Resumo
In Brazil, one of the most important groups of toxic plants is that which causes sudden death associated with exercise, which comprises plants of the Rubiaceae, Bignoniaceae, and Malpighiaceae families. The nomenclature of some plants of the Malpighiaceae family, previously identified as Mascagnia, was modified to Amorimia. Among the species of toxic Amorimia in Brazil there are Amorimia amazonica, Amorimia exotropica, Amorimia pubiflora, Amorimia rigida, Amorimia septentrionalis, Amorimia sp. (Mascagnia rigida complex; Mascagnia aff. rigida), and a plant identified as Mascagnia sepium, which is probably Amorimia amazonica. In these species the toxic compound is sodium monofluoroacetate (MFA). Another toxic species, Amorimia concinna, causes sudden death in cattle in Colombia, but it has not been established if it contains MFA. Currently the only alternatives for controlling the poisoning is the use of herbicides, manual removal of the plants, or the use of fences to prevent animals access. Research has demonstrated the possibility of using conditioned food aversion to avoid A. rigida ingestion. It has been demonstrated that goats greatly increased resistance to poisoning by ingestion of non-toxic amounts of A. septentrionalis or by transfaunation of rumen contents from resistant to susceptible goats. Bacteria that hydrolyze MFA were isolated from soil, from leaves of A. septentrionalis and Palicourea aeneofusca and from ruminal content of goats, suggesting that toxicity can be prevented by intra-ruminal inoculation of bacteria that hydrolyze MFA.
No Brasil, um dos grupos mais importantes de plantas tóxicas é o das que causam morte súbita associada ao exercício. Integram esse grupo, plantas das famílias Rubiaceae, Bignoniaceae e Malpighiaceae. A nomenclatura de algumas plantas da família Malpighiaceae designadas anteriormente como Mascagnia foram reclassificadas dentro do gênero Amorimia. Dentre as espécies tóxicas de Amorimia no Brasil, encontram-se Amorimia amazonica, Amorimia exotropica, Amorimia pubiflora, Amorimia rigida, Amorimia septentrionalis, Amorimia sp. (complexo Mascagnia rigida; Mascagnia aff. rigida) e uma planta identificada como Mascagnia sepium, que provavelmente se trata de Amorimia amazonica. Em todas essas espécies, foi determinado que o princípio ativo é o monofluoroacetato de sódio (MFA). Outra espécie tóxica, Amorimia concinna, causa morte súbita em bovinos na Colômbia, mas não tem sido estabelecido que contenha MFA. Atualmente, as únicas alternativas para o controle da intoxicação são a utilização de herbicidas, a remoção manual das plantas ou o uso de cercas para evitar que os animais tenham acesso às plantas. Pesquisas demonstraram a possibilidade de utilizar a técnica de aversão condicionada para evitar que os animais ingiram A. rigida. Foi demonstrado que caprinos aumentam consideravelmente a resistência à intoxicação mediante a ingestão de quantidades não tóxicas de A. septentrionalis ou por transfaunação de conteúdo ruminal de animais resistentes para animais susceptíveis. Bactérias que hidrolisam MFA foram isoladas do solo, de folhas de A. septentrionalis e Palicourea aeneofusca e do rúmen de caprinos, sugerindo que a intoxicação possa ser prevenida pela inoculação intra-ruminal dessas bactérias.
Resumo
In Brazil, one of the most important groups of toxic plants is that which causes sudden death associated with exercise, which comprises plants of the Rubiaceae, Bignoniaceae, and Malpighiaceae families. The nomenclature of some plants of the Malpighiaceae family, previously identified as Mascagnia, was modified to Amorimia. Among the species of toxic Amorimia in Brazil there are Amorimia amazonica, Amorimia exotropica, Amorimia pubiflora, Amorimia rigida, Amorimia septentrionalis, Amorimia sp. (Mascagnia rigida complex; Mascagnia aff. rigida), and a plant identified as Mascagnia sepium, which is probably Amorimia amazonica. In these species the toxic compound is sodium monofluoroacetate (MFA). Another toxic species, Amorimia concinna, causes sudden death in cattle in Colombia, but it has not been established if it contains MFA. Currently the only alternatives for controlling the poisoning is the use of herbicides, manual removal of the plants, or the use of fences to prevent animals access. Research has demonstrated the possibility of using conditioned food aversion to avoid A. rigida ingestion. It has been demonstrated that goats greatly increased resistance to poisoning by ingestion of non-toxic amounts of A. septentrionalis or by transfaunation of rumen contents from resistant to susceptible goats. Bacteria that hydrolyze MFA were isolated from soil, from leaves of A. septentrionalis and Palicourea aeneofusca and from ruminal content of goats, suggesting that toxicity can be prevented by intra-ruminal inoculation of bacteria that hydrolyze MFA.
No Brasil, um dos grupos mais importantes de plantas tóxicas é o das que causam morte súbita associada ao exercício. Integram esse grupo, plantas das famílias Rubiaceae, Bignoniaceae e Malpighiaceae. A nomenclatura de algumas plantas da família Malpighiaceae designadas anteriormente como Mascagnia foram reclassificadas dentro do gênero Amorimia. Dentre as espécies tóxicas de Amorimia no Brasil, encontram-se Amorimia amazonica, Amorimia exotropica, Amorimia pubiflora, Amorimia rigida, Amorimia septentrionalis, Amorimia sp. (complexo Mascagnia rigida; Mascagnia aff. rigida) e uma planta identificada como Mascagnia sepium, que provavelmente se trata de Amorimia amazonica. Em todas essas espécies, foi determinado que o princípio ativo é o monofluoroacetato de sódio (MFA). Outra espécie tóxica, Amorimia concinna, causa morte súbita em bovinos na Colômbia, mas não tem sido estabelecido que contenha MFA. Atualmente, as únicas alternativas para o controle da intoxicação são a utilização de herbicidas, a remoção manual das plantas ou o uso de cercas para evitar que os animais tenham acesso às plantas. Pesquisas demonstraram a possibilidade de utilizar a técnica de aversão condicionada para evitar que os animais ingiram A. rigida. Foi demonstrado que caprinos aumentam consideravelmente a resistência à intoxicação mediante a ingestão de quantidades não tóxicas de A. septentrionalis ou por transfaunação de conteúdo ruminal de animais resistentes para animais susceptíveis. Bactérias que hidrolisam MFA foram isoladas do solo, de folhas de A. septentrionalis e Palicourea aeneofusca e do rúmen de caprinos, sugerindo que a intoxicação possa ser prevenida pela inoculação intra-ruminal dessas bactérias.
