Resumo
STABENOW, Cristiane da Silva, M. S., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; março de 2004; Identificação de Sarcocystis lindsayi-simile (Apicomplexa: Sarcocystinae) do gambá (Didelphis aurita) e sua patogenicidade para o periquito australiano (Melopsittacus undulatus); Professor Orientador: Prof. Francisco CarlosRodrigues de Oliveira. Vinte e um periquitos australianos (Melopsittacus undulatus) foram inoculados com sedimento de raspado de intestino delgado de gambás (Didelphis aurita) da seguinte forma: cinco periquitos receberam, cada um, via oral, um inóculo de 100 l contendo 26 esporocistos de um gambá, procedente de Seropédica, Região Metropolitana do Rio de Janeiro; dez outros periquitos, divididos em dois grupos de cinco, receberam cada um, inóculo de 200 l contendo 0,8 x 10 e 9,18 x 10 esporocistos de dois gambás, respectivamente, procedentes também do município de Seropédica; um terceiro e um quarto grupos receberam, cada um, inóculo de 500 l de sedimento de intestino delgado, negativo para a presença de esporocistos ao exame microscópico, de dois gambás, oriundos do município de Campos dos Goytacazes, região norte do estado do Rio de Janeiro. O grupo-controle, constituído de três periquitos, foi inoculado com 500 l de PBS. Dos periquitos inoculados, apenas nospertencentes ao grupo que recebeu 26 esporocistos foi observado parasitismo tecidual. Destes, dois morreram no 25 e 29 dias após a inoculação (DAI), e os outros três foram eutanasiados no 30 DAI. Os sinais clínicos foram caracterizados por anorexia, letargia, penas arrepiadas e dispnéia. Foram observados, nos cortes histológicos, merontes no endotélio de vênulas do parênquima pulmonar e sarcocistos na musculatura do peito, perna, língua e coração, observando-se que a espessura média da parede cística foi de 1,12 0,23 m. A quantidade de sarcocistos foi observada, em ordem crescente, no coração, peito, língua e perna, sendo estatisticamente diferente o número observado na perna em relação ao coração. A medida do comprimento e largura dos cistos variou, no corte transversal, de 17,73 5,43 a 41,43 4,79 m e 12,35 2,98 a 27,44 4,49 m, respectivamente; e no corte longitudinal, de 65,25 23,25 a 118,06 39,17 m e 13,98 5,72 a 29,38 11,58 m, respectivamente. Verificou-se diferença (p 0,05) entre as medidas nos diversos órgãos e tecidos, não se observando, entretanto, diferença no índice morfométrico, o que caracterizou uma variação no tamanho, sem alteração da forma dos cistos. Hiperplasia do baço e congestão hepática foram também verificadas, contudo, sem serem observadas formas proliferativas do parasita nestes órgãos. Quanto ao encéfalo, observaram-se congestão e hemorragia perivascular. Merontes foram encontrados nas células endoteliais das vênulas pulmonares, associados, algumas vezes, à hiperplasia da íntima, edema e infiltrado perivascular por linfócitos. Nenhuma lesão significativa foi observada nos demais periquitos, inclusive nos do grupo-controle. Isto determina que o parasita em pauta seja semelhante ao S. lindsayi, com base na prova biológica utilizada, sendo este o primeiro relato de S. lindsayi-simile em D. aurita no Brasil