Resumo
Objetivou-se: 1) investigar a morfometria craniana de felinos domésticos de focinho curto e não curto e 2) descrever o trajeto do ducto nasolacrimal de gatos Persas. Foram mensurados o índice craniano (IC) e o ângulo crânio-facial (CFA) de trinta (30) animais, que foram divididos em dois grupos: gatos pelo curto brasileiro (BSH) e Persas, de acordo com o fenótipo craniano. Para descrição do ducto nasolacrimal, foi utilizado o grupo dos 10 (dez) gatos de focinho curto (Persas). Foi realizada a dacriocistografia computadorizada (DCG-CT) em todo o grupo, e 2 (dois) animais foram submetidos à dissecação craniana, com moldes do ducto nasolacrimal previamente fixados com látex. Foram mensurados o comprimento e o diâmetro do ducto nasolacrimal, dos canalículos lacrimais, e a menor distância entre ducto nasolacrimal e a raiz do dente canino superior, além da avaliação dos pontos de estenose e tortuosidade do ducto. As análises estatísticas incluíram análise descritiva, de variância, de correlação e de regressão, para comparar e melhor compreender possíveis relações entre as variáveis estudadas. Os valores médios de IC e CFA para BSH e gatos Persas foram de 61,7 e 78,7% e 12,0 e 9°, respectivamente. Apenas dois tipos cranianos foram identificados, diferentemente do que ocorre em cães, com base na associação desses dois parâmetros craniométricos: braquicefálicos, em gatos Persas; e não braquicefálicos, em gatos BSH. Esses valores de referência para gatos com focinho curto (Persas) e longo (BSH) foram determinados de maneira inédita e poderiam ser utilizados para classificação fenotípica dos crânios de gatos. Em todos os gatos de focinho curto o ducto nasolacrimal apresentou trajeto tortuoso, estenoses e dilatações. O comprimento do ducto nasolacrimal variou de 1,3 a 1,5 cm, com diâmetro entre 1,5 mm e 2,34 mm. O comprimento médio dos canalículos foi de 3,1 mm e o diâmetro médio, de 0,4 mm. Não foram encontradas aberturas acessórias do ducto nasolacrimal, contrariamente aos relatos anteriores.
This study set out to investigate skull morphometry in short-nosed and long-nosed domestic cats and to describe the nasolacrimal duct trajectory in short-nosed cats. The cephalic index (CI) and the craniofacial angle (CFA) of thirty (30) cats were measured using computed tomography. Cats were allocated to one of two groups according to skull phenotype, as follows: Brazilian short-haired (BSH) and Persian cats. Ten (10) short-nosed (Persian) cats were submitted to computed tomographic dacryocystography (CT-DCG); of these, two (2) were also submitted to skull dissection following latex injection into the nasolacrimal duct. Nasolacrimal duct and lacrimal canaliculi length and width and the shorter distance between the nasolacrimal duct and the root of the upper canine tooth were measured. Nasolacrimal duct tortuosities and stenoses were also investigated. Statistical analyses (descriptive statistics, analysis of variance, correlation and regression analysis) were conducted to compare and investigate potential relationships between variables. Mean IC and CFA corresponded to 61.7 and 78.7% and 12.0 and 9° (BSH and Persian cats respectively). In contrast with dogs, combined craniometric parameters in this study revealed only two skull types: brachycephalic and non-brachycephalic (Persian and BSH cats respectively). Craniometric reference ranges for short- and long-nosed cats (Persian and BSH cats respectively) had not been reported to date and may be used for phenotypic classification of the feline skull. Tomographic assessment revealed tortuous nasolacrimal duct trajectory (middle and rostral portions in particular) determined by shortened facial bones. Stenoses (width reduction equal to or greater than 75%) and dilations (width increase equal to or greater than 50%) were also detected, particularly in the rostral portion of the duct. Nasolacrimal duct length and width ranged from 1.3 to 1.5 cm and 1.5 and 2.34 mm respectively. Mean lacrimal canaliculi length and width corresponded to 3.1 mm and 0.4 mm respectively. The root of the canine tooth interfered with duct trajectory. The short distance (mean distance, 2.4 mm) between the root of the maxillary canine tooth and the nasolacrimal duct predisposes brachycephalic cats to extramural duct inflammation secondary to periodontal disease and tooth extractions. Different from dogs, cats in this study had dilated lacrimal sacs. This feature may be associated with high rates of epiphora and negative responses in the Jones lacrimal drainage assessment test in this species. In contrast with previous reports, no accessory nasolacrimal duct openings were found in this study.