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In Brazil, one of the most important groups of toxic plants is that which causes sudden death associated with exercise, which comprises plants of the Rubiaceae, Bignoniaceae, and Malpighiaceae families. The nomenclature of some plants of the Malpighiaceae family, previously identified as Mascagnia, was modified to Amorimia. Among the species of toxic Amorimia in Brazil there are Amorimia amazonica, Amorimia exotropica, Amorimia pubiflora, Amorimia rigida, Amorimia septentrionalis, Amorimia sp. (Mascagnia rigida complex; Mascagnia aff. rigida), and a plant identified as Mascagnia sepium, which is probably Amorimia amazonica. In these species the toxic compound is sodium monofluoroacetate (MFA). Another toxic species, Amorimia concinna, causes sudden death in cattle in Colombia, but it has not been established if it contains MFA. Currently the only alternatives for controlling the poisoning is the use of herbicides, manual removal of the plants, or the use of fences to prevent animals access. Research has demonstrated the possibility of using conditioned food aversion to avoid A. rigida ingestion. It has been demonstrated that goats greatly increased resistance to poisoning by ingestion of non-toxic amounts of A. septentrionalis or by transfaunation of rumen contents from resistant to susceptible goats. Bacteria that hydrolyze MFA were isolated from soil, from leaves of A. septentrionalis and Palicourea aeneofusca and from ruminal content of goats, suggesting that toxicity can be prevented by intra-ruminal inoculation of bacteria that hydrolyze MFA.
No Brasil, um dos grupos mais importantes de plantas tóxicas é o das que causam morte súbita associada ao exercício. Integram esse grupo, plantas das famílias Rubiaceae, Bignoniaceae e Malpighiaceae. A nomenclatura de algumas plantas da família Malpighiaceae designadas anteriormente como Mascagnia foram reclassificadas dentro do gênero Amorimia. Dentre as espécies tóxicas de Amorimia no Brasil, encontram-se Amorimia amazonica, Amorimia exotropica, Amorimia pubiflora, Amorimia rigida, Amorimia septentrionalis, Amorimia sp. (complexo Mascagnia rigida; Mascagnia aff. rigida) e uma planta identificada como Mascagnia sepium, que provavelmente se trata de Amorimia amazonica. Em todas essas espécies, foi determinado que o princípio ativo é o monofluoroacetato de sódio (MFA). Outra espécie tóxica, Amorimia concinna, causa morte súbita em bovinos na Colômbia, mas não tem sido estabelecido que contenha MFA. Atualmente, as únicas alternativas para o controle da intoxicação são a utilização de herbicidas, a remoção manual das plantas ou o uso de cercas para evitar que os animais tenham acesso às plantas. Pesquisas demonstraram a possibilidade de utilizar a técnica de aversão condicionada para evitar que os animais ingiram A. rigida. Foi demonstrado que caprinos aumentam consideravelmente a resistência à intoxicação mediante a ingestão de quantidades não tóxicas de A. septentrionalis ou por transfaunação de conteúdo ruminal de animais resistentes para animais susceptíveis. Bactérias que hidrolisam MFA foram isoladas do solo, de folhas de A. septentrionalis e Palicourea aeneofusca e do rúmen de caprinos, sugerindo que a intoxicação possa ser prevenida pela inoculação intra-ruminal dessas bactérias.
Resumo
A survey about the presence of toxic plants and the occurrence of outbreaks of poisoning in ruminants and equidae was performed in 12 municipalities of the central region of the state of Rondônia. Ninety eight persons were interviewed, including farmers, veterinary practitioners, agronomists, and agrarian technicians. Thirty four farmers reported poisoning by toxic plants, including poisoning by Palicourea marcgravii (12 outbreaks), Palicourea grandiflora and Enterolobium contortisiliquum (seven outbreaks each), and Palicourea juruana, Brachiaria radicans, Brachiaria brizantha, and Manihot esculenta (two outbreaks each). In sheep, farmers reported two outbreaks of photosensitization caused by Brachiaria decumbens and one outbreak of sudden death caused by Palicourea grandiflora. In the 34 outbreaks, 374 (8,9%) bovines were affected and 311 (7.4%) died, from a total of 4.192 cattle exposed. In the three outbreaks in sheep, 28 animals were affected and 20 died out of 250 exposed. Amorimia sp., previously misidentified as Mascagnia sepium, a previously unreported toxic plant, was identified as a cause of sudden death in sheep and cattle in 32% of the farms. Fifteen outbreaks of colic in horses grazing Panicum maximum (cultivars 'Massai', 'Tanzânia', and 'Mombaça') during the rainy season were also reported. It is concluded that poisoning by toxic plants is an important cause of economic losses in livestock in the region studied. With the results of this research the number of known toxic plant for ruminants in central region of Rondônia increased from one to nine, indicating that more research is necessary for the knowledge of poisonous plants for livestock in the Brazilian Amazonic region.
