. coridifolia foi eficiente quando os animais permaneceram cinco meses na área, mas não quando ficaram apenas 60 horas, pois os bovinos precisam de tempo para aprender a evitar a planta.
Resumo
Baccharis coridifolia is one of the most important poisonous plants to cattle in the South of Brazil. The plant provokes necrotic lesions in the lymphoid tissues and in the gastrointestinal tract of cattle. Experimental administration to mice produces most of the lesions seen in the lymphoid tissues of cattle. This study was conducted to search possible differences in the susceptibility of T and B lymphocyte subpopulations. Lymph nodes, spleen, thymus and gut-associated lymphoid tissue (GALT) of cattle and mice experimentally poisoned were evaluated. The results were evaluated based on cell populations affected or remaining in the organs. Immunostaining for B lymphocytes (anti-BLA-36) identified the germinal center of follicles of the lymph node, spleen and GALT in both species. Immunostaining for T lymphocyte (anti-CD3) identified the paracortical area of the germinal centers of the lymph nodes and GALT, the periarteriolar area of the spleen, and the whole thymus both in cattle and mice. Experimentally poisoned cattle and mice shows necrosis of the germinal center of secondary follicles of the lymph nodes, spleen and GALT, where necrotic cells were immunostained for B and less often for T lymphocyte. Necrotic cells in the paracortical region of the lymph node were less often and were not immunostained. Necrotic lesions of the thymus were seen only in mice, with positively stained for T lymphocyte. The distribution of the lesions in the lymphoid tissues and the immunostaining in necrotic cells suggested that the active principles of the plant are cytotoxic to B and T cells.(AU)
Baccharis coridifolia é uma das mais importantes plantas tóxicas para bovinos no Sul do Brasil. A intoxicação pela planta produz lesões necróticas nos tecidos linfóides e no trato gastrointestinal de bovinos. A administração experimental para camundongos produziu a maioria das lesões que ocorrem nos tecidos linfóides de bovinos. Este estudo foi conduzido para detectar as possíveis diferenças na susceptibilidade das populações de linfócitos T e B. Foram utilizados linfonodos, baço, timo e acúmulos linfóides associados ao intestino de bovinos e camundongos experimentalmente intoxicados pela planta. Os resultados foram avaliados com base na população de células lesadas ou por aquela que permaneceram nos tecidos. Em ambas as espécies, na marcação imunoistoquímica para linfócitos B (anti-BLA-36) predominou a região do centro germinativo dos linfonodos, baço e acúmulos linfóides associados ao intestino. A marcação para linfócitos T (anti-CD3) predominou na região paracortical dos linfonodos, acúmulos linfóides associados ao intestino e região periarteriolar do baço e timo de ambas as espécies. Bovinos e camundongos experimentalmente intoxicados demonstraram acentuada necrose do centro germinativo dos folículos secundários dos linfonodos, baço e intestino, onde as células necrosadas foram marcadas pela imunoistoquímica para linfócitos B e em menor freqüência para linfócitos T. Necrose celular na região paracortical do linfonodo foi discreta e sem marcação imunoistoquímica. Células necróticas no timo foram observadas somente em camundongos, com imunoistoquímica positiva para linfócitos T. A distribuição das lesões nos tecidos linfóides associadas à marcação imunoistoquímica das células necrosadas sugerem que o princípio ativo da planta é citotóxico para células T e B.(AU)
Assuntos
Animais , Baccharis/toxicidade , Plantas Tóxicas/efeitos adversos , Tecido Linfoide/lesões , Imuno-Histoquímica/métodos , Bovinos , CamundongosResumo
A Baccharis coridifolia é uma planta tóxica da família Compositae, gênero Baccharis L., conhecida popularmente como \"mio-mio\", a qual é encontrada no sul do Brasil e também em algumas regiões do Estado de São Paulo. Em bovinos, a intoxicação provoca lesões necróticas no trato gastrintestinal e nos tecidos linfóides sólidos em geral, com exceção do timo. Já em camundongos, a B. coridifolia promove, além das lesões em órgãos linfóides, lesões necróticas também no timo. Os princípios ativos da B. coridifolia foram isolados e identificados como sendo os tricotecenos macrocíclicos: roridinas A, D e E; verrucarinas A e J e miotoxina A. Em relação ao mecanismo de ação, trabalhos recentes in vitro demonstraram que as roridinas e as verrucarinas, promovem apoptose em tecido linfóide. Deste modo, considerando a toxicidade desta planta aos tecidos linfóides, o objetivo do presente estudo foi investigar se linfócitos tumorais (linfoma) seriam mais sensíveis aos efeitos tóxicos da B. coridifolia que linfócitos normais. Para tal, fez-se um experimento in vitro com culturas de linfócitos provenientes do baço e timo de camundongos hígidos, bem como células do linfoma murino A20 e carcinoma mamário de Ehrlich tratadas com o Resíduo Hexânico (RH) obtido do extrato etanólico de B. coridifolia por 24 horas. A viabilidade celular foi verificada pela técnica MTT, na qual se evidenciou diminuição da viabilidade das duas linhagens tumorais tratadas, linfoma A20 e carcinoma de Ehrlich, sem alteração na viabilidade dos linfócitos normais. Para melhor caracterizar este efeito tóxico do RH em linfócitos tumorais, camundongos nude (NMRI-nu/nu) foram inoculados com células A20, sendo posteriormente tratados por via oral, durante sete dias, com RH, associado ou não a uma aplicação intraperitoneal do quimioterápico ciclofosfamida no primeiro dia de tratamento. Resultados mostraram que os animais tratados com RH foram menos afetados com a ocorrência de metástase do linfoma primário para outros órgãos e que as involuções tumorais foram mais expressivas no grupo submetido à associação deste tratamento com uma aplicação de ciclofosfamida. Estes resultados permitem sugerir que linfócitos tumorais são mais suscetíveis aos efeitos tóxicos da B. coridifolia