Resumo
A avaliação da epífora pode ser feita por exames clínicos, testes de excreção lacrimal, exames contrastados, como avaliação radiológica e estudo tomográfico; estes dois últimos permitem análise minuciosa das estruturas. O presente estudo teve como objetivo avaliar a via lacrimal excretora com uso de radiografia e tomografia computadorizada contrastadas, feitas em animais com epífora, comparando-se com animais sadios, sem essa afecção. Foram utilizados 20 cães, de raças e pelagens variadas, machos e fêmeas, com peso de 1 a 20 kg, com 0,7 a 8 anos de idade, apresentando epífora (grupo epífora - GE). Como grupo de controle (GC), foram utilizados 15 cães, sem alterações clínicas de drenagem do sistema lacrimonasal de raças e pelagens variadas, machos e fêmeas, pesando 1 a 20 kg, com 0,7 a 8 anos. Foi proposta a divisão do sistema de drenagem lacrimal em quatro regiões. Na região 1, o GE teve 29 (76,3%) animais com dilatação visibilizada pelo R-X e 32 (84,2%) pela TC; no GC, 4 (12,5%) no R-X e 1 (3,1%) na TC demonstraram dilatação. Na região 3, 13 (34,2%) cães evidenciaram dilatação do DLN no R-X e 14 (36,8%) na TC; e 21 (55,3%) comunicação do ducto lacrimonasal com o seio nasal pelo R-X e 28 (73,7%) pela TC. Já no GC, 15 (46,9%) pelo R-X e 22 (68,7%) pela TC possuíam comunicação do ducto lacrimonasal com o seio nasal. Concluiu-se que: dilatações também podem ser observadas em alguns cães sem sinal clínico da afecção; comunicação do ducto lacrimonasal com o seio nasal não indica alteração causadora de epífora, pois está presente em animais com e sem afecção; os dados do presente estudo confirmam que o exame DCG por si pode dar importantes informações, de forma semelhante à TC, devendo-se recorrer à ela apenas quando houver dúvidas sobre lesões ósseas, fraturas e corpos estranhos não detectados pelo primeiro.(AU)
Epiphora evaluation can be done through clinical exams, lachrymal excretion tests, contrasted exams, like radiologic evaluation and tomography studies; those last two allow a detailed analysis of the structures. The present study had as the objective to evaluate the lacrimal drainage system through radiography and contrasted computed tomography, which were made with animals presenting epiphora, comparing them to healthy animals, without the mentioned condition. Twenty dogs were used for tests, from a variety of breeds and coatings, males and females, weight varying from 1kg to 20kg, ages varying from 0.7 to 8 years old, presenting epiphora (epiphora group - GE*). As a control group (GC*) 15 dogs were used, with no clinical alterations of naso-lachrymal drainage system, from different breeds and coatings, males and females, weighing from 1kg to 20kg and ages varying from 0.7 to 8 years old. It was propoused the division of the lacrimal drainage system in four regions. On region 1, the GE had 29 (76.3%) animals with dilation visualized by the RX and 32 (84.2%) by CT, the GC, 4 (12.5%) in the RX and 1 (3.1% ) CT showed dilation. In region 3, 13 (34.2%) dogs showed dilatation of the DLN in RX and 14 (36.8%) on CT, and 21 (55.3%) nasolacrimal duct communication with the sinus and the X-ray 28 (73.7%) by CT. For the CG, 15 (46.9%) the X-ray and 22 (68.7%) by CT had nasolacrimal duct communication with the nasal sinus. It has been concluded that dilations can also be observed in some dogs with no clinical signs of disease; nasolacrimal duct communication to sinus does not indicate epiphora causing alteration, as it is present in animals with and without affection; the present study data confirm that DCG itself can provide important informations, in a similar manner to CT, and should resort to it just in case of doubts about bone lesions, fractures and foreign bodies undetected at first.(AU)