Foi realizado um levantamento em 12 municípios da região central de Rondônia sobre a presença de plantas tóxicas e ocorrência de surtos de intoxicação em ruminantes e equídeos. O trabalho foi desenvolvido mediante a utilização de um questionário aplicado a médicos veterinários, agrônomos, zootecnistas e produtores rurais, com o objetivo de identificar as principais plantas tóxicas que ocorrem na região. Trinta e quatro entrevistados relataram casos de intoxicação por uma ou mais plantas comprovadamente tóxicas como: Palicourea marcgravii (12 surtos), Palicourea grandiflora e Enterolobium contortisiliquum (sete surtos cada) e Palicourea juruana, Brachiaria radicans, Brachiaria brizantha e Manihot esculenta (dois surtos cada). Em ovinos, foram relatados dois surtos de fotossensiblização por Brachiaria decumbens e um surto de mortalidade por Palicourea grandiflora. Dos 34 surtos relatados em bovinos pelos entrevistados, 374 (8,9%) animais foram afetados e 311 (7,4%) morreram, de um total de 4.192 de ambos os sexos sob risco. De um total de 250 ovinos sob risco, três surtos de intoxicação por plantas foram relatados e afetaram 28 animais, dos quais 20 morreram. Amorimia sp., previamente desconhecida como tóxica, foi identificada como causa de morte súbita em 32% das propriedades. Quinze surtos de cólica em equídeos que pastavam cultivares de Panicum maximum ('Massai', 'Tanzânia' e 'Mombaça') durante o período das chuvas foram, também, observados. Os resultados do presente trabalho demonstram a importância significativa das intoxicações por plantas como causa de perdas econômicas para a pecuária da região central do Estado de Rondônia. Com a realização deste trabalho, o número de plantas tóxicas para ruminantes com a confirmação de ocorrência de surtos com mortalidade na região passou de um para nove, o que confirma que um trabalho sistemático de investigação é necessário para o conhecimento da importância das intoxicações por plantas na região Norte do Brasil.
Resumo
A survey about the presence of toxic plants and the occurrence of outbreaks of poisoning in ruminants and equidae was performed in 12 municipalities of the central region of the state of Rondônia. Ninety eight persons were interviewed, including farmers, veterinary practitioners, agronomists, and agrarian technicians. Thirty four farmers reported poisoning by toxic plants, including poisoning by Palicourea marcgravii (12 outbreaks), Palicourea grandiflora and Enterolobium contortisiliquum (seven outbreaks each), and Palicourea juruana, Brachiaria radicans, Brachiaria brizantha, and Manihot esculenta (two outbreaks each). In sheep, farmers reported two outbreaks of photosensitization caused by Brachiaria decumbens and one outbreak of sudden death caused by Palicourea grandiflora. In the 34 outbreaks, 374 (8,9%) bovines were affected and 311 (7.4%) died, from a total of 4.192 cattle exposed. In the three outbreaks in sheep, 28 animals were affected and 20 died out of 250 exposed. Amorimia sp., previously misidentified as Mascagnia sepium, a previously unreported toxic plant, was identified as a cause of sudden death in sheep and cattle in 32% of the farms. Fifteen outbreaks of colic in horses grazing Panicum maximum (cultivars 'Massai', 'Tanzânia', and 'Mombaça') during the rainy season were also reported. It is concluded that poisoning by toxic plants is an important cause of economic losses in livestock in the region studied. With the results of this research the number of known toxic plant for ruminants in central region of Rondônia increased from one to nine, indicating that more research is necessary for the knowledge of poisonous plants for livestock in the Brazilian Amazonic region.
Foi realizado um levantamento em 12 municípios da região central de Rondônia sobre a presença de plantas tóxicas e ocorrência de surtos de intoxicação em ruminantes e equídeos. O trabalho foi desenvolvido mediante a utilização de um questionário aplicado a médicos veterinários, agrônomos, zootecnistas e produtores rurais, com o objetivo de identificar as principais plantas tóxicas que ocorrem na região. Trinta e quatro entrevistados relataram casos de intoxicação por uma ou mais plantas comprovadamente tóxicas como: Palicourea marcgravii (12 surtos), Palicourea grandiflora e Enterolobium contortisiliquum (sete surtos cada) e Palicourea juruana, Brachiaria radicans, Brachiaria brizantha e Manihot esculenta (dois surtos cada). Em ovinos, foram relatados dois surtos de fotossensiblização por Brachiaria decumbens e um surto de mortalidade por Palicourea grandiflora. Dos 34 surtos relatados em bovinos pelos entrevistados, 374 (8,9%) animais foram afetados e 311 (7,4%) morreram, de um total de 4.192 de ambos os sexos sob risco. De um total de 250 ovinos sob risco, três surtos de intoxicação por plantas foram relatados e afetaram 28 animais, dos quais 20 morreram. Amorimia sp., previamente desconhecida como tóxica, foi identificada como causa de morte súbita em 32% das propriedades. Quinze surtos de cólica em equídeos que pastavam cultivares de Panicum maximum ('Massai', 'Tanzânia' e 'Mombaça') durante o período das chuvas foram, também, observados. Os resultados do presente trabalho demonstram a importância significativa das intoxicações por plantas como causa de perdas econômicas para a pecuária da região central do Estado de Rondônia. Com a realização deste trabalho, o número de plantas tóxicas para ruminantes com a confirmação de ocorrência de surtos com mortalidade na região passou de um para nove, o que confirma que um trabalho sistemático de investigação é necessário para o conhecimento da importância das intoxicações por plantas na região Norte do Brasil.