Baccharis coridifolia is a toxic plant from Compositae family, genus Baccharis L., known as \"mio-mio\". It is found in the south of Brazil, as well as in some regions of São Paulo state. In bovines, its intoxication leads to necrotic injuries to gastrointestinal tract and linfoid tissues. In mice, B. coridifolia leads, apart from linfoid solids in general to necrotic injuries in thymus. B. coridifolia\'s active principles were isolated and identified as being macrocyclic tricotecenes: roridines A, D and E; verrucarines A and J and miotoxine A. Related to action pathway, recent research (in vitro) has shown that roridines and verrucarines, B. coridifolia\'s active principles, lead to apoptosis in linfoid tissues. Therefore, considering this plant\'s toxicity to linfoid tissues, this work aimed the study of whether tumoral lymphocytes (lymphoma) would be more sensitive to B. coridifolia\'s effects than regular lymphocytes. In this sense, an experiment was carried out (in vitro) using healthy mice\'s lymphocytes from spleens and thymus, as well as cells from murine A20 lymphoma and Ehrlich breast carcinoma treated with a residue (RH, hexane obtained) from a B. coridifolia\'s ethanol effusion (24 hours). The cell viability was tested using MTT technique, where a decrease in viability was found for treated tumoral cells lineages, A 20 lymphoma and Ehrlich carcinoma, with no changes in normal lymphocytes viability. To find a better characterization to RH\'s toxic effect in tumoral lymphocytes, nude mice (NMRI-nu/nu) were inoculated with A 20 cells and then were orally treated, during 7 days, with RH, and, in some cases, with intraperitonial injection of cyclophosphamide, during the first day of treatment. Results showed that RH treated animals were less affected to primary lymphoma metastasis in other organs and tumoral involutions were more prominent in the group treated with cyclophosphamide concomitantly. These results suggest that tumoral lymphocytes are more susceptible to B. coridifolia\'s toxic effects
Resumo
Thirteen calves were fed single doses varying from 0.5 to 5g/kg of either freshly harvested or dried Baccharis coridifolia. One calf was fed 4 daily doses of 0,5g/kg of the dried plant. Two calves did not receive the plant and served as controls. The plant material was harvested each month from July 1991 to May 1992 and then in March 1993, and was analysed for its content in macrocyclic trichothecenes. When in flower the female and male plant specimens were both analysed and fed separately to calves. The levels of macrocyclic trichothecenes and their glucosides were much higher in the flowering female plants compared with the levels observed in those plants not in flower and in the flowering male plants. Ten calves either died or were euthanatized due to the toxicosis. Two calves fed the female flowering plant got sick and died, while 3 calves fed the flowering male plant did not develop the toxicosis. Clinical signs in the poisoned calves were anorexia, dehydration, ruminal atony, abdominal distension and pain, liquid diarrhea, dry muzzle, imbalance in the hindlimbs and sternal recumbency. Main pathological findings included necrosis of the gastrointestinal tube, particularly in the forestomachs and in the lymphoid tissues except for the thymus. The latter suggests an effect upon the B cells of the lymphoid tissue. The distribution of the lesions in the digestive and lymphoid systems was sistematically determined. It is concluded that the macrocyclic trichothecenes present in the plant account for the lesions observed in the toxicosis and that the female flowering plant is substantially more toxic than the flowering male plants or plants not in flower. This difference in toxicity is due to the difference in macrocyclic trichothecenes contents.
Treze terneiros receberam Baccharis coridifolia recém-colhida ou dessecada, em doses únicas que variaram entre 0,5 e 5g/kg. Um terneiro recebeu quatro administrações diárias de 0,5g/kg da planta dessecada. Dois terneiros não receberam a planta e serviram como controles. A planta foi colhida mensalmente de julho de 1991 a maio de 1992 e em março de 1993, e foi analisada para seu conteúdo em tricotecenos macrocíclicos. Quando em floração, as amostras dos espécimes macho e fêmea da planta foram analisadas e administradas aos terneiros separadamente. Os níveis de tricotecenos macrocíclicos e seus glicosídeos foram muito maiores nas plantas fêmeas em floração do que os níveis observados nas plantas não em floração e nas plantas machos em floração. Dez bovinos morreram espontaneamente ou foram sacrificados devido à toxicose. Dois terneiros que receberam a planta fêmea em floração, adoeceram e morreram, enquanto que três terneiros que receberam a planta macho em floração não adoeceram. Os sinais clínicos nos terneiros intoxicados foram anorexia, desidratação, atonia ruminal, tensão e dores abdominais, diarréia líquida, focinho seco, instabilidade dos membros posteriores e decúbito esternal. Os achados patológicos incluiram lesões necróticas no tubo gastrintestinal, particularmente nos pré-estômagos, e nos tecidos linfóides com exceção do timo. Esse último achado sugere um efeito sobre as células B do tecido linfóide. A distribuição das lesões nos sistemas digestivo e linfóide foi sistematicamente determinada. Conclui-se que os tricotecenos macrocíclicos presentes na planta são responsáveis pelas lesões observadas na toxicose e que a planta fêmea em floração é substâncialmente mais tóxica que a planta macho em floração ou das plantas que não estão em floração. Essa diferença em toxicidade é devida à diferença no conteúdo de tricotecenos macrocíclicos.