Assuntos
Animais , Cães , Dacriocistite/veterinária , Dacriocistite/diagnóstico , Tomografia Computadorizada por Raios X/veterinária , Radiografia/veterinária , Tecnologia Radiológica/veterinária , Doenças do Aparelho Lacrimal/diagnóstico , Doenças do Aparelho Lacrimal/veterináriaResumo
O estudo objetiva a descrição de valores de referência das medidas cranianas das capivaras, correlacionando a órbita ocular com o ducto nasolacrimal. A documentação destes resultados pode contribuir para padronizar características de normalidade anatômica e favorecer o correto diagnóstico e tratamento de alterações nestas estruturas. As carcaças de capivaras, mantidas por congelamento, foram distribuídas em dois grupos (G) designados GA (n=12) animais adultos (A) e GJ (n=13) para animais jovens (J). Todas foram submetidas ao exame de dacriocistografia por tomografia computadorizada (TC), e às mensurações cranianas. Foram realizadas análises descritivas das mensurações cranianas e do ducto nasolacrimal; e análise estatística da correlação de Pearson com a variável do peso. No GA, não houve correlação entre as medidas do ducto nasolacrimal e as cranianas. No entanto, no GJ, verificou-se correlação com o comprimento facial (r=0,6233), largura facial (r=0,5771), altura craniana (r=0,6981), comprimento craniano (r=0,7116), comprimento total direito (r=0,7517) e esquerdo (r=0,7999). Assim, nos jovens, houve forte correlação com as medidas do comprimento craniano, e no comprimento dos ductos nasolacrimais. No entanto, esse comportamento biológico não foi observado nos animais adultos, demonstrando estabilidade no desenvolvimento. Verificou-se que a órbita ocular em capivara é circular e incompleta; e apresenta o processo zigomático da maxila bem desenvolvido, e o ducto nasolacrimal tende a ser retilíneo. A dacriocistografia por TC é indicada para avaliação do trajeto do ducto nasolacrimal em capivaras, realçando a importância do estudo anatômico normal para auxiliar no tratamento de animais acometidos por afecções.
The objective of this study was to describe the reference values of cranial measurements of capybaras, correlating the ocular orbit with the nasolacrimal duct. The documentation for results can contribute to standardize characteristics of anatomical normality and favor the correct diagnosis and treatment of changes. As capybaras carcasses, maintained by freezing, were distributed in two groups (G) designated GA (n = 12) adult animals (A) and GY (n = 13) for young animals (Y). All subjects underwent dacryocystography examination by computed tomography (CT), and cranial measurements. Descriptive analyzes of cranial and nasolacrimal duct measurements; Statistical analysis of the Pearson correlation with a weight variable were performed. In GA, there was no correlation between the nasolacrimal and cranial duct measurements. However, in the GJ there was, correlation with facial length (r = 0.6233), facial width (r = 0.5771), cranial height (r = 0.6981), cranial length (r = 0, 7116), Total right length (r = 0.7517) and left (r = 0.7999). Thus, in the young animals, there was a strong correlation with measurements of cranial length and length of nasolacrimal ducts. However, this biological behavior was not observed in adult animals, demonstrating stability in development. It has been found that an ocular orbit in capybara is circular and incomplete; with developed zygomatic process of the maxilla. CT dacryocystography is indicated to evaluate the path of the nasolacrimal canal in capybara, emphasizing the importance of the normal anatomical study to aid in the treatment of animals affected by diseases. ¨¨