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A survey about the presence of toxic plants and the occurrence of outbreaks of poisoning in ruminants and equidae was performed in 12 municipalities of the central region of the state of Rondônia. Ninety eight persons were interviewed, including farmers, veterinary practitioners, agronomists, and agrarian technicians. Thirty four farmers reported poisoning by toxic plants, including poisoning by Palicourea marcgravii (12 outbreaks), Palicourea grandiflora and Enterolobium contortisiliquum (seven outbreaks each), and Palicourea juruana, Brachiaria radicans, Brachiaria brizantha, and Manihot esculenta (two outbreaks each). In sheep, farmers reported two outbreaks of photosensitization caused by Brachiaria decumbens and one outbreak of sudden death caused by Palicourea grandiflora. In the 34 outbreaks, 374 (8,9%) bovines were affected and 311 (7.4%) died, from a total of 4.192 cattle exposed. In the three outbreaks in sheep, 28 animals were affected and 20 died out of 250 exposed. Amorimia sp., previously misidentified as Mascagnia sepium, a previously unreported toxic plant, was identified as a cause of sudden death in sheep and cattle in 32% of the farms. Fifteen outbreaks of colic in horses grazing Panicum maximum (cultivars 'Massai', 'Tanzânia', and 'Mombaça') during the rainy season were also reported. It is concluded that poisoning by toxic plants is an important cause of economic losses in livestock in the region studied. With the results of this research the number of known toxic plant for ruminants in central region of Rondônia increased from one to nine, indicating that more research is necessary for the knowledge of poisonous plants for livestock in the Brazilian Amazonic region.
Foi realizado um levantamento em 12 municípios da região central de Rondônia sobre a presença de plantas tóxicas e ocorrência de surtos de intoxicação em ruminantes e equídeos. O trabalho foi desenvolvido mediante a utilização de um questionário aplicado a médicos veterinários, agrônomos, zootecnistas e produtores rurais, com o objetivo de identificar as principais plantas tóxicas que ocorrem na região. Trinta e quatro entrevistados relataram casos de intoxicação por uma ou mais plantas comprovadamente tóxicas como: Palicourea marcgravii (12 surtos), Palicourea grandiflora e Enterolobium contortisiliquum (sete surtos cada) e Palicourea juruana, Brachiaria radicans, Brachiaria brizantha e Manihot esculenta (dois surtos cada). Em ovinos, foram relatados dois surtos de fotossensiblização por Brachiaria decumbens e um surto de mortalidade por Palicourea grandiflora. Dos 34 surtos relatados em bovinos pelos entrevistados, 374 (8,9%) animais foram afetados e 311 (7,4%) morreram, de um total de 4.192 de ambos os sexos sob risco. De um total de 250 ovinos sob risco, três surtos de intoxicação por plantas foram relatados e afetaram 28 animais, dos quais 20 morreram. Amorimia sp., previamente desconhecida como tóxica, foi identificada como causa de morte súbita em 32% das propriedades. Quinze surtos de cólica em equídeos que pastavam cultivares de Panicum maximum ('Massai', 'Tanzânia' e 'Mombaça') durante o período das chuvas foram, também, observados. Os resultados do presente trabalho demonstram a importância significativa das intoxicações por plantas como causa de perdas econômicas para a pecuária da região central do Estado de Rondônia. Com a realização deste trabalho, o número de plantas tóxicas para ruminantes com a confirmação de ocorrência de surtos com mortalidade na região passou de um para nove, o que confirma que um trabalho sistemático de investigação é necessário para o conhecimento da importância das intoxicações por plantas na região Norte do Brasil.
Resumo
As plantas cardiotóxicas afetam o coração e resultam em alterações patológicas de acordo com o quadro clínico apresentado. Essas plantas podem ser divididas em grupos que causam intoxicação com evolução superaguda (morte súbita sem lesão macroscópica significativa), subaguda à crônica (que cursam em insuficiência cardíaca crônica) ou plantas que contêm glicosídeos cardiotóxicos. No Brasil, integram a essas plantas os gêneros Palicourea, Amorimia, Psychotria, Niedenzuella, Fridericia, Tanaecium, Nerium e Kalanchoe. Destas, algumas foram notificadas ou suspeitas de conter o monofluoroacetato (MFA) como princípio tóxico. Esta dissertação está dividida em dois artigos: o primeiro, que objetiva atualizar sobre as principais plantas cardiotóxicas em ruminantes no Brasil, descrevendo seus aspectos epidemiológicos (considerando as alterações botânicas atuais), clínicos, patológicos, formas de diagnóstico, controle e métodos profiláticos, como a transfaunação com isolamento de bactérias que degradam MFA, aversão alimentar ou uso de acetamida; o segundo artigo tem por objetivo descrever os aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos de um surto de intoxicação por Kalanchoe blossfeldiana em bovinos da região semiárida de Pernambuco. Para isso, foi investigada uma propriedade no município de Bezerros, onde foram inspecionadas as áreas de pastagem do gado, analisando a sintomatologia de 17 bovinos, consistindo em taquipneia, taquicardia, atonia ruminal e diarreia hemorrágica. Dois bovinos foram necropsiados, obtendose como achados de necropsia, hemorragias petequiais e equimoses nas aurículas, epicárdio e músculos papilares e áreas com congestão severa e hemorragias petequiais na camada serosa do intestino delgado, por vezes, contendo coágulos e, na histopatologia, observou-se que nas áreas de sangramento cardíaco houve infiltrado inflamatório e necrose da coagulação das fibras musculares. Na submucosa do intestino delgado houve edema, infiltração de células mononucleares e macrófagos contendo pigmento castanho; na mucosa houve hemorragia, redução da altura das vilosidades e necrose do epitélio. A condição determinante para a ocorrência da intoxicação nesse rebanho foi a escassez de alimento e o manejo inadequado na poda das plantas, baseando o caso no histórico de consumo da planta, na epidemiologia, sinais clínicos e lesões encontradas, consistentes com os glicosídeos cardiotóxicos que a planta possui. Embora a intoxicação do gado por essa planta não seja comum, a sua ampla distribuição no Brasil, como planta ornamental, predispõe o surgimento de casos de intoxicação.
Cardiotoxic plants affect the heart and result in pathological changes according to the clinical sign presented. This group can be divided into intoxication with superacute evolution (sudden death without significant macroscopic lesion), subacute to chronic (which occur in chronic heart failure) or plants that contain cardiotoxic glycosides. In Brazil, include the genus Palicourea sp., Amorimia sp., Psychotria sp., Niedenzuella sp., Fridericia sp., Tanaecium sp., Nerium sp. and Kalanchoe sp. Some of those were been notified or has been suspected to contain monofluoroacetate (MFA) as a toxic principle. This dissertation is divided in two articles: the first one that aims to update on the main cardiotoxic plants in ruminants in Brazil, describing its epidemiological aspects (considering the botanic change of the genus prior referred as Mascagnia to Amorimia and Arrabidaea to Fridericia), clinical, pathological, diagnostical forms, control and prophylactic methods, such as the transfaunation with bactéria isolation that degrades MFA, food aversion or the use of acetamide; the second objectifies to describle the epidemiological, clinical and pathological aspects of a intoxication outbreak by Kalanchoe blossfeldiana in bovines from the semiarid region of Pernambuco State in Brazil. So, there has been an investigation in a property in the city of Bezerros, where they where inspected the cattle pasture, analyzing the symptomatology of 17 bovines Consisting in tachypnea, tachycardia, rumen atony and haemorrhagic diarrhea. From two bovine subjects necropsies there was found petechial haemorrhages and ecchymoses in the atria, epicardium and papillary muscles and areas with severe congestion and petechial haemorrhages in the serous layer of the small intestine, sometimes containing clots and, in the histopathology was observed that in areas of cardiac bleeding there was inflammatory infiltrate and necrosis of coagulation of muscle fibers. In the submucosa of the small intestine there was edema, infiltration of mononuclear cells and macrophages containing brown pigment; In the mucosa there was hemorrhage, reduction of villus height and necrosis of the epithelium. The determinant condiction to the intoxication occurrence in this flock was the food shortage and wrong handling of plant pruning, basing the case in history of the plant consuption, in the Epidemiology, clinical signs and lesions found, consistent with the cardiotoxic glycosides that the plant possesses. Although the intoxication of cattle by this plant is not common, its wide distribution in Brazil as an ornamental plant predisposes the emergence of intoxication cases.
Resumo
Foi realizado um levantamento dos surtos de intoxicações por plantas em ruminantes e equinos diagnosticados no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, Paraíba, no período de 2000-2007. Em bovinos 7,4% dos diagnósticos realizados pelo LPV foram intoxicações por plantas. Foram diagnosticadas intoxicações por Centhraterum brachylepis (um surto), Brachiaria spp. (um surto), Crotalaria retusa (dois surtos), Ipomoea batatas (um surto), Marsdenia sp. (um surto), gramíneas contendo nitratos e nitritos (um surto por Echinochloa polystachya e dois surtos por Pennisetum purpureum), Palicourea aeneofusca (um surto), Prosopis juliflora (três surtos), Nerium oleander (um surto) e Mimosa tenuiflora (sete surtos). Na espécie ovina 13% dos diagnósticos foram intoxicações por plantas. Os surtos foram causados por Ipomoea asarifolia (quatro surtos), Brachiaria spp. (três surtos), Crotalaria retusa (dois surtos), Tephrosia cinerea (dois surtos), Panicum dichotomiflorum (um surto), Mascagnia rigida (um surto) e malformações associadas à ingestão de Mimosa tenuiflora (20 surtos). Nos caprinos, 6,4% dos diagnósticos corresponderam à intoxicação por plantas. Sete surtos foram causados por Mimosa tenuiflora, um por Ipomoea asarifolia, um por Ipomoea carnea, um por Ipomoea riedelli, três por Prosopis juliflora, um por Arrabidaea corallina, dois por Aspidosperma pyrifolium, dois por Turbina cordata e um por Opuntia ficus-indica. Na espécie equina 14% das doenças diagnosticadas foram devidas a intoxicações por plantas, sendo 12 surtos por Crotalaria retusa e um por Turbina cordata. As perdas na Paraíba por plantas tóxicas são estimadas em 3.895 bovinos, 8.374 ovinos, 6.390 caprinos e 366 equinos, que representam uma perda econômica anual, por morte de animais, de R$ 2.733.097,00.(AU)
This paper reports plant poisonings in ruminants and horses, diagnosed between 2000 and 2007, in the Veterinary Pathology Laboratory at the Federal University of Campina Grande, in the city of Patos, state of Paraíba. In cattle, 7.4% of the diseases diagnosed were caused by poisonous plants. Outbreaks were caused by Centhraterum brachylepis (1), Brachiaria spp. (1), Crotalaria retusa (2), Ipomoea batatas (1), Marsdenia sp. (1), grass containing nitrites (3 outbreaks, 1 by Echinochloa polystachya and 2 by Pennisetum purpureum), Palicourea aeneofusca (1), Prosopis juliflora (3), Nerium oleander (1), and Mimosa tenuiflora (7). In sheep, 13% of the diseases diagnosed were caused by toxic plants. Four outbreaks were caused by Ipomoea asarifolia, 3 by Brachiaria spp., 2 by Crotalaria retusa, 2 by Tephrosia cinerea, 1 by Panicum dichotomiflorum, 1 by Mascagnia rigida, and 20 by Mimosa tenuiflora. In goats, 6.4% of the diseases were caused by toxic plants. Seven outbreaks were caused by Mimosa tenuiflora, 1 by Ipomoea asarifolia, 1 by Ipomoea carnea, 1 by Ipomoea riedelli, 3 by Prosopis juliflora, 1 by Arrabidaea corallina, 2 by Aspidosperma pyrifolium, and 2 by Turbina cordata. In horses, 14% of the diagnosed diseases were due to plants poisonings including 12 outbreaks caused by Crotalaria retusa and one by Turbina cordata. Annual losses in the state of Paraíba by deaths of livestock are estimated in 3,895 cattle, 8,374 sheep, 6,390 goats, and 366 horses, which represent about US$ 1,380,000. Epidemiologic, clinical and pathologic aspects of poisonings by Crotalaria retusa in cattle, Brachiaria spp. in sheep, Prosopis juliflora in cattle and goats, Nerium oleander in cattle, Opuntia ficus-indica in goats, and Turbina cordata in horses and goats are reported.(AU)
Assuntos