Resumo
A dacriocistografia convencional (DCG) é a técnica de imagem mais utilizada para a avaliação do sistema lacrimal excretor. Recentemente, DCG por ressonância magnética (DCG-RM) e por tomografia computadorizada (DCG-TC) têm sido empregadas em pacientes humanos. No entanto, em cães, os relatos de investigações sobre estas técnicas são escassos. Os objetivos, com este estudo, foram: o desenvolvimento de protocolos de RM e TC; a comparação destas técnicas para avaliação do sistema lacrimal excretar; a avaliação biométrica do ducto nasolacrimal e a apresentação da utilidade de ferramentas de reconstrução tridimensional para a visibilização do sistema lacrimal excretor em cães. Material e Métodos: DCG-RM e DCG-CT foram realizadas bilateralmente em 32 cadáveres de cães. Após canulado, o canalículo superior foi preenchido com meio de contraste (contraste iodado puro e gadolinio 1:200, para CT e RM respectivamente). Imagens transversais e tridimensionais de TC foram obtidas utilizando-se cortes de 0,8mm e 2mm de espessura. O protocolo de RM incluiu as sequências T1W/3D/FFE, T1WfTSE e PDW/TSE. Em ambas as técnicas, foram testadas as orientações perpendicular e obliqua dos cortes. Os diâmetros transversais e longitidinais e o comprimento dos ductos nasolacrimais de 23 cães foram mensurados bilateralmente. Resultados: no exame de DCG-TC, todos os componentes foram visibilizados de modo satisfatório na grande maioria dos animais. O exame de DCG-RM apresentou tempo de varredura mais longo, obtendo-se melhores resultados com a seqüência T1W/3D/FFE. As médias dos diâmetros transversais para os grupos de peso corporal 1, 2 e 3 nas três regiões avaliadas variaram entre 1,07mm e 1,09mm. As médias dos diâmetros longitudinais para as classes 1, 2 e 3 nas três regiões...
Conventional radiographic cannulation dacryocystography is the most commonly used technique for evaluallon of the nasolacrimal system. Recently, MR-DCG and CT¬DCG have been extensively employed in humans patients. Systemafic investigations of these techniques in dogs are not frequently observed in medicai literature. The objectives of this study are: 1, development of MR-DCG and CT-DCG protocols and the comparison between these techniques for the evaluation of the nasolacrimal system in dogs and 2, biometric evaluation of the nasolacrimal duct and to test the usefulness of 3D reconstruction techniques for visualization of this system in dogs. Material and Methods: MR-DCG and CT-DCG were bilaterally performed in 32 cadavers of dogs. The superior lacrimal canaliculi was canulated and contrast media injected (Imerone and Omniscan® 1:200, for CT and MR respectively). CT transverse and 3D images were obtained using 0.8 to 2mm-thick slices. MR protocol included transverse images obtained by T1W/3D/FFE, T1WfTSE and PDW/TSE sequences. For both techniques, two sfice orientations were tested: perpendicular and oblique to the hard palate. Transverse and longitudinal diameters and total length of the nasolacrimal ducts of 23 dogs were bilaterally obtained. Results: in CT scans, ali the structures could be well visualized in great majority of the dogs. MR images required longer scan time. Sequence T1W/3D/FFE offered beber results when compared to PDWTTSE and T1WTTSE. The mean longitudinal diameter of the nasolacrimal duct in weight classes 1, 2 and 3 in ali regions ranged between 1,07mm e 1,09mm. The mean transversal diameter of the nasolacrimal duct in weight classes 1, 2 and 3 in ali regions ranged between 1,34mm e 3,31 mm. The mean length of the nasolacrimal duct in weight classes 1, 2 and 3 were respecfively 70mm, 93,55mm...