Animais , Bovinos , Intoxicação por Plantas/diagnóstico , Intoxicação por Plantas/epidemiologia , Intoxicação por Plantas/veterinária , Intoxicação por Plantas/economia , Plantas Tóxicas , Brasil/epidemiologia , Bovinos , Ovinos , EquidaeResumo
Foi realizado um levantamento das intoxicações por plantas em 20 municípios do Sertão Paraibano, onde foram entrevistados 50 produtores e 11 médicos veterinários. De acordo com o levantamento realizado, Ipomoea asarifolia e Mascagnia rigida são as intoxicações mais importantes. Indigofera suffruticosa, as plantas cianogênicas (Sorghum vulgare, Piptadenia macrocarpa e Manihot spp.), Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium e Crotalaria retusa são plantas importantes como causa de intoxicações na região. Os entrevistados relataram casos esporádicos de intoxicação por Ricinus communis, Enterolobium contortisiliquum, Prosopis juliflorae Brachiaria decumbens. Ziziphus joazeiro, Passiflora sp., Caesalpina ferrea e Crescentia cujete foram mencionadas como causa de abortos em ruminantes. Frutos de Crescentia cujete foram administrados a duas cabras prenhes causando mortalidade perinatal e abortos. As cascas de feijão (Phaseolus vulgaris e Vigna unguiculata) e as folhas de Licania rigida (oiticica) são associadas à sobrecarga ruminal em bovinos. As frutas de Mangifera indica (manga)e Anacardium occidentale (cajú) são responsabilizadas por causarem intoxicação etílica. Dalechampia sp. e Croton sp. foram citadas pelos entrevistados como possíveis plantas tóxicas, que ainda não tiveram sua toxicidade comprovada.(AU)
A survey of plant poisoning in ruminants and equidae was conducted in 20 municipalities of the semiarid region of the Sertão Paraibano. Fifty farmers and 11 veterinary practitioners were interviewed. Ipomoea asarifolia and Mascagnia rigida are the most important poisonous plants in the region. Indigofera suffruticosa, the cianogenic plants (Sorghum vulgare, Piptadenia macrocarpa, and Manihot spp.), Mimosa tenuiflora, Aspidosperma pyrifolium and Crotalaria retusa cause also important intoxications in the area. Sporadic outbreaks of poisonings by Ricinus communis, Enterolobium contortisiliquum, Prosopis juliflora and Brachiaria decumbens were also mentioned. Some farmers mentioned that Ziziphus joazeiro, Passiflora foetida, Caesalpina ferrea and Crescentia cujete cause abortion. The fruits of Crescentia cujete were administered to two pregnant goats causing perinatal mortality and abortion. The peels of the beans Phaseolus vulgaris and Vigna unguiculata, and the leaves of Licania rigida are associated with ruminal impactation in cattle. The fruits of Mangifera indica (mango) and Anacardium occidentale (cashew) are associated with ethanol poisoning in cattle. Dalechampia sp. and Croton sp. were also mentioned as possible toxic plants in the region.(AU)
Assuntos
Animais , Intoxicação por Plantas/epidemiologia , Intoxicação por Plantas/veterinária , Plantas Tóxicas/intoxicação , Ruminantes/imunologia , Equidae/imunologia , Plantas Tóxicas/efeitos adversosResumo
Para determinar a ocorrência de diferentes intoxicações por plantas na região do Seridó Ocidental e Oriental do Rio Grande do Norte foram entrevistadas 82 pessoas, entre produtores e técnicos em 17 municípios. De acordo com esse inquérito as duas intoxicações mais importantes são as por Ipomoea asarifolia, que causa sinais nervosos em ovinos, caprinos e bovinos, e por Aspidosperma pyrifolium que, segundo os entrevistados, causaria abortos em caprinos, ovinos e bovinos. O efeito abortivo desta última planta foi comprovado em caprinos, mas não em bovinos e ovinos. Alguns entrevistados mencionaram, também, a intoxicação por A. pyrifolium como causa de sinais nervosos em bovinos e eqüídeos, o que ainda não foi comprovado. Intoxicações por plantas cianogênicas, incluindo Manihot spp, Anadenanthera colubrina var. cebil (=Piptadenia macrocarpa), Sorghum bicolor e Sorghum halepense são importantes na região. São importantes, também, as intoxicações por Prosopis juliflora em bovinos e, com menor freqüência, em caprinos, por Crotalaria retusa em eqüinos, ovinos e bovinos e por Mascagnia rigida em bovinos. As intoxicações por Brachiaria decumbens e Enterolobium contortisiliquum ocorrem esporadicamente. Outras intoxicações menos importantes são as causadas por Indigofera suffruticosa, Ipomoea carnea e Ricinus communis. Diversos produtores descreveram a intoxicação por Marsdenia sp afetando ovinos e bovinos, além de um surto em suínos que foram alimentados com as raízes da planta. Foi demonstrado que tanto as raízes da planta quanto as folhas são tóxicas para ruminantes, causando sinais nervosos, mas sem lesões histológicas. Outra intoxicação relatada pelos produtores e comprovada experimentalmente foi a causada por Tephrosia cinerea em ovinos, que causa um quadro clínico de ascite, com lesões de fibrose hepática. Seis produtores descreveram a intoxicação por Nerium oleander, sempre em bovinos que tiveram acesso à planta após esta ter sido cortada e misturada ou não com ...(AU)
To determine the occurrence of plant poisoning in the Western and Eastern Seridó regions of the state of Rio Grande do Norte, 82 persons including farmers, agronomists and veterinarians were interviewed. The two more important toxic plants are Ipomoea asarifolia, which causes nervous signs in sheep, goats and cattle, and Aspidosperma pyrifolium, leading to abortion in goats, sheep and cattle. The abortive properties of this plant had been demonstrated experimentally in goats, but not in sheep and cattle. Some farmers mentioned the poisoning by A. pyrifolium as a cause of nervous signs in equidae and cattle. Poisoning by cyanogenic plants including Manihot spp, Anadenanthera colubrina var. cebil (=Piptadenia macrocarpa), Sorghum bicolor and Sorghum halepense are important in the region. Important is also poisoning by Prosopis juliflora in cattle and with less frequency in goats, poisoning by Crotalaria retusa in horses, sheep and cattle, and by Mascagnia rigida in cattle. Poisoning by Brachiaria decumbens and Enterolobium contortisiliquum is sporadic. Other less important toxic plants in the region are Indigofera suffruticosa, Ipomoea carnea, and Ricinus communis. Some farmers reported poisoning by Marsdenia sp affecting sheep and cattle, and also a group of swine fed with the roots of the plant; the leaves and the roots are experimentally toxic to ruminants causing nervous signs, without histologic lesions. Another poisoning demonstrated experimentally is caused by Tephrosia cinerea and results in ascitis with hepatic fibrosis in sheep...(AU)
Assuntos
Animais , Plantas Tóxicas/efeitos adversos , Plantas Tóxicas/toxicidade , Ipomoea/toxicidade , Aspidosperma/toxicidade , Manihot/toxicidade , Intoxicação por Plantas/epidemiologia , Intoxicação por Plantas/mortalidade , Intoxicação por Plantas/veterinária , Ruminantes , BovinosResumo
In the coastal areas of the State of Santa Catarina occurs a disease in cattle characterized by "sudden death". The disease was reproduced in bovines by oral administration of Mascagnia sp. Single doses of 5 g/kg of the fresch leaves of Mascagnia sp caused non-lethal poisoning; single doses of 7,5 g/kg caused lethal poisoning in one of two bovines and doses of 10 g/kg death in two others. In the experiments clinical manifestations were observed when the animals were exercised. They consisted in weakness, swollen jugular vein, slight muscular tremors and sometimes sudden contractions; tachycardia, already observed before the exercise, became more intense. At the end the animals suddenly laid down or fell on their side. The course of poisoning in those two animals which were followed up till death, was 40 and 75 minutes. The highest doses given (15 and 20 g/kg) caused a protratecd course; the animals got slow and apathic, avoiding any movements. They were found dead, 7h45min and 21 hours after the first clinical signs. These two last experiments show the importance of exercise regarding the onset of symptoms and the occurrence of "sudden death". The main post-mortem findings were intense red discoloration of the mucosa of the small intestine and oedema of the gallbladder wall. The main histological alteration was hydropic vacuolar degeneration of the tubular epithelium of the kidney in three of the five bovines which died.
No Litoral de Santa Catarina vem ocorrendo uma doença de bovinos caracterizada por "morte súbita". Para esclarecer a etiologia, foram conduzidos experimentos em bovinos nos quais se reproduziu a enfermidade pela administração oral de Mascagnia sp. Doses únicas de 5 g/kg das folhas frescas de Mascagnia sp causaram intoxicação não letal. Doses únicas de 7,5 g/kg causaram intoxicação letal em um de dois bovinos e dose de 10 g/kg a morte de outros dois. Nessas dosagens de 5 a 10 g/kg as manifestações clínicas eram observadas quando os animais eram movimentados, e consistiram em cansaço, jugular ingurgitada, leves tremores musculares e às vezes contrações bruscas; taquicardia já notada antes do exercício se acentuava. Finalmente os animais se deitavam ou caíram subitamente. A evolução da intoxicação nos dois animais em que foi acompanhada até a morte, foi de 40 e 75 minutos. As mais altas doses administradas (15 e 20 g/kg) provocaram um quadro de intoxicação protraída; os animais se mostraram lerdos e apáticos, evitando quaisquer movimentos; foram encontrados mortos 7h45min e 21 horas após terem sido observados os primeiros sinais clínicos. Esses dois últimos experimentos mostram que a movimentação é um fator importante para a manifestação da "morte súbita". Os principais achados de necropsia foram coloração vermelha intensa da mucosa do intestino delgado e edema da parede da vesícula biliar. As mais importantes alterações histológicas foram degeneração hidrópico-vacuolar do epitélio tubular renal em três dos cinco bovinos que morreram.
Resumo
Freshly dried and ground young leaves or sprouts and mature leaves of Mascagnia sp, a creeping shrub of the Malpighiaceae family from Santa Catarina, known to be toxic to cattle, were suspended in water and given by gastric tube to adult rabbits. The rabbits showed first symptoms of poisoning between 3 hours and 24h49min after the beginning of feeding. The course of poisoning varied from 1 to 4 minutes. Symptoms consisted of generally violent incoordinated movements, followed by animals falling on their side, with dyspnea, slowing respiratory movements, a few final shrieks and death. The post-mortem findings were only hepatic congestion and splenomegaly. The lobulation of the liver was distinct; sometimes the centres of the lobules were lighter in color. Histopathology revealed regressive and circulatory alterations in the liver, kidneys and spleen. The lethal dose of the plant was very variable. The experiments did not allow to conclude if origin, growth stage or time of harvest influence its toxicity. The ground plant, kept in well closed recipients at room temperature for a year, was shown to have lost variable amounts of toxicity.
As folhas novas ou a brotação e as folhas maduras de Mascagnia sp, arbusto escandente da família Malpighiaceae, procedente de Santa Catarina, planta comprovadamente tóxica a bovinos, foram administradas sob forma de pó suspenso em água por sonda gástrica, até poucas semanas após a sua colheita, a 45 coelhos adultos. A planta colhida em três municípios do Estado de Santa Catarina, dessecada na sombra a temperatura ambiente, demonstrou possuir toxidez também para essa espécie animal. Porém a sua toxidez para coelhos foi muito variável. Os experimentos realizados não permitem concluir que a procedência da planta, o seu estado de evolução ou a época do ano da colheita, sejam fatores que influenciam a sua toxidez. Já em relação ao quadro clínico, os achados de necropsia e histopatológicos, a planta teve um comportamento muito constante. Os coelhos mostraram os primeiros sintomas de intoxicação entre 3 horas e 24h49min após o começo da administração da planta. A evolução do quadro clínico foi de 1 a 4 minutos. Os sintomas consistiram sempre em que o animal subitamente começava a fazer movimentos desordenados, geralmente violentos; finalmente ficava caído, tinha respiração dispnéica com movimentos respiratórios cada vez mais espaçados, dava alguns gritos e logo morria. Os achados de necropsia se resumiram em congestão hepática e esplenomegalia; o fígado ao corte tinha a lobulação nítida, às vezes com o centro dos lóbulos mais claro. Os exames histopatológicos revelaram alterações regressivas e circulatórias no fígado, rim e baço. A planta moída guardada em vidros hermeticamente fechados com tampa plástica e à temperatura ambiente, submetida a experimentos em outros 22 coelhos 1 ano ou mais após sua colheita, demonstrou ter perdido variavelmente em toxidez.
Resumo
O objetivo deste trabalho foi descrever o isolamento de bactérias que degradam monofluoroacetato de sódio (MFA) em amostras de solo, plantas e de rúmen caprino, bem como, realizar uma análise comparativa de sequências enzimáticas, utilizando como critério de seleção a conservação da tríade catalítica, sítio ativo e motivos estruturais da fluoroacetato dehalogenase. As amostras de solo e plantas foram coletadas em áreas de ocorrência de Mascagnia rigida e Palicourea aenofusca, que contêm MFA e as de animais foi coletado líquido ruminal via fístula de caprinos adultos, machos, mestiços, com fistula ruminal, alimentados com feno e pastagem nativa. As amostras foram cultivadas em aerobiose no meio mineral acrescido de 20 mmol L?1 de monofluoroacetato de sódio. Através do sequenciamento do gene 16S rRNA foram isolados sete bactérias de amostras de solo e plantas, identificados como Paenibacillus sp. (ECPB01), Burkholderia sp. (ECPB02), Cupriavidus sp. (ECPB03), Staphylococcus sp. (ECPB04), Ancylobacter sp. (ECPB05), Ralstonia sp. (ECPB06), e Stenotrophomonas sp. (ECPB07). Das amostras de rúmen caprino foram identificados Pigmentiphaga kullae (ECPB08) e Ancylobacter dichloromethanicus (ECPB09). Todos os isolados degradaram o MFA contido no meio, alcançando uma taxa de degradação de 20 mmol L?1 de íon flúor, após 32 horas de incubação em meio Mineral. Na análise comparativa das sequências enzimáticas, de um total de 549 sequências proteicas obtidas do NCBI, 128 continham a tríade catalítica, o sítio ativo e motivo estrutural encontrados na fluoroacetato dehalogenase de Burkholderia sp. (gi|95102016), Micromonospora lupini str. lupac 08 (gi|386690726), Rhodopseudomonas palustris (gi|81829712) e Moraxella sp. (gi|216773), sugerindo que todas são fluoroacetato dehalogenase, pela presença do mecanismo catalítico e estrutural único para defluoração do monofluoroacetato de sódio. No futuro, alguns destes microorganismos podem ser utilizados para estabelecer no rúmen uma população bacteriana capaz de degradar o MFA e proteger ruminantes de intoxicações por este composto
Resumo
Para determinar a ocorrência de diferentes intoxicações por plantas na região do Seridó Ocidental e Oriental do Rio Grande do Norte foram entrevistadas 82 pessoas, entre produtores e técnicos em 17 municípios. De acordo com esse inquérito as duas intoxicações mais importantes são as por Ipomoea asarifolia, que causa sinais nervosos em ovinos, caprinos e bovinos, e por Aspidosperma pyrifolium que, segundo os entrevistados, causaria abortos em caprinos, ovinos e bovinos. O efeito abortivo desta última planta foi comprovado em caprinos, mas não em bovinos e ovinos. Alguns entrevistados mencionaram, também, a intoxicação por A. pyrifolium como causa de sinais nervosos em bovinos e eqüídeos, o que ainda não foi comprovado. Intoxicações por plantas cianogênicas, incluindo Manihot spp, Anadenanthera colubrina var. cebil (=Piptadenia macrocarpa), Sorghum bicolor e Sorghum halepense são importantes na região. São importantes, também, as intoxicações por Prosopis juliflora em bovinos e, com menor freqüência, em caprinos, por Crotalaria retusa em eqüinos, ovinos e bovinos e por Mascagnia rigida em bovinos. As intoxicações por Brachiaria decumbens e Enterolobium contortisiliquum ocorrem esporadicamente. Outras intoxicações menos importantes são as causadas por Indigofera suffruticosa, Ipomoea carnea e Ricinus communis. Diversos produtores descreveram a intoxicação por Marsdenia sp afetando ovinos e bovinos, além de um surto em suínos que foram alimentados com as raízes da planta. Foi demonstrado que tanto as raízes da planta quanto as folhas são tóxicas para ruminantes, causando sinais nervosos, mas sem lesões histológicas. Outra intoxicação relatada pelos produtores e comprovada experimentalmente foi a causada por Tephrosia cinerea em ovinos, que causa um quadro clínico de ascite, com lesões de fibrose hepática. Seis produtores descreveram a intoxicação por Nerium oleander, sempre em bovinos que tiveram acesso à planta após esta ter sido cortada e misturada ou não com outras plantas. Os produtores mencionaram, também, as intoxicações por diversas plantas cuja toxicidade em forma espontânea não está comprovada, incluindo Paullinia sp, Passiflora sp, Dalechampia sp, Portulaca oleracea, Luffa acutangula, Cereus sp, Leersia hexandra e Stemodia maritima. Echinochloa polystachya e Pennisetum purpureum, que podem causar intoxicação por nitratos e nitritos, foram mencionadas por alguns produtores com causa de morte em bovinos. Um produtor descreveu um surto de intoxicação em bovinos e caprinos por Dieffenbachia picta que tinha sido cortada e colocada ao alcance dos